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O caso da Fazenda Figueira. Ou, ideologias non-sense de hoje em dia...

31/08/2015 - Por vitor hugo medeiros dhers
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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O caso

" Descobrir se uma pessoa é canalha é bem simples -- você a ajuda de todas as maneiras que pode, se ainda assim ela te prejudicar, é obviamente alguém sem caráter". Lembro de ter lido essa frase, ou algo parecido, em algum lugar há algum tempo. Soou bastante verdadeiro. Apesar da imprecisão da autoria, um caso que ilustra esse tipo de conduta torpe pode ser encontrado mais facilmente que se pressupõe.

Sim, estou falando do caso da Fazenda Figueira, da FEALQ. Caso alguém não lembre, tenha se esquecido, ou não saiba, ano passado a Fundação de Estudos "Luiz de Queiroz", FEALQ, inteirou o pagamento da dívida do IPTU do Centro Acadêmico "Luiz de Queiroz", nosso CALQ.

Em contra partida, que fez o CALQ, esse ano, quando a FEALQ precisou do seu apoio? Não contente em NÃO redigir uma nota de repúdio à ação bárbara do suposto "movimento social" MST na fazenda Figueira, tão logo a notícia veio a público, o CALQ ainda conjectura apoiar essa iniciativa bárbara?

Pois é. A narrativa de tão insólita desafia o senso comum. Vem como um soco na cara, um cuspe no prato. A FEALQ paga uma dívida do CALQ; O MST invade uma fazenda da FEALQ, e o CALQ apoia... o MST? 


O problema

Esse problema, no entanto, não surgiu hoje.Ano passado, quando fizemos a "Festa da Criança" para arrecadar fundos para nossa chapa, Aquarela, para gestão do CALQ, fomos domingo entregar na sede quinze caixas de cervejas que iríamos vender. Chegando lá, a sala de reuniões estva sendo usada Na parede estendidas, a bandeira do Levante Popular da Juventude e outra, de si dissociável, do MST. Soube que se tratava de um encontro (que o CALQ não explicou publicamente do que se tratava) e que além fazer reuniões, alguns membros também estavam dormindo no CALQ, usando suas instalações de alojamento. A então gestão do CALQ nunca trouxe a público, da mesma maneira, o balancete da hospedagem desses convidados externos, uma vez que nós, esalqueanos, teríamos de pagar algo em torno de R$ 170,00, nos próximos dias, por ter alugado o espaço do CALQ por uma noite.

Esses dois exemplos estão conectados, tratam do mesmo assunto. O problema é quando a inclinação ideológica dos membros da gestão do CALQ passa a afetar a instituição. Eu já achava bastante desonesto da parte da Gestão prostituir o espaço do CALQ em favor das opiniões pessoais de seus membros, favorecendo movimentos políticos externos à instituição em detrimento dos alunos, que pagam pelo uso do espaço, enquanto os "amiguinhos" dos membros da chapa usam a sede de graça e sem ninguém saber por que... no entanto, prostituir a não só o corpo do CALQ, mas também sua alma, sua honra, perante a FEALQ, a Escola e, cada vez mais, aos alunos e ex-alunos, é algo inaceitável. Essas ideologias non-sense de hoje em dia...


A discussão

Vamos agora focar na discussão. Em hipótese alguma deve ser duscutida a produtividade da fazenda. Essa discussão é construída sobre a argumentação dos invasores -- trata-se de um ardil, um jogo viciado. O simples fato de jogarmos por essa definição já nos concede a derrota. Sem contar que, geralmente, os mesmos que advogam pelo argumento da produtividade não são os mais apegados ao trabalho, geralmente demoram consideravelmente mais para se formar que os demais colegas, e usam sua graduação majoritariamente para fazer política, apenas.

O mais eficaz argumento nessa discussão e o da moralidade. Infrigir o direito de propriedade de qualquer pessoa é imoral. Sem contar com o desrespeito póstumo à morte, ao trabalho em vida( e aos frutos) do Eng.º Agrº Alexandre Von Pritzelwitz. Baseado em que definição ideológica e filosófica? Jusnaturalista lockeana, mais precisamente. 



"O trabalho é o que distingue o que é possuído em caráter privado do que é mantido em comum; o trabalho do corpo e das mãos de um homem. E ao misturar seu trabalho com os objetos materiais - caçando , colhendo, mas também cultivando o solo - um homem adquire o direito sobre aquilo que ele trabalhou e ao que ele fez com esse material."
"O trabalho é a propriedade inquestionável do trabalhador"


John Locke

John Locke,  filósofo inglês e ideólogo do liberalismo, sendo considerado o principal representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social.John Locke, filósofo inglês e ideólogo do liberalismo, sendo considerado o principal representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social.

Para Locke, assim como a vida e a liberdade, o direito de propriedade é natural ao homem, não dependendo da vontade dos demais para existir. Cabe a ele usar da maneira que quiser. Inclusive para deixá-la parada, se assim desejar.

Felizmente, as leis econômicas produzem incentivos para que ninguém deixe as coisas paradas, trata-se de o Custo de Oportunidade da Terra (ou do Capital em que ela pode se converter). O mercado é muito mais eficiente em mover as coisas que legislações ou regulações. Por falar em regulações, devemos lembrar que, embora o preceito da improdutividade esteja imbuído no arcabouço legal do país através de toda subjetividade que a definição de "função social da terra" pode lhe conferir, nem sempre as leis contemplam a moralidade. É o caso do apartheid, dos campos de concentração, etc.


Ademais, é algo bastante conhecido de todos que não temos no Brasil as melhores das legislações, bastanto comparar com outros países o respeito que os legisladores (burocratas, políticos de gabinete, geralmente aqueles que só tratavam de política na faculdade) têm por aqueles que efetivamente produzem, com o suor de seu rosto e o risco de seus empreendimentos, produtos para serem adquiridos voluntariamente (não goela-abaixo, como é o caso das leis criadas por burocratas).



O fator Utilitário


Surge daí não só o fator moral da propriedade privada, mas também o utilitário. Como diria Mises, " Se a história pode nos ensinar alguma coisa, essa coisa seria que a propriedade privada está indissociavelmente ligado ao processo civilizacional". Mas você não precisa acreditar em mim, nem em Mises. Basta observar os dados -- países que respeitam mais a propriedade privada apresentam, na média, um melhor índice de desenvolvimento humano. O gráfico abaixo compara países com bastante respeito à propriedade privada, calculado pelo índice de respeito à propriedade privada do anuário da Heritage Fondation, dos dados de 2014 (publicado em 2015 -- http://www.heritage.org/index/download, de 0 a 100, com maior número representando maior respeito à instituição da propriedade privada ). O IDH se refere ao ano de 2013 ( bem próximo, obtido em http://hdr.undp.org/en/content/table-1-human-development-index-and-its-components). O resultado se observa abaixo:




Como todos sabemos, inúmeros são os componentes que afetam o desenvolvimento humano. O gráfico acima nos permite observar que maior respeito à propriedade privada está aliado a maior desenvolvimento, na média.


Por fim, resistamos e não sejamos canalhas com quem nos tem ajudado, quem compõe nosso time. A ESALQ sempre apresentou dentro do seu corpo discente e docente pessoas que discordavam em campos teóricos, ideológicos e filosóficos. Nunca, no entanto, nenhum pensamento coletivo havia existido, até então, no sentido de promover o aviltamento da própria instituição, que como nós sabemos, é dada às custas dos impostos do trabalhador paulista.

Se você é esalqueano e sua desação ou desinteresse pela instituição colaboram com quem deseja sabotá-la, você deveria sentir-se envergonhado. Se, no caso, você é um dos que procura, através da ação e do interesse, sabotá-la , então eu sugiro procurar outra instituição para conduzir seus "estudos". Não precisamos de nenhum dos frutos rotos do seu trabalho.


O difícil de vivermos em democracia é que temos que tolerar todas as opiniões, inclusive aquelas dos que procuram deteriorá-la.


Vitor Dhers (Di-Mark F14) - é Graduado Ciências Econômicas, ex-morador da Republica Malók.

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