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Você conhece a Academia do Leite? (Uruk; F05)

13/09/2017 - Por marina de arruda camargo danes
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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No início de setembro conheci um projeto tão incrível que não poderia deixar de compartilhar com a comunidade do leite. Talvez muitos de vocês já conheçam e eu que estava atrasada, mas para os que ainda não tiveram esse privilégio, vou contar um pouco do que se trata. A Academia do Leite é uma escola mantida pela Fundação Rogê em Delfim Moreira, MG, que combina ensino médio com ensino técnico. Até aí sem grandes novidades, já que temos várias outras escolas que fazem isso pelo Brasil. Mas a Academia do Leite é diferente em muitas maneiras.

Primeiro, o ensino técnico é voltado especificamente para a bovinocultura leiteira, com disciplinas como Cria e Recria, Reprodução, Forragicultura, Qualidade do Leite, entre outras. Segundo, a produção leiteira não é abordada somente com enfoque técnico, mas também gerencial. Inclusive uma das disciplinas que a escola oferece no ensino técnico é uma adaptação do Programa de Formação MDA da Clínica do Leite, que ensina ferramentas de gestão adaptadas à pecuária leiteira, com foco nos resultados das fazendas. Terceiro e, em minha opinião, mais importante, o plano pedagógico é inovador e cuidadosamente pensado para formar pessoas, não apenas técnicos. O programa combina metodologias de ensino diversificadas para atender diferentes estilos de aprendizado e promove atividades que desenvolvem competências humanas, como comunicação, trabalho em grupo e inteligência emocional. Isso é extremamente importante já que as habilidades técnicas são importantes nas contratações profissionais, mas são as habilidades emocionais (ou a falta delas) que fazem com que as pessoas sejam demitidas. O corpo docente do ensino técnico (que geralmente não tem formação pedagógica) recebe treinamentos sobre metodologias de ensino, atividades didáticas, sistemas de avaliação, tudo para que todos estejam em sintonia com o plano pedagógico do curso.

Na Academia do Leite os alunos têm aula em período integral. De segunda a quarta estudam as disciplinas do ensino médio e de quinta e sexta as do ensino técnico. No entanto, até mesmo os professores do ensino médio contextualizam os conteúdos à realidade da produção leiteira. Para isso, alguns professores do médio assistiram às aulas do técnico para ficarem por dentro dos assuntos. As aulas práticas do ensino técnico são em diversas fazendas parceiras, dessa forma os alunos têm oportunidade de conhecer muitas realidades diferentes para aplicarem seus conhecimentos. Além das aulas, os alunos têm acompanhamento psicológico constante (em horários específicos dedicados à tutoria), já que muitos vêm de outras cidades e deixam as casas dos pais bem novos. Arte e cultura também são estimuladas em projetos de teatro, música e artesanato. Projetos como esses desenvolvem outra competência humana essencial para solução de problemas, a criatividade.

Falando em projetos, essa é outra inovação na Academia do Leite. Os alunos trabalham em dois projetos todos os semestres, um para o ensino médio e um para o ensino técnico. Esses projetos são feitos em grupos formados por alunos de todas as séries misturadas. É uma oportunidade de integração e aprendizado que normalmente não é explorada, já que os alunos costumam sempre trabalhar dentro das suas séries. Os projetos geralmente geram produtos que são apresentados a toda escola, exigindo um trabalho organizado, liderança e bastante esforço.

Apesar de todas essas inovações promovidas pela Academia do Leite, o que mais me chamou a atenção foi algo que notei em todos os educadores e alunos que encontrei durante a minha visita. O brilho nos olhos! É nítida em toda a equipe a paixão por esse projeto e o orgulho de fazer parte dele. Os alunos se sentem em casa e tratam os visitantes como se estivessem recebendo visita em casa. A coerência nas atitudes de todos, educadores e alunos, deixa claro que a visão da Academia do Leite é muito clara e sua missão compartilhada por uma equipe maravilhosa. O comprometimento dos educadores é correspondido pela dedicação dos alunos. A energia do ambiente é simplesmente fantástica. Vale também mencionar que os alunos não têm permissão para usar o celular dentro da escola, o que faz com que eles ocupem o tempo livre com interações humanas, seja jogando ping-pong, empinando pipa, ou conversando com os colegas e educadores.

Tive também o prazer de conhecer um dos fundadores da Fundação Rogê e da Academia do Leite, Sr. Getúlio. A clareza da visão da escola que se espalha por toda a equipe é enraizada no sonho que o levou, junto com o Sr. Rogério, o outro fundador, a construir esse projeto. Um sonho que os conduziu a chamarem para si a responsabilidade de mudar uma realidade e construir um futuro melhor. Os ex-alunos que estavam presentes no evento demonstravam profunda gratidão à escola, aos educadores e fundadores. Foi uma visita de muito aprendizado e, principalmente, muita esperança e otimismo. Resolvi escrever este texto para que mais gente sinta essa esperança e otimismo; para que tenham a certeza de que a educação está trabalhando para que tenhamos um futuro melhor que nosso passado. Se você é produtor de leite e algum dia precisar de um técnico, entre em contato com a Academia do Leite e conheça seus egressos! Se você é apaixonado pelo leite, conheça o projeto. Além do website (http://www.fundacaoroge.org.br/academia-do-leite), a página do Facebook da escola (procurar por Fundação Rogê) é atualizada constantemente com material técnico, vídeo de aulas e projetos, e novidades. 

A Marina (Uruk; F05) é Professora em Lavras, Pós Graduada em Nutrição Animal e Pastagens e ex moradora da República BAO

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