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Recordações Agronômicas 1 (Trani F74)

01/06/2016 - Por paulo espíndola trani
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Nestes dias deparei-me aqui no IAC com uma última tarefa (a qual tentarei realizar com capricho) antes da almejada aposentadoria.


Assim como todos os colegas da T-ESALQ 74,  quero aposentar-me com a consciência do dever cumprido.


As idéias de como será daqui para frente são muitas, e  inúmeros conselhos não tem faltado: 

" não fique sem fazer nada, senão vem a depressão"; 

"não fique muito em Casa, senão a mulher não vai te aguentar!" 

"faça umas assessorias... Puxa! eu nem pedi ainda para aposentar e já estão me dando mais serviço!", e outros bons conselhos... 


Isso tudo levou-me  a lembrar de uma história contada pelo Klaussner BERTINI,  Eng. Agrônomo da T-ESALQ  49, amigo e colega na CATI por 12 anos e meu Padrinho de Casamento.  O Bertini sempre contava o famoso episódio do Professor PEDREIRA, da CADEIRA DE QUÍMICA da antiga "Escola Agrícola". 


Contou-me que na década de 40 dois grandes Mestres se destacavam na ESALQ: O Professor Carneiro da Matemática e o Professor Pedreira da Química, ambos famosos por terem sido extremamente dedicados ao Ensino,  e pelo rigor na avaliação dos alunos. 


O Professor Pedreira, após longos anos de dedicação intensa à ESALQ, saturou-se tanto que exigiu de seu auxiliar (e Bedel) que o avisasse da aposentadoria TÃO LOGO chegasse o Diário Oficial (D.O.) de São Paulo. Deveria avisá-lo imediatamente, onde quer que ele estivesse, na sua Casa,  no Cinema, no Clube, ou na própria ESALQ. Assim, um dia , em plena aula, o fiel Auxiliar, criou CORAGEM  e entrando na Sala/Laboratório do Prédio da "CHIMICA" (todos os alunos de testemunha!) falou: "Dr. Pedreira, desculpe-me a interrupção da aula, mas o Sr. mesmo autorizou-me: chegou o D.O. com a publicação de sua aposentadoria!" O Professor Pedreira, parou na mesma hora de escrever a frase na lousa, que ficou pela metade, deixou cair o giz e se dirigiu aos alunos: "Senhores tenham uma boa sorte e sucesso daqui para frente!" Abandonou a aula e sumiu!


... Passados alguns anos, quando foi elaborado o livro dos 100 anos da ESALQ, contou-me um dos autores, o Professor Francisco Ferraz de Toledo (o "Chico Semente") "...fomos falar com o Professor Pedreira na residência dele, se aquela história era verídica a fim de fazer parte do livro". O Professor Pedreira, velhinho, mas lúcido e sorridente, leu o que escreveram e disse: 


"Senhores está muito bom, apenas uma pequena correção: eu não deixei cair o giz, mas sim o coloquei educadamente no "pé da lousa". Agora, que eu abandonei a aula é pura verdade, pois não via a hora de chegar a bendita aposentadoria!"


Nós da turma T-ESALQ 74 também tivemos a sorte de conviver com muitos Mestres super-dedicados que chegavam ao fim da carreira extremamente esgotados e saturados.

Por falar em Mestres dedicados, amanhã tentarei contar uma histórinha acontecida em uma das primeiras provas escritas em 1971,  passadas a nós, no Curso de Zoologia Geral,  pelo Grande Professor L.G.E. LORDELLO,  tio do estimado Rubens Lordello, nosso  colega de Turma da ESALQ-74 e aposentado aqui do IAC.


Um abraço a todos!

do "quase aposentado", 


Paulo E. Trani (Trani F74) Eng. Agronomo, Graduado e Pós Graduado na ESALQ, Ex-morador da Casa do Estudante (CEU) é Pesquisador do IAC.



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