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O Novo Plano Agrícola e Pecuário (Zumbi)

08/06/2015 - Por josé carlos o"farrill vannini hausknecht
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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José Carlos Hausknecht



Finalmente o tão aguardado anúncio do novo plano safra ocorreu. O mercado estava ansioso para saber sob quais condições os produtores teriam de operar nesta nova safra e, neste sentido, a divulgação foi bastante positiva, pois vai acabar destravando a disponibilização do crédito para o setor.


Esta é uma boa notícia para os agricultores, que poderão requerer os recursos necessários para a aquisição de insumos, bem como para as empresas fornecedoras que estavam com suas vendas bem abaixo do normal.


O novo plano safra terá um aumento de recursos total de 20%, que representa um acréscimo de 31,6 bilhões em relação ao ano anterior. No entanto, ao olharmos os números mais detalhadamente veremos que cerca de 95% deste aumento é referente a recursos com juros livres, que são baseados em juros de mercado, o que significa que o volume de crédito com juros controlados ficou praticamente estagnado (aumento de apenas 1%).


Vale ressaltar que, devido à desvalorização cambial, muitos insumos importados como os fertilizantes e defensivos agrícolas, que tem peso relevante nos custos do produtor, sofreram elevação, além dos reajustes de combustíveis, energia e mão de obra, que também afetaram a necessidade de capital. Estimamos que o produtor médio de grãos terá na nova safra um aumento no seu custo operacional de aproximadamente 15% e, portanto, para atender suas necessidades de crédito, seria necessário ocorrer um aumento proporcional nos recursos disponibilizados.

Outro problema observado é a elevação nas taxas de juros do financiamento que, no caso do crédito para custeio do agricultor empresarial, subiu de 6,5% para 8,75%, um aumento de 35% no custo financeiro da operação com juros controlados. O custo dos recursos com juros livres também se elevou, pois as taxas de juros de mercado praticadas atualmente são maiores que as do ano passado.


Com isso, temos uma situação na qual o agricultor tem, de um lado, mais necessidade total de recursos e, de outro, menor disponibilidade de recursos com crédito controlado, o que o obrigará a buscar no mercado um volume de crédito maior com taxas de juros muito superiores.


Além do crédito oficial e dos seus recursos próprios, os agricultores tem tradicionalmente como fontes de financiamento o sistema financeiro privado, os fornecedores de insumos e traders que fazem operações de crédito em troca da entrega futura da produção agrícola. Percebemos que existe uma maior movimentação dos agricultores buscando estas fontes de capital alternativas, mas, devido à escassez de recursos existentes hoje na economia, os agentes de mercado serão mais seletivos na hora de conceder crédito, o que vai dificultar a obtenção destes recursos e com certeza encarecer os financiamentos disponíveis.


Este ano será bastante desafiador para o setor, especialmente para as empresas mais endividadas. Essa situação será agravada para aqueles cuja dívida esteja dolarizada. Alguns setores, como o sucroalcooleiro, já estão sentindo esta situação desfavorável, com várias empresas pedindo recuperação judicial ou tendo o rating das suas dívidas rebaixados.


Este cenário observado para a nova safra não nos permite ser otimistas quanto a um aumento na área plantada. Apesar das condições de rentabilidade ainda satisfatórias fica difícil imaginar que os produtores farão qualquer tipo de novo investimento que demande capital, devendo ter uma posição bastante cautelosa e focar seus esforços na otimização de custos e produtividade tentando maximizar seus resultados. 


Só esperamos que São Pedro seja generoso e o clima não deixe a situação ainda mais crítica.


José Carlos Hausknecht (Zumbi) – Engenheiro Agrônomo F-90 – Diretor da consultoria MB Agro - Exímio Jogador de Rugby e Ex Morador da Republica Mata Burro

Matéria veiculada no Jornal O Estado de Sao Paulo dia 02.06.2015 - para ver a materia original clique aqui

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