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Os novos imigrantes (Samurai; F90)

25/12/2017 - Por flavio shuiti inoue
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Sou filho de imigrantes, meus pais chegaram do Japão em 1960 em busca de uma terra nova, cheia de promessas, cheia de possibilidades. Porém muito desconhecida, com hábitos, costumes e um idioma muito diferente. Sofreram muito com a adaptação, com a nova realidade, com a comida. Nada foi tão rápido nem tão fácil quanto esperavam. Porém a paciência, perseverança e muito trabalho prevaleceram. A familia cresceu e hoje nos tornamos brasileiros enraizados.

Estive esta semana com o time da Insolo no Piauí, fizemos uma pequena confraternização de final de ano e a conversa com muitas famílias foi muito nostálgica e gratificante.

O Piauí e toda região agrícola está em um local de acesso ainda difícil. Conheci a região em 2008, de lá pra cá muito melhorou, mas o asfalto ainda é muito precário e nem sempre direto, quando existe asfalto. No período das chuvas muitas estradas ficam inacessíveis. O acesso para as principais regiões do país é simplesmente difícil.

Todas as cidades da região ainda sofrem com baixo desenvolvimento, tem serviços, saúde e educação muito precários. Balsas, a cidade de apoio que utilizamos, hoje conta até com cinema e 4 pistas de boliche, porém os serviços, saúde, educação e lazer ainda são muito limitados. Muito melhorou, mas tem muito para melhorar.

Nosso time conta com pessoas de todo país, literalmente. Temos gaúchos, catarinenses, paranaenses (esses ganham de longe em quantidade), paulistas, mineiros, goiânos, maranhaenses e piauienses. Até mato-grossenses e baianos. Todos - sem nenhuma excessão - tem no olhar aquilo que meu pai teve na época que imigrou ao Brasil - a busca interminável por melhorar, por explorar, por se desenvolver.... Uma energia indescritível.

Eles e suas famílias são os novos imigrantes. Deixaram prá trás familiares, amigos, o conforto da pista dupla, a metrópole, os shopping-centers e cidades com mais recursos para buscar algo novo, algo desafiador. 

Parece ser fácil, mas não é. Mesmo sendo dentro do nosso Brasil.

Decidir mudar para uma nova região, principalmente o norte brasileiro, demanda muita determinação, coragem e perseverança. Muitos deixaram sua cidade natal a pelo menos 30/40 horas de carro. Ir para o Japão hoje em dia é mais rápido.

A comida é diferente ou escassa, a variedade limitada, os temperos mudam. O acesso a serviços é limitado. Hospitais e profissionais escassos, distantes ou simplesmente inexistentes. Lazer então, nem se fala. E muitas vezes os profissionais passam a semana inteira na fazenda pela simples dificuldade de se acessar a cidade mais próxima. E a saudade então?, melhor nem falar. Essa palavra do nosso idioma que resume tantos sentimentos - solidão, nostalgia, vontade, amor, paixão, carinho..... - que em uma só tacada faria qualquer um desistir de uma jornada tão dificil.

A energia necesssária para se tomar essa decisão é simplesmente enorme. Uma energia que a tempos não sentia, era como reviver as conversas do meu pai com seus amigos imigrantes. Essa energia é indescritível. Contagiante. Tenho orgulho de trabalhar com vocês. Vocês são as pessoas que transformam este país em um local melhor, mais desenvolvido.

A todas famílias que desbravam este nosso pais, em especial aquelas da Insolo que vieram de Rio Verde, Cascavel, Bela Vista do Paraiso, Vista Verde, Ponta Grossa, Palmeira das Missões, Balsas, Dionisio Cerqueira, Não me Toque, Sucupira do Norte, Presidente Dutra, Bento Gonçalves, Curitiba, Teresina, Candói, Guará, Ribeiro Gonçalves, Canarana, Sitio Novo, Loreto, Santo André, São Bernardo, e todos os outros rincões do Brasil, um ótimo natal e um 2018 de saúde, felicidade e ótimas realizações, em sua nova terra - natal.

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