Suas indústrias já estão trabalhando a oferta de produtos variados. De cafés gourmets ao popular café com leite, só que em garrafas pet. De sachets de capuccino a cápsulas para máquinas. E o lado capitalista desse estranho império popular, com grupos de investimento, como o Chongqing Energy Investment Import e Export Co, LTd, que está investindo aproximadamente R$500 milhões no segmento. Ainda durante o evento da Asic, foi lançada a pedra fundamental da construção de uma fábrica de café liofilizado no distrito industrial da 3a maior cidade: Chongqing. Com capacidade para processar 15.000 ton/ano (2/3 liofilizado e o restante em grãos torrados e café concentrado), é mais um passo para incrementar o consumo de café no mercado interno. Hoje resumido a míseros 1% de seu contingente populacional.
No Brasil os cafeicultores tentam se salvar do desastre da seca passada e da crise econômica atual, que patina na política, para vencer o ano. Apesar do espírito de liderança que vive nos corações dos cafeicultores brasileiros, como mostram estudos do IAC e da UNICAMP, o nível de gestão limitado das propriedades cafeeiras, ainda é o principal fator responsável pela baixa competitividade desse setor, expondo-o demais aos menores riscos do mercado. Dados do Deagro da FIESP mostram que a evolução da produção brasileira ocorrerá pelo aumento de produtividade. Mas isso se dará a passos de jabuti. Das atuais 25 sacas de café por hectare, chegaremos em 10 anos a 33 sacas por hectare, fazendo a produção saltar de 49 milhões de sacas na safra atual para 62 milhões em 2016/17. Convenhamos, é muito pouco. Já que as tecnologias atuais, o mercado e a capacidade dos cafeicultores podem ultrapassar facilmente esses números, o que falta para o Brasil superar essas previsões?? A resposta, em nossa análise, se resume a dois problemas: falta de organização, dos empresários rurais (cafeeicultores) e falta de planejamento, do setor público.
Na China podemos vender não somente soja. O café tem muito espaço para crescer. Com a cultura do consumo do chá, que é amplamente disseminada lá, a possibilidade de introdução do café dependerá de marketing estratégico. E não somente na China, mas em toda Ásia. Japão e Coréia são mercados com alto poder aquisitivo. Infelizmente o trabalho de marketing do café brasileiro é no mínimo sofrível, para não dizer outra coisa. Trabalhar cafés especiais será essencial. Garantir incremento de consumo, agregação de valor, estabelecer e consolidar canais diretos de comercialização são oportunidades reais. Senão, Alemanha, Itália e até Colômbia ganharão em cima do café brasileiro mais uma vez. Ou tudo será "made in China".
Consulte:
Gestão de propriedades cafeeiras:http://www.feagri.unicamp.br/migg
Projeção Deagro- Fiesp:http://apps2.fiesp.com.br/outlookDeagro/pt-BR/Publicacao/Cafe/Brasil
Antonio Bliska Júnior (F83)
Eng, Agrônomo. Dr. em Engenharia Agrícola - Unicamp
Editor da Revista Plasticultura