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O partido NOVO e o voto útil! (Big-Ben; F97)
05/10/2018 - Por mauricio palma nogueiraAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
No próximo domingo eu ia votar no João Amoêdo para
presidente ... e ainda vou.
Com as redes sociais aquecidas e o pouco tempo para participar
das conversas nos diversos posts sobre política, resolvi expor meus pontos de
vista em um texto. Grande, pra variar.
Nos últimos dias, vários entusiastas do partido Novo e de
outros partidos migraram para o Bolsonaro, anunciando o voto útil no primeiro
turno para evitar que o PT retorne ao poder.
O movimento destes eleitores é legítimo e deve ser
respeitado. Não tem nada de traição de princípios ou embarque em modismos. Os
eleitores avaliaram o cenário, e decidiram. Um dos princípios do Partido Novo,
do qual sou filiado e entusiasta, é respeitar as liberdades individuais.
Mesmo que eu discorde, cada um tem o direito de escolher de
acordo com suas prioridades, preferências ou até mesmo pela mudança de ideia
durante o período eleitoral. Essa é a definição de democracia: o dever de
aceitar o direito dos demais.
Talvez pelo fato dos intensos ataques dedicados ao
Bolsonaro, e diante do receio de serem linchados moralmente, a mudança do voto
gerou diversas manifestações e justificativas. Confesso que está sendo um
exercício muito interessante ler todas essas manifestações, respeitosas e
embasadas, ressuscitando o debate político em nível civilizado, algo que a
esquerda intolerante fez o favor de eliminar nos últimos anos. Depois, como
sempre, querem culpar o outro lado pelo seu próprio feito.
Embora as argumentações bem elaboradas mereçam
destaque, o que me motivou a escrever foi o comportamento desrespeitoso
daqueles que passaram a agir da mesma forma que agem os petistas, que eles
dizem combater.
Parte das manifestações nas redes sociais foram no sentido
de desprezar e desqualificar o pensamento de outros. Exaltados buscaram intimidar
e constranger quem vota diferente, especialmente aqueles que votam no João
Amoêdo, meu caso.
Adjetivos como irresponsáveis, ingênuos, vaidosos marcando
posição ideológica e burros foram comuns nessas argumentações. Chega-se ao
absurdo de questionar o comprometimento do João Amoêdo com o Brasil, simplesmente
por manter a sua candidatura e continuar trabalhando por ela. Ora, quer dizer
então que alguém que investiu tempo, levantou recursos e construiu uma
candidatura não teria o direito de levá-la até o fim?
Ironicamente, essas argumentações radicalizadas também afirmam
que se o PT vencer não haverá mais direito ao voto. No entanto, não percebem
que é exatamente isso que estão fazendo já em 2018, retirando dos demais o
direito de escolher outro candidato que não seja o seu. A intimidação causa o
mesmo efeito da proibição, pois visa calar manifestações legítimas. Não é por
aí.
Essas pessoas, descuidadas, gravaram vídeos, escreveram
artigos e chegaram a subir em carros de sons para expor uma opinião que apenas
favorece o outro lado. Sério mesmo que nessa altura do campeonato ainda não
perceberam que é justamente esse tipo de narrativa que favorece o petismo? Não
foi justamente o PT que tanto se esforçou para transformar o Brasil no "nós
contra eles" divididos em apenas dois lados?
Trata-se de uma postura descuidada porque alimenta a
argumentação de quem está se empenhando para desmoralizar a própria posição que
defendem. Com base numa infinidade de fakenews e interpretações pra lá de
criativas, os desonestos estão inventando fatos e distorcendo falas na
tentativa de classificar o Bolsonaro e seus eleitores como fascistas. Até grande parte da mídia está empenhada em cobrir
com parcialidade cada fala do candidato e de seu vice.
E ainda assim, alguns eleitores vêm a público vociferar
argumentos de conteúdo fascista? Me desculpe, mas para que candidatura mesmo
estão trabalhando?
É válido buscar mais adesão ao voto útil, é válido
insistir, argumentar, até implorar. Mas se a abordagem for nesses termos,
extremistas, o único resultado será o enfraquecimento da posição do Bolsonaro
em um provável segundo turno.
Eu concordo que o Bolsonaro seja, hoje, a única opção
viável para impedir o retorno dos petistas ao poder. E essa opção foi definida
pela própria esquerda, não pela direita.
Ao insistir na idolatria ao Lula, a esquerda derreteu as
duas únicas candidaturas viáveis e moralmente aceitáveis. Foi a união em torno
de uma candidatura ilegal, comandada de dentro de um presídio defendendo a
continuidade de um projeto econômico fracassado, que acabou jogando o
eleitorado nas mãos de quem melhor soube incorporar o antipetismo.
Mesmo
sabendo que o Bolsonaro seja a única chance de vencer o petismo nessa eleição,
eu não concordo que a diferença nas intenções de votos seja razão para voto
útil no primeiro turno. Se tivessem três candidaturas sugerindo um embate entre
as esquerdas no primeiro turno, eu repensaria minha posição. Não é caso.
Acredito que a função do segundo turno é justamente evitar
uma polarização no primeiro, o que possibilitaria compreender as tendências da
população em torno dos diversos projetos e propostas.
Há quem discorde do meu posicionamento apresentando argumentos fortes e consistentes com relação à necessidade de se resolver no primeiro turno. Bons argumentos, muito bem escritos e defendidos num ótimo exemplo de debate democrático. Mesmo assim, eu não fui convencido.
Não se trata de alienação e nem de teimosia em não mudar o
meu voto. Assim como os que aderiram à candidatura do Bolsonaro, a minha maior
preocupação é que o país se perca afundado na irresponsabilidade, corrupção,
incompetência e arrogância do petismo que, por alguma razão, conseguiu reunir e
manter junto deles até os que pareciam razoáveis noutros tempos.
A diferença na minha decisão está na escolha de qual
ferramenta é a melhor para lutar contra essa agenda autodestrutiva do PT. Eu reconheço a ameaça, eu reconheço o risco,
mas não acredito que vencer as eleições represente uma vitória contundente
sobre o petismo. Acredito que ainda haja uma ameaça muito maior que pode
crescer nos anos vindouros. Apostar todas as fichas numa solução apontada como
única é, em si, um pensamento que não me agrada.
Também não se trata de restrição ao Bolsonaro.
Eu nunca caí nessa conversa histérica de que o Bolsonaro
representaria autoritarismo, violência, tortura e perseguição. Lula, seus
asseclas e potenciais apoiadores falaram e aplaudiram declarações extremamente belicosas
e odiosas, como sangue nas ruas, exército de Stédile, surras, fuzilamento, ódio
à classe média, tomada de poder, etc. Em
muitos casos, além de falar, partiram para as ações; situação que torna
ridícula a posição em torno de Ciro Gomes e Lula/Haddad dizendo temer pela
violência e pelo fim da democracia. A hipocrisia do "elenão" foi tão explícita, que só
fortaleceu a candidatura do Bolsonaro.
A minha dúvida quanto ao Bolsonaro é em relação ao seu
histórico como parlamentar. As posições e votações do deputado sugerem uma
agenda econômica muito mais próxima do que é defendido pela esquerda.
E a agenda econômica de esquerda, como já está provado,
leva ao fracasso, empobrecimento, crise, fome, miséria e, no último estágio,
ditaduras. Não há exceção na história, embora a desonestidade panfletária
insista em dizer que a China seria um exemplo.
É verdade que de 2017 para cá, o Bolsonaro tem se esforçado
para demonstrar o comprometimento com uma agenda mais liberal, reformista. É
fato que as pessoas mudam e pode ser realmente que ele se comprometa com as
necessidades econômicas do país; mas suas declarações ainda não foram o
suficiente para me convencer.
Na nossa história recente, as últimas 4 eleições foram
vencidas com base no estelionato eleitoral.
Desde a carta ao povo brasileiro, escrita por marqueteiros
e assinada por Lula em 2002, até a desonrosa última campanha da Dilma, a
mentira foi a base da vitória.
Embora seja mais descarada no petismo, a mentira é uma
constante em todos os outros partidos e na maioria dos candidatos. Isso acontece porque os
políticos são os poucos brasileiros imunes à responsabilização por suas atitudes.
E esse é um dos principais motivos que me levaram ao Novo,
ideia que eu conheci e já aderi em 2013.
Acredito, radicalmente, que a classe política brasileira tenha
que ser integralmente substituída.
Nosso país foi tomado por uma elite que está se perpetuando
no poder de forma hereditária, fazendo com que todos os brasileiros trabalhem para
eles; e não o contrário. É verdade que há políticos honestos, como o Bolsonaro
parece ser, mas a inconsequência, a descontinuidade e a falta de projetos
concretos são tão nefastas ao país, quanto a corrupção.
Quando conheci o Novo, o princípio que mais me atraiu foi o
objetivo do partido em reduzir o poder dos políticos para devolvê-lo ao povo.
É parecido com o princípio básico da constituição
norte-americana que defende o cidadão contra a eventual tirania do estado.
Acredito que os princípios, prioridades e projetos defendidos pelo Novo sejam a
única alternativa de melhoria de vida de nossa população, uma necessidade
urgente para os nossos cidadãos mais pobres.
O Novo é também o único partido a defender claramente um
capitalismo sem favores, com rigorosa separação entre público e privado, forjado
na competência competitiva. Hoje, grande parte das agendas dos candidatos
mantém conceitos do capitalismo de estado, de compadres, que atrasam a
competitividade do país e favorecem as empresas que aceitam o ilícito. Políticas
de incentivo, via BNDES por exemplo, precisam ser mais claras e focadas em
projetos que realmente possam se sustentar ao longo dos anos.
As reformas carecem de urgência. Enquanto a esquerda mente
para a população, os mais pobres sofrem com uma aposentadoria pífia, quase
inexistente, direitos que só beneficiam o peleguismo sindical e movimentam a
indústria do direito trabalhista, hospitais que não atendem às necessidades,
escolas precárias, segurança insuficiente e transporte escasso. O Brasil está
quebrando e ninguém foi, e nem será, responsabilizado.
A agenda defendida pelo partido Novo, hoje representado
pela candidatura do João Amoêdo, não é apenas a melhor opção; é a única
possível para melhorar a vida dos brasileiros o quanto antes. Não será um
político que resolverá os nossos problemas, mas sim um programa.
É preciso garantir que essa agenda seja considerada nos
próximos anos. Eu estou disposto a votar no Bolsonaro no segundo turno, desde
que ele esteja verdadeiramente comprometido com um programa econômico mais
liberal. E a única alternativa que tenho, como cidadão, para dizer isso ao
próximo presidente é através do meu voto no primeiro turno.
E não vou desistir dessa condição.
Também não acredito na derrota do Bolsonaro no segundo
turno.
Os meus conhecidos mais próximos são testemunhas que, desde
2016, eu estou falando que o Bolsonaro seria o presidente do Brasil. Nessa época,
a sua possível candidatura ainda era tratada quase como uma piada. Mas para mim,
bastava prestar atenção para entender que o resultado seria óbvio. Diante do
populismo de esquerda, da idolatria ao corrupto populista e da omissão e
frouxidão dos opositores históricos, qual seria o resultado nas urnas? É
evidente que o eleitor se conectaria a alguém que representasse o combate às
causas de todas as frustrações de uma população enganada e privada de suas
expectativas.
Na minha opinião, pela possibilidade de conversão de votos,
o único candidato que poderia derrotar o Bolsonaro seria o Geraldo Alckmin. Mas
quem diria que, com tanta experiência, o Alckmin erraria tanto em uma campanha
do começo ao fim? Nem Haddad, nem Ciro e nem Marina vencem o Bolsonaro no
segundo turno; todos carregariam para as urnas o passivo do anti-lulismo.
A única possibilidade de derrota, na reta final, será
consequência de um crescente radicalismo dos próprios partidários, aceitando as
regras do jogo que o PT domina. Duvida disso? Veja os resultados que a
manifestação política intimidadora do "elenão" conseguiu.
Embora as pesquisas eleitorais indiquem empate ou vitória
no segundo turno, o número em si não representa nada. Pesquisas indicam
tendências e para compreender as chances dos candidatos é preciso acompanhar o
que aconteceu com as intenções de voto ao longo das semanas. A soma dos votos
das candidaturas de direita só subiu, e acabou se concentrando justamente no
Bolsonaro, enquanto as de esquerda oscilaram sempre na mesma faixa, com
tendência de estabilidade. O centro só veio murchando.
Evidente que sempre há um risco no segundo turno. Mas se o
eleitorado do Bolsonaro quer garantir a vitória no primeiro turno, qual a razão
em desqualificar os eleitores do Novo, ao invés de focar no centro, que tem
quatro vezes mais votos do que o Novo?
Por que não direcionar esforços para tirar votos de candidaturas sem
aderência ideológica - como é o caso do Alckmin - para ofender ou intimidar aqueles
que serão votos praticamente garantidos em um segundo turno?
As justificativas de mudanças de voto para o Bolsonaro,
citadas no início do texto, precedem o comportamento esperado da maior parte do
eleitorado do Novo para o segundo turno. O efeito da argumentação razoável,
respeitosa e democrática, é mais eficaz para garantir a eleição. Na reta final,
são as explicações embasadas que estão estimulando outros eleitores; não é um
histérico com um microfone em um caminhão chamando de irresponsáveis aqueles
que não votam igual a ele. A
radicalização e adesão à agenda polarizadora da esquerda só enfraquecerá o
candidato em um eventual segundo turno.
Também fui tentar entender de onde teria saído tamanha
implicância com os eleitores do Amoêdo, sendo que ainda não representa um
estoque tão valioso de votos. Interessante que os ataques começaram por
manifestações de indivíduos que tiveram suas candidaturas vetadas, por não atenderem
os requisitos estabelecidos pelo partido. Ao invés de humildemente se adaptarem,
saíram dizendo que Amoêdo era um centralizador com poderes ditatoriais, quando na
verdade o partido apenas fez valer seus próprios princípios sem dar privilégios
a ninguém, nem mesmo a fundadores.
Depois vieram críticas de articulistas de grande expressão
que, vaidosos, se julgam os gurus proprietários da intelligentsia de
direita. Estes, ao não se verem seguidos
e idolatrados por um movimento de direita, passaram a profetizar o seu fracasso.
Quando o Novo cresceu acima do esperado, até pelas
projeções do mais otimista dentre os otimistas, passaram a atacar o seu
eleitorado, movimentando uma leva de seguidores idólatras que não gostam muito
de raciocinar e nem aceitam o debate. Estes, por sua vez, representam aquela
direita caricata, não muito diferente do que se transformou a esquerda
brasileira.
Além de alimentar a vaidade de intelectuais frustrados, a
desqualificação do voto em outras candidaturas de direita apenas fortalece a
narrativa petista. Ao reconhecer que há apenas uma opção contra o petismo, os
eleitores estão validando a maior das forças que trabalha a favor da religião
lulista: a polarização e a ausência de um debate honesto e focado em
argumentos. Estão aceitando que a solução ao petismo seja única, encarnada em
um indivíduo teoricamente infalível. É um perigo.
Ao lutar pelo voto útil, o eleitor do Bolsonaro deve ter o cuidado
para que ele mesmo não se torne um inocente útil a serviço do petismo e de
pensadores envaidecidos que só reconhecem aqueles que os lambem.
O debate de ideias, e a defesa das liberdades individuais,
são os maiores valores que devem ser conservados pela direita. A idolatria, a
desqualificação de quem pensa diferente, a adjetivação do indivíduo ao invés do
argumento e a transferência de culpa são atitudes que, infelizmente, foram incorporadas
pela esquerda brasileira. Ir por este
caminho é derrota na certa, mesmo que venha apenas em 2022.
Bolsonaro representa um grande dilema. Apesar de ser hoje a
única opção para vencer a esquerda, também personifica o maior risco de que ela
volte mais forte e definitivamente vitoriosa em 2022.
Ao contrário do que tem circulado na rede, não dá para
dissociar "Ordem e Progresso", antecipando um para depois implementar o outro.
Ambos devem vir juntos, caso contrário teremos ordem e depois o caos, não o progresso.
Na democracia, é o desempenho econômico o grande responsável pela manutenção ou
derrubada dos governantes.
Caberá aos eleitores do Bolsonaro e a todos os outros sensatos, que não se alinharão à uma candidatura ilegal em torno de um condenado,
fiscalizar os rumos de um provável governo Bolsonaro.
Apostar na infalibilidade de um político, mesmo que
carismático, é seguir os mesmos caminhos que levaram à bancarrota da esquerda
brasileira. A luta contra a herança do petismo não acabará nas urnas. Será
apenas o começo.
Essas são as minhas opiniões. As pessoas podem discordar
delas. Mas me chamar de burro, tonto, ingênuo, irresponsável e alienado dirá
mais sobre essas pessoas do que sobre mim. Depois, ao assustar o eleitor
indeciso em um eventual segundo turno, de nada adiantará terceirizar a culpa sobre
aqueles que não foram convencidos pela intimidação.
O que conta numa democracia são argumentos e é através
deles que se vence.
Maurício Palma Nogueira (Big-Ben, F-97), engenheiro agrônomo, sócio da Athenagro, coordenador do Rally da Pecuária, ex-morador da República Jacarepaguá