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Sabiá sem repertório (Estampilha F68)
07/12/2015 - Por paulo antonio petraquini grecoAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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when does cialis go genericSABIÁ SEM REPERTÓRIO
Por incrível que pareça, muitas pessoas
Não sabem que o tejo é um sabiá.
(Só sabemos nós poucos - aqueles que amamos tudo que vive e voa).
Para quem não sabe nem o que é tejo, explico:
Tejo:
Além de ser o nome de um belo rio que passa por Lisboa,
Também é o nome daquele passarinho de cor branca/parda/ferrugínea
Que fica ouvindo os outros pássaros cantarem, para imitá-los.
Isto é, vive cantando o que os outros compõem.
Porque o seu repertório é pobre.
Como mal fazem algumas pessoas, que pouco produzem, mas que gostam
De consumir a produção dos outros.
Pois bem,
O tejo que eu cito não era tão consumidor. Era mais contemplativo.
Naquela manhã de Domingo/verão, ele estava pousado na cabeça do poste.
Ensaiava o primeiro plágio, mas ainda não havia canto para copiar.
Olhava no entorno - contemplava.
E via tudo o que se passava:
- Bairro pobre, muito pobre, onde muito se trabalha.
- E onde um padre quase albino luta e é pouco compreendido.
(Alguém disse que é a Índia da nossa BELÍNDIA).
- Mulher - ainda jovem - bonita, negra, boa esposa, boa mãe, boa avó
- Sorrindo com muitos dentes alvos.
- Filhos e netos brincando com o cachorro nobre ganhado.
- Agrônomo falando para todos comerem soja porque é barata e ainda não faz muito mal.
- Médico dizendo por que e o que melhor comer.
- Nutricionista/higienista mostrando como limpar e comer.
- Padre rezando, cantando e fazendo seguir a canção.
- Mulheres brancas, negras e "marrons", cozinhando soja, limpando narizes petizes e entoando canções de lamento e de exaltação.
- Crianças subnutridas, com aquém peso, pedindo comida.
E a mulher negra-filósofa dispondo-se a por ordem naquele pedaço de Índia (pois que pobre consciente é organizado).
Mas, e o sabiá, o que fazia?
Observava tudo!
Esperava ainda ouvir um canto novo.
Estava ansioso para praticar o primeiro plágio do dia.
Como o canto novo não veio, então virou o bico (e os olhos acompanhavam o bico) para o lado do Sumaré ( O Sumaré é a Bélgica da nossa BELÍNDIA).
E viu:
- Homens e mulheres apressados esquecendo de ser, para ganhar e ter.
- Crianças que vivem em "bolhas de segurança".
Condomínios fechados.
Escolas herméticas.
Clubes bem cuidados.
Shoppings pasteurizados.
Onde dificilmente se vê:
galinha botando ovo.
vaca dando leite.
e bicho-da-goiaba entrando na goiaba.
- Jardineiros particulares mutilando plantas para ganhar mais dinheiro e contentar mulheres preocupadas.
- Celulares e buzinas incomodando.
- E gente roubando gente em todos os espectros e órbitas.
(Há que lembrar, que na Índia ele viu gente roubando para comer).
Já no fim do dia, o tejo/sabiá/contemplador concluiu que:
- O bicho-homem é complicado.
- Precisa melhorar para dar certo.
- Tem que construir ou reconstruir o homem e o mundo.
- Tem que mudar o mundo e depois mudar o mundo mudado.
E tem que saber que TEJO também é um SABIÁ.
QUE:
- Todas as manhãs (principalmente nas primaveris) busca inocentes plágios de belos cantos.
- Observa e às vezes lastima o que acontece no seu entorno.
- Quando não está cantando ou plagiando, chafurda o brejo.
Em busca de alimentos e de soluções (a várzea tem mais soluções).
QUE NO FIM DA TARDE TEM:
- A cara cheia de barro, portanto engraçada.
- Um plágio inacabado, portanto a continuar.
-E uma mensagem de fé a ser passada - (geralmente onomatopaica).
QUE TEM AINDA:
-Grande semelhança com agrônomos/extensionistas.
- Que mais executam do que compõem.
MAS QUE:
-Repetem belos exemplos científicos ou não.
- Plantam, criam, colhem, transformam-se e nutrem.
E QUE POR NÃO SEREM DE FERRO:
- Bebem, à noite, o vinho das uvas que plantaram de dia.
Paulo Greco (Estampilha F68) Engenheiro Agrônomo ex Morador da Republica Mosteiro