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Psicologia Ambiental: uma possibilidade curricular? (Dema; F05)

06/07/2020 - Por rodrigo pazzinatto de almeida leite
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Dentre as disciplinas que estudei no curso de Psicologia, a que mais se aproximou da minha graduação em Engenharia Florestal foi a Psicologia Ambiental. Essa matéria não nasce, necessariamente, das questões voltadas à sustentabilidade e ao meio ambiente, mas se nutre dessa fonte e desenvolve-se nesse rumo.

A Psicologia Ambiental é uma especificidade dentro da Psicologia, com uma proposta que prioriza, inicialmente, os aspectos físicos. Um dos impulsos que a norteiam é que o consultório psicológico não seria suficiente para dar conta da complexidade humana. Seria importante, assim, entender quem é esse homem situado no seu ambiente: em casa, no trabalho, na comunidade, entre outros. Assim, o psicólogo ambiental atende no local onde a demanda está, diferentemente do clínico, que recebe o paciente no consultório.  

Com o passar do tempo, foi-se evoluindo para um conceito multidimensional, englobando os aspectos físicos, não físicos e sociais. Os físicos têm a ver com a arquitetura, o ambiente e os objetos que o compõe. Os não físicos dizem respeito às pessoas, suas emoções, motivações, crenças e expectativas. Já os aspectos sociais abarcam os diferentes papéis que exercemos em um determinado ambiente, e que se relacionam com a cultura, a economia e a política.

Homem e ambiente seriam, então, uma só entidade. A percepção, atitude e comportamento de uma pessoa podem estar inter-relacionados em diferentes níveis: microambiente (casa), ambientes próximos (bairro), ambientes coletivos e públicos (cidade) e o ambiente global (mundo). É interessante que a Psicologia Ambiental acaba aparecendo como um conhecimento transdisciplinar, perpassando, desde a própria Psicologia, a Arquitetura e Urbanismo, até relacionar-se com os cursos de área agrárias e ambientais, como a Engenharia Florestal, Engenharia Agronômica e Gestão Ambiental.

São vários os conceitos estudados pela Psicologia Ambiental que a tornam um campo possível para a grade curricular dos referidos cursos, como a responsabilidade socioambiental, as emoções e afetividade ambiental, a justiça ambiental, a paisagem, a territorialidade, a conscientização, o apego ao lugar, além das crenças e atitudes ambientais.

Eu escrevi um conto, que está no meu livro recém-lançado Deslaços de Família. A personagem, chamada Valentina, vive às voltas com um ambiente específico. O que será que isso faz com o jeito dela de ser? Abaixo um dos trechos do conto:

“Quase que de súbito voltara a si e olhava ao redor, perpassando as veredas que afundavam no horizonte. Mirou um pé de pequi com seus galhos tortuosos. O capim seco daquilo que chamavam de jardim lhe apontava para uma realidade árida e sem vida. Quem sabe a chuva não poderia trazer vida de volta à sua paisagem?”

A paisagem em questão molda as imagens e a concepção de mundo da personagem, com uma dimensão simbólica muito presente. Que memórias afetivas estariam se formando, a partir dessas vivências? E o espaço físico em que ela vive? Atrai ou encoraja a tomada de decisão?

Penso que tais abordagens e os conceitos da Psicologia Ambiental enriqueceriam demais nossos cursos de graduação, pois trazem a dimensão da condição humana, tão necessária para as formações técnicas. Tudo isso sem deixar de olhar para a água, o sol e a terra, que existem com própria beleza.  E as plantas? Sustêm o equilíbrio. Fica a pergunta se seria essa, então, uma possibilidade curricular.

 

Obs: Para quem se interessar pelo livro que eu citei, ele pode ser adquirido diretamente comigo pelo pagseguro (https://pag.ae/7VWW1W3ma) ou pelo site da Editora Quixote (https://www.quixote-do.com.br/produto/deslacos-de-familia/).

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CAVALCANTE, Sylvia; ELALI, Gleice A. 2011. Temas básicos em Psicologia Ambiental. Petrópolis: Vozes.

CAVALCANTE, Sylvia; ELALI, Gleice A. (Org.). 2018. Psicologia ambiental: conceitos para a leitura da relação pessoa-ambiente. Petrópolis: Editora Vozes Limitada, 269p.

PAZZINATTO, R. 2020. Deslaços de Família. Belo Horizonte: Editora Quixote-do, 107p.  

 

 

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