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O mito do homem imbrochável (Dema; F05)

14/09/2022 - Por rodrigo pazzinatto de almeida leite
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Já dizia o famoso ditado: cão que ladra não morde. Tomo permissão para um trocadilho: cão que ladra não brocha. Já passou da hora de levarmos com mais seriedade o papel do homem em uma sociedade que evolui tão rápido quanto regride, criando abismos indialogáveis.
 

Muitos aqui são de um tempo em que a parentalidade era exercida de maneira muito diferente entre homens e mulheres. O homem tinha que ser forte o tempo todo, tinha que sustentar a casa e ainda, como se não bastasse, não pode brochar. Carregamos até hoje resquícios dessa cultura que silencia os homens e, até onde me lembro, o ambiente Esalqueano fortalecia ainda mais essa cultura. Sou F05 e de lá para cá muita coisa mudou, inclusive esse que vos fala: deixei de atuar como Engenheiro Florestal após 10 anos de carreira e hoje trabalho exclusivamente como Psicólogo. Atualmente estou me especializando em Sexualidade Humana, trabalho com atendimentos online (individual e casal) e estou criando conteúdo sobre sexualidade e relacionamentos na minha página do Instagram recém-criada: rodrigopazzinatto.psi


O brochar é uma situação que pode ser constrangedora para a maioria das pessoas. Pode levar a um sentimento de inferioridade, como se o homem não estivesse desempenhando o papel de macho. A obrigação de um papel de imbrochável pode ser demasiadamente pesada de carregar. O culto a essa performance pode ser muitas vezes difícil em uma época que temos tantas preocupações. "Dar-se bem" na carreira é uma preocupação que nós esalqueanos carregamos, porque queremos sim dar o melhor, conquistar independência profissional e financeira. Tenho certeza que muitos que leram até aqui, em um momento ou outro da vida, ficaram demasiadamente preocupados com o sucesso profissional a ponto de preocupar-se pouco (ou nada) com a saúde física e mental.


Tem um documentário chamado O silêncio dos Homens, que indico a todos (homens, mulheres e não binários). "O silêncio observado entre os homens não é uma grande conspiração masculina, é como fomos criados. A maioria de nós foi treinado para sufocar o que sente, aguentar o tranco e peitar a vida, como machos.", escreveu Guilherme Nascimento Valadares, editor-chefe do PapodeHomem.


A palavra nova imbrochável diz muito desse lugar que ocupamos, de um lugar em que falhas não são aceitas. O que brocha é o estereótipo de macho. O que não deu certo é esse papel de ocupar um lugar assimétrico em relação à mulher. O que não deu certo é engolir sentimentos ao invés de elaborar, por meio da palavra, para conhecer a si mesmo.


O humano por trás da capa está aí, cheio de incertezas e medos, e ainda, com dificuldade de colocar para fora tudo que foi obrigado a engolir.


Convido a conhecerem minha página no Instragram @rodrigopazzinatto.psi

É um lugar onde falo de relacionamentos, sexualidade e outros assuntos da psicologia.


Abraços esalqueanos

Dema (F05)

Rodrigo Pazzinatto de Almeida Leite

Psicólogo, palestrante, escritor e, também, Engenheiro Florestal. 

 

 

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