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O Plástico, a Indústria e a Agricultura Brasileira
04/10/2020 - Por antonio bliska júniorAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
Em meados da década de 90, a AEASP, Associação dos Engenheiros Agrònomos de São Paulo, liderou o primeiro Programa de Plasticultura de forma organizada realizado no país. Tinha como objetivo disseminar aquela nova tecnologia à época, pelo interior do estado líder em pesquisa e desenvolvimento na aplicação de cultivos intensivos. Com uma boa base colaborativa das empresas do setor, o Programa de Plasticultura percorreu diversas cidades em São Paulo e, depois também, de outros estados. Na sequencia, com uma participação no Congresso Iberoamenricano de Plásticos na Agricultura realizado em Almeria- Espanha, em 1995 lançou-se a base para a fundação do COBAPLA – Comite Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos Agrícolas na Unicamp em 1997. Nos anos 2000, impulsionado pelas diversas empresas petroquímicas do setor, avançaram as normas do segmento junto a ABNT. Aqui cabe uma observação: nada como a competição de várias empresas, principalmente petroquímicas, para fazer avançar o setor, com diversidade de idéias, opiniões e competitividade. Hoje, quase no início de uma nova década, com todo o “boom” do Agronegócio brasileiro e oportunidades infinitas, o setor está à deriva praticamente. Faltam rumos, comprometimento e lideranças. Melhor exemplo do que estamos falando é o setor de armazenamento agrícola. Não há aramzéns suficientes no Brasil. O déficit no segmento de grãos, apontado ano após ano, inclusive por nós aqui na Revista Plasticultura (exemplo de nossa matéria de capa inclusive- Inevitável: Siolo Bolsa para salvar a lavoura de janeiro/fevereiro de 2012, nunca foi devidamente levado a sério pela cadeia do plástico. Sem investir em pesquisa, desenvolvimento de equipamentos nacionais e, acima de tudo, divulgação e capacitação de recursos humanos, a indústria do plástico agrícola vive à espera de um milagre para que o empresariado rural adote a tecnologia do chamado silo bolsa. Produto conhecido há décadas no mundo todo e aplicado em larga escala nos EUA e na vizinha Argentina, aqui ainda é subutilizado. E assim se repetem os exemplos em outros segmentos: cultivo protegido, embalagens, mulching, irrigação e outros. Mais exemplos? Podemos falar da ausência de impulsos efetivos nos temas da biodegradabilidade e economia circular também. Mas, se falta discernimento para apostar no conceito de trabalho coordenado de cadeia, nada do que falamos acima é surpreendente. É apenas decepcionante. As empresas da cadeia agrícola, leia-se indústria, da “porteira para fora”, continua atrasada em relação ao mundo agrícola “high tech”. Quem diria, há alguns anos trás, que o mundo rural seria o protagonista maior do PIB brasileiro novamente?