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"Terra, água e logística transformam em realidade o potencial do Tocantins"
12/10/2016 - Por evandro henke fortesAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
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cialis cena v lekarneSituado no interflúvio dos rios Araguaia e Tocantins, o
cerrado é a vegetação predominante no estado do Tocantins, que tem temperatura
média do ar em torno de 25º a 27ºC (são mais elevadas no norte do estado). As
precipitações, concentradas de setembro a maio, superam a média de 1.300 mm/ano
em quase a totalidade de seu território. O relevo é favorável à mecanização agrícola,
com extensas áreas com declividades até 5%. Tais características contribuíram para
a expansão da área agrícola, que passou de 972 km² em 1990 para 3.464 km² em
2007, com crescimento de 356% no período.
O mais jovem dos estados brasileiros tem mais da metade de sua superfície destinada à conservação ambiental e reservas indígenas, conforme dados da SEAGRO/TO (2015). Para a produção agropecuária foram identificados como aptos 13.852.070 ha, extensão que equivale a área produtiva do Uruguai. Entretanto, desse total, quase 5,5 milhões de hectares (19,6% da superfície do estado) ainda são inexplorados, o que revela a disponibilidade de terras agricultáveis e compõe cenário favorável à expansão do agronegócio.
Na medida em que a demanda por alimentos aumenta, a disponibilidade de áreas sem restrições ambientais para expansão agropecuária escasseia, elevando o preço das terras. No Tocantins, mesmo com custo médio de transporte terrestre inferior ao do Mato Grosso, em 2013 as terras de lavoura custavam em geral 4,5 vezes menos do que no Mato Grosso. A mesma comparação feita com Goiás indica custos ainda menores das terras no Tocantins, da ordem de 5,5 vezes. Para as terras de pastagens os estados vizinhos também apresentaram custos mais elevados, respectivamente de 2,3 e 2,8 vezes.
Pecuária de corte
Atividade tradicional e de destacada importância no cenário econômico do
estado, a pecuária de corte, com rebanho bovino superior a 8,1 milhões de
cabeças, ocupa quase 27% de sua superfície (7,5 milhões de ha) e apresenta
grande potencial. Indicadores de desempenho demonstram que é possível produzir
mais na mesma área, o que pode ser obtido através de boas práticas que permitem
uma maior concentração de bovinos por área. Estima-se que, para cada hectare de
pastagem degradada que for recuperado é possível liberar cerca de 3 hectares
para outras atividades.
Território livre da febre aftosa há 18 anos, o estado apresenta índices de vacinação superiores a 99% de imunização por campanha. Dessa forma, reúne condições adequadas para, com algum investimento e tecnologia adequada, aproveitar a estrutura existente e desenvolver a criação somente a base do pasto, o que gera produto demandado por mercados exigentes que remuneram melhor. Também há possibilidade de reduzir o efeito da sazonalidade com a ampliação do confinamento e aproveitamento da crescente produção local de grãos.
Produção de grãos
Projeção do Departamento de Agricultura dos
EUA (USDA) indica que a demanda por produtos agrícolas deve continuar a aumentar
e a perspectiva é de que o Brasil amplie sua participação no total das
exportações de soja em grão, passando de 35 para 38% do volume comercializado.
No âmbito interno, o programa brasileiro de biodiesel é uma oportunidade importante. A partir de 23/03/17 a adição de biodiesel ao óleo diesel passará de 7 para 8% (Resolução Nº 3 de 07/04/16). Na prática esse aumento de 1% implicará no consumo adicional de mais de 568 mil m3 de óleos vegetais por ano, quantidade que demandará o processamento equivalente a produção de soja de aproximadamente 900 mil hectares, extensão que é pouco superior a área total plantada com soja no Tocantins na safra 2014/15.
A exemplo da cadeia da carne bovina, o estado também apresenta especialização para o setor de exportação de soja, que teve produção de 700 mil t na safra 2005/06 e cresceu 353% até 2014/15, quando atingiu 2.476 mil t.
Junto com a soja, a produção e produtividade do milho no estado estão em ascensão, confirmando o potencial da cultura e de outros grãos, que têm exigências edafoclimáticas similares e acompanham a rotação de culturas no sistema de plantio direto.
O aumento de demanda internacional pelo milho, em especial da China, é uma oportunidade a ser observada, principalmente pela condição logística instalada, pois a Ferrovia Norte-Sul (FNS) já transporta esses grãos para o porto de Itaqui no Maranhão.
Cana-de-açúcar
Assinado em dezembro de 2015 o "Acordo de Paris" tem por objetivo manter
o aquecimento global abaixo de 2ºC, buscando limitar o aumento da temperatura a
1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Signatário do acordo, o Brasil confirmou compromisso de, com relação aos
níveis de 2005, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2015 e
em 47% até 2030. Para tanto foi proposta a ampliação da participação da
bioenergia na matriz energética, com o aumento da oferta de biocombustíveis.
Para atender a meta o Brasil deverá ampliar o consumo de etanol, passando dos atuais 28 bilhões de litros por ano para 50 bilhões de litros em 2030. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), para suprir tal demanda serão necessárias cerca de 75 novas unidades produtoras de etanol, cada uma moendo em média 3,5 milhões de toneladas de cana por ano.
Nesse segmento, o estado dispõe de uma unidade industrial em operação, logística com a FNS e 1,14 milhões de hectares classificados com aptidão média para produção de cana, segundo o "Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar" da Embrapa (2009). Na ocasião essas áreas, em sua maioria, estavam ocupadas com pastagens.
Na Região Norte, onde é o único estado com áreas aptas para o plantio de cana, em 2014 o consumo de etanol anidro e hidratado foi cerca de 3,7 vezes superior ao produzido (dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP), o que indica o potencial mercado regional.
Outras oportunidades
O crescente consumo da carne de frango e a produção
local de grãos são dois importantes fatores que podem impulsionar a produção
avícola local. A logística de contêineres refrigerados ainda não está
estabelecida através da FNS, mas poderá ser novo fator propulsor quando a
solução for implantada, beneficiando também outras cadeias, principalmente a da
carne bovina.
Não é por acaso que a sede da EMBRAPA Pesca e Aquicultura está em Palmas. Além da produção de grãos, o estado dispõe de vastos recursos hídricos para desenvolver de forma sustentável a piscicultura. Mercado consumidor não faltará. Segundo o "Panorama Agrícola OCDE-FAO" (2015), mesmo com a desvalorização projetada do real face ao dólar, as perspectivas no Brasil são de aumento de 46% no volume das importações na próxima década. Nesse cenário, falta somente a efetiva estruturação da cadeia através de, por exemplo, um grande empreendimento.
Enfim, as cadeias de valor do agronegócio referidas atuam com diversas sinergias e pontos em comum. As aglomerações setoriais já existentes propiciam ganhos econômicos com presença de fornecedores, logística, mão de obra e meio favorável ao surgimento e disseminação de inovações tecnológicas, que criam ambiente produtivo favorável ao aproveitamento de todas essas oportunidades oferecidas pelo Tocantins. Estas podem ser potencializadas pela ampliação e intensificação do uso da FNS no Estado, com pátios operando em Porto Nacional, Tupirama (granéis líquidos da Bungue) e Palmeirante, assim como pela abertura de novas opções, como a hidrovia Tocantins-Araguaia, que já conta com o porto de Praia Norte.