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Working with Japanese (not me) (Samurai; F90)
21/05/2018 - Por flavio shuiti inoueAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
Nestes últimos dias circulou a noticia de que uma grande trading japonesa está deixando o Brasil, de saída do negócio de grãos local.
Achei curioso, pois existem muitas empresas chegando, inclusive japonesas, daí pensei em fazer alguns comentários sobre minhas experiências com empresas e homens de negócios japoneses.
Tive a oportunidade de estudar no Japão quando muito jovem, e durante os anos 2000 estive muitas vezes no Japão me relacionando com empresas do setor de alimentos - setor considerado conservador inclusive pelos locais.
Os japoneses tem um conjunto de hábitos culturais - existem muitos artigos e livros que tratam sobre isso. Na minha opinião um dos principais pontos de choque entre a nossa cultura latina (eu latino, isso mesmo) e a deles é a precisão, ou falta dela.
Um homem de negócios japonês irá lhe fazer 20 diferentes perguntas esperando a mesma exata resposta (uma espécie de cross check), nos brasileiros damos 32 resposta para a mesma pergunta (chamamos de flexibilidade e adaptabilidade). Isso simplesmente os deixa loucos, levanta dúvidas, confusão e principalmente abala a confiança na relação. Por isso a decisão deles sempre leva uma eternidade localmente, não é lentidão - é confusão mesmo.
Os japoneses são ensinados a levar uma eternidade cautelosa para tomar uma decisão para sempre. Nós (latinos) tomamos e mudamos várias decisões para chegar lá - sim o nosso ambiente é muito mais volátil, mas algumas vezes existe exagero e despreparo no dito "jeitinho brasileiro" - os dois "jeitos" obtém resultados - mas o nosso deixa eles simplesmente loucos.
Existe razão nas duas formas, mas a diferença na forma de trabalho das duas é gigantesca, e várias pontes tem que ser criadas, construídas e mantidas. É uma tarefa hercúlea e demanda muito do emocional dos dois lados (meu lado latino), imagina mexer no emocional de um asiático então... - mas pode sim funcionar muito bem gerando ótimos resultados duradouros. Acho que as duas culturas que trabalham na Honda e a Toyota aprenderam isso ao longo dos mais de 50 anos de presença local.
A nossa versatilidade com a precisão e comprometimento a longo prazo dos japoneses (asiáticos) pode gerar negócios extremamente interessantes de longo prazo, para os dois.
O sucesso ou fracasso nunca pode ser creditado somente a um fator - porém construir pontes culturais são fundamentais em qualquer lugar, mesmo dentro do próprio pais ou na própria vida privada.
E viva a diferença e a compreensão.
Flavio Shuiti Inoue (Samurai; F90) Eng. Agr., CEO da Insolo, Ex Morador da República Gato Preto.