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Queda da rentabilidade do produtor de leite em 2015, e em 2016? (Scott)

16/02/2016 - Por alcides de moura torres junior
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Os custos de produção pesaram nos resultados econômicos da pecuária leiteira em 2015.

Segundo o Índice Scot Consultoria para o Custo de Produção de Leite, em 2015 o custo da atividade aumentou 5,4% em relação ao ano anterior.

Veja na figura 1 a variação mensal do Índice em 2015.

O destaque para o incremento dos custos foi para os colaboradores e insumos dolarizados (que sofrem influencia da variação cambial), como os suplementos minerais, fertilizantes e também o milho, cujos preços subiram consideravelmente devido ao aumento da exportação. 

Balanço anual da rentabilidade

A Scot Consultoria calcula todo começo de ano as rentabilidades médias das atividades agropecuárias e de outras opções de investimento de capital, referentes ao fechamento do ano anterior.

Para tanto, utilizamos modelos econômicos que levam em consideração fatores estimados pela Scot Consultoria para cada negócio agropecuário (índices técnicos, localização e estrutura produtiva), conforme o nível tecnológico em questão. 

Neste sentido, ressaltamos que os resultados apresentados podem ter significativa variação, conforme alteração dos índices produtivos. 

No caso da pecuária leiteira, os resultados econômicos foram pressionados pelo aumento do custo de produção, já citado, e pela redução da cotação do leite ao produtor.

Comparando a média de 2015 em relação a 2014, o preço do leite caiu 2,2% em valores nominais, enquanto os custos de produção subiram, em média, 5,4% segundo o Índice.

A rentabilidade média da atividade de alta tecnologia caiu de 7,9% em 2014 para 1,7% em 2015.

Já a pecuária leiteira de baixa tecnologia amargou mais um ano de prejuízo (-7,6%). Foi o pior resultado dentre as atividades agropecuárias analisadas. Só perdeu para o Ibovespa cuja queda foi de 13,3% em 2015.


Para facilitar a análise, resumimos as rentabilidades agropecuárias na tabela 1, com a comparação frente ao apurado para 2014.

Tabela 1.

Rentabilidades agropecuárias em 2014 e 2015.

Atividade

2014

2015

Comparação

Ciclo Completo - com aplicação crescente de tecnologia

8,6%

8,8%



Recria e engorda - com aplicação crescente de tecnologia

8,5%

6,2%



Arrendamento em regiões de cana

4,5%

4,5%

-

Cria - com aplicação crescente de tecnologia

2,7%

3,3%



Agricultura anual - soja e milho

2,5%

3,0%



Ciclo completo - baixa tecnologia

2,3%

2,8%



Leite alta tecnologia - 25 mil litros/ha/ano

7,9%

1,7%



Recria e engorda - baixa tecnologia

0,7%

0,4%



Produção e fornecimento de cana

-1,4%

-0,4%



Cria - baixa tecnologia

-1,1%

-1,0%



Leite - baixa tecnologia

-3,8%

-7,6%



Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br


Perspectivas para 2016 

O ano será difícil para o setor lácteo.

Além da economia ruim, que deverá continuar afetando diretamente o consumo de lácteos, principalmente dos produtos de maior valor agregado, os preços dos insumos deverão permanecer em patamares elevados, com grande influência do dólar. 

Com relação aos preços do leite e derivados, o mercado vem se firmando nos últimos meses, demonstrando uma produção mais ajustada.

Os preços ao produtor subiram nos dois últimos pagamentos e a expectativa é de que as altas sejam mais fortes daqui para frente, com a curva de produção diminuindo em importantes bacias leiteiras.

Colaborou Juliana Pila, zootecnista e analista da Scot Consultoria. 

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