Blog Esalqueanos
Natureza, saúde física e mental (Vavá; F66)
24/05/2022 - Por evaristo marzabal nevesAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
Na edição de 03/05/22 do Jornal da USP, coluna Saúde e Meio Ambiente, na reportagem intitulada: Contato com o meio ambiente é vital para a saúde física e mental, o Dr. Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP, realçou que "a sensação de bem-estar propiciada pelo contato com a natureza contribui para melhor funcionamento de nosso organismo".
Na entrevista, o Dr. Saldiva argumenta sobre "os benefícios físicos e mentais advindos do contato com a natureza. A sensação de bem-estar provocada por este momento manifesta-se na alteração dos hormônios que controlam processos inflamatórios na melhora do sistema imunológico, fortalecendo a proteção contra micro-organismos, e do funcionamento do cérebro". Continuando, relata que "Um grupo de pesquisadores britânicos publicou recentemente, numa revista especializada, um artigo em que faz um resumo sobre os benefícios do contato com a natureza para a saúde mental do ser humano. A preservação de nossos ecossistemas está dentro de um conceito chamado de saúde única, ou de saúde planetária, em que é tornado evidente que temos uma ligação intrínseca, atávica e, inclusive, de saúde com o meio ambiente natural. Para viver melhor é importante que tenhamos uma natureza, seja ela natural ou recomposta por nossos ambientes urbanos".
Por que referenciar esta reportagem? Porque vem de encontro a um dos objetivos da disciplina Vida Universitária e Cidadania / Professores Responsáveis: Roberto A. de Souza Lima e Evaristo M. Neves, oferecida aos ingressantes em Engenharia Agronômica, sobre a arregimentação, motivação, incorporação e desenvolvimento dos sentimentos de pertencimento e de responsabilidade socioambiental com nosso patrimônio, na manutenção e conservação para com o legado de Luiz de Queiroz e Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz. Para tanto, o contato, o vivenciar, o conviver cotidiano com a natureza do Campus "faz bem" para a manutenção saudável do físico e da mente. Nesta disciplina, as temáticas sobre saúde física e mental têm espaço na agenda semestral para o ingressante em Engenharia Agronômica.
Neste ano, o tema saúde mental foi ministrado no dia 30/03 (o semestre começou em 14/03) pela psicóloga Paula Cristina P. Sebastião (presença em aulas durante todo o semestre) e o tema Esportes e Atividades Físicas em 23/04, sob a coordenação e apresentação por diretores da Associação Atlética Acadêmica Luiz de Queiroz/AAALQ e do Professor de Educação Física Silvio José Gerolamo (Chefe da Seção). Esta aula foi proferida em nossa Praça de Esportes (Seção Técnica de Práticas Esportivas/SCPRAES), onde cada turma foi dividida em dois grupos. Feita a apresentação do que é oferecido pela Seção no Ginásio, um grupo foi conhecer as instalações (campo de futebol, pista de atletismo contornando este campo, de futebol soçaite, campo utilizado para beisebol e rugby, quadras externas de tênis, de basquete e voleibol, salas de luta) e outro grupo reuniu-se em uma sala, para apresentação de diretores da Atlética sobre a importância da AAALQ, criada em 1903, torneios que participa e atividades de esporte, lazer e recreação oferecidas. Em seguida, alternaram-se nas apresentações.
Outro reforço nessas temáticas são as duas aulas sobre responsabilidade socioambiental e desenvolvimento sustentável, sob responsabilidade do USP Recicla (Programa Permanente para assuntos relativos à Educação Ambiental e Gestão Compartilhada de Resíduos da USP), e a participação, ao longo do semestre, da Divisão de Atendimento à Comunidade (DVATCom/Prefeitura do Campus), responsável junto com o USP Recicla pela elaboração do programa "Possibilidades de Vivências", locais de estágios para atividade social de voluntariado/solidariedade no Campus ou fora. Como atividade obrigatória, ao longo do semestre o aluno realiza um trabalho social voluntário/solidariedade, com temática de livre escolha, com exigência no final do semestre de comprovação, através de relatório, certificado, declaração, foto ou qualquer outro meio que permita identificar o trabalho desenvolvido. É conscientizá-lo e dar sentido de que "A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana" (F. Kafka) e que "Nosso objetivo, principalmente nesta vida, é ajudar o próximo. E, se você não pode ajudá-lo, pelo menos tente não machucá-lo" (Dalai Lama).
Neste 2022, como outra atividade na temática, na Semana de Recepção (14 a 18/03) participamos da Aula Inaugural para os ingressantes em Engenharia Agronômica (14/03 à tarde no Gramadão), aproveitando a cobertura instalada para a Formatura dos F-21, realizada no sábado (12/03). Um parêntese: No sábado uma turma se despedindo, deixando a Esalq, e dois dias depois outra ingressando, como que a sinalizar que chegou para substituir a que se graduou. Tamanho despropósito, não? Lágrimas na despedida, alegria e feliz momento na chegada à escola.
No espaço que nos foi concedido, fizemos uma alusão inicial de que parentes de minha esposa (família Fava) têm solicitado a Cidadania Italiana pela descendência de familiares nascidos na Itália. Por analogia, ao concorrer através de exame vestibular ao ingresso na ESALQ, nada mais do que estavam solicitando e obtendo a Cidadania Esalqueana.
Pois bem, aprovado(a), foi aceito(a) como Cidadão(ã) Esalqueano(a)! E como tem sido seu acolhimento? Chegando pela Avenida Centenário ou Carlos Botelho, ou São João, ou ainda pela Pádua Dias, é recepcionado(a) por árvores. Nota que ao fazer o contorno, entre nossa Praça de Esportes e o Campus, vê o Prédio Central somente através do Portal. De resto, só frondosas árvores. O que sinaliza uma árvore, senão sombra, oxigênio, terapia, natureza, vida? Quer melhor recepção advinda dessa visão? Quer melhor união da natureza com a saúde física e mental propiciada por esse acolhimento? "Toque uma árvore por alguns instantes...Relaxe...Feche os olhos...Aspire por alguns segundos e expire por três vezes...Circula bons fluídos nestes momentos...calmante certo para a melhoria da saúde mental".
Passando ao lado do A Encarnado, adentra a ESALQ pela Alameda Principal, sinal de que está entrando num "campo sagrado", pois logo adiante vislumbra, circundado por árvores, o gramadão que simboliza o "santuário", onde estão os restos mortais de Luiz de Queiroz e de Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz, defronte ao Prédio Central. Portanto, logo de saída, todo respeito e admiração ao nosso parque e à natureza presente. Conservá-los de forma sustentável ambientalmente é prioridade; vivenciá-los é fundamental para uma boa saúde física e mental.
Ademais, há a conscientização de que, durante todo o tempo de permanência no Campus, seja um vigilante na manutenção deste legado que já tem vida por 121 anos. E assim tem sido. Transmitimos que não é por acaso que em 2006 o Edificio Central, o Parque e parte do conjunto que compõem o Campus Luiz de Queiroz foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo/Condephat e, em 2007, a Esalq é anunciada como a primeira das 7 maravilhas de Piracicaba (vide www.esalq.usp.br - Institucional - Linha do Tempo), junto com o Engenho Central, Rua do Porto, Bairro Monte Alegre, Parque do Mirante, Horto Florestal e Mercado Municipal (inaugurado em julho de 1888). Costumo dizer que na questão de moradia e mobilidade o esalqueano mais privilegiado é o morador da Casa do Estudante, pois pode vivenciar e habitar 24 horas em um local histórico, artístico e turístico, portador de uma riqueza vegetal incomum num ambiente urbano.
Qual transeunte no Campus não se sente bem e aliviado ao caminhar ou fazer uma corrida entre sombras, ou tendo ao lado árvores de diferentes espécies e variedades, com florescimento em diferentes períodos do ano? É um colírio para os olhos, um "fazer bem" indescritível para sua saúde física e mental. Um exemplo de quão valorizado e glorificado é nosso parque pela população piracicabana: num domingo de manhã, tempo bom, verifique a quantidade de veículos estacionados na Avenida Pedro Morganti, próximo aos portões que dão acesso ao "gramadão" (Prédio Central), ao Pavilhão de Engenharia e ao lago. A família que chega mais cedo consegue estacionar próximo aos portões. Em pouco tempo, não tem como estacioanar entre a Avenida Pádua Dias e os portões. Então é buscar vaga na Avenida Pedro Morganti, em direção ao aeroporto e Bairro Monte Alegre. Quanto mais tarde vier, poderá estacionar cem metros distante ou mais além.
Esta glorificação do parque da Esalq e seu tombamento pelo Condephat, entre outros motivos e significados, tem uma história tornada pública através de sete livretos denominados como Trilhas do Parque da ESALQ, sendo o primeiro sobre Palmeiras, seguido pelo Palmeiras II, Madeira de Lei, Árvores Frutíferas, Árvores Medicinais, Gimnospermas e Árvores Úteis. O verso da capa do folheto registra: "O Parque Phillipe Westin Cabral de Vasconcellos, da Escola Superior de Agronomia "Luiz de Queiroz", foi projetado em estilo inglês pelo arquiteto paisagista Arsênio Puttemans e implantado ao redor de 1905, sendo assim um dos mais antigos projetos paisagísticos que ainda conserva sua forma original no Brasil. Ao longo destes anos, sua florística original foi modificada através da introdução de novas espécies, por plantio ou dispersão natural das florestas vizinhas, somando uma diversidade de mais de 400 espécies florestais nativas e exóticas dentro de uma fração de 10 hectares da área do campus da ESALQ. É acervo botânico, de extrema valia para a sociedade, servindo como banco genético e fonte de sementes de espécies florestais para muitos viveiros da região." Cada livreto aborda uma introdução sobre o grupo vegetal a que se refere, fotos em plano geral e detalhes de cada espécie demarcada, nome científico atualmente válido, a descrição botânica, características ecológicas, ocorrência e usos, e contém percursos de visitação para reconhecimento de espécies arbóreas presentes no parque.
Quando da elaboração dos livretos, a partir de 1994 e na segunda metade dos anos 90, o parque da ESALQ era, e ainda é, considerado por muitos como a principal área verde do Município de Piracicaba e região, sendo frequentado diariamente, no período letivo, por centenas de pessoas das mais variadas procedências, como moradores da cidade, alunos de escolas do ensino fundamental e médio, além dos alunos, corpo docente e não docente do próprio Campus e de outras instituições de ensino e pesquisa. É uma área verde que tem sido muito utilizada para atividades de ensino, lazer, meditação, descanso e recreação, além de seu potencial para a pesquisa. Elixir que, bem aproveitado, alimenta uma desejável saúde física e mental.
Abrindo um parêntese, o projeto 'Trilhas do Parque da ESALQ' começa em 1994, tendo como órgão financiador o Fundo Nacional do Meio Ambiente e Coordenação do Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues do Departamento de Botânica (na época) e de uma equipe de professores, pesquisadores e profissionais na Execução, Colaboração, Pesquisa, Fotografia, Projeto Gráfico e Arte. Verdadeira obra-prima. Em nossa gestão como diretor da ESALQ (anos 1995 a 1998) passou a ser o mimo disponibilizado para as visitas nacionais e internacionais, mesmo sendo o texto em português. Para mais detalhes consulte "Trilhas do Parque da ESALQ" e "Caminhada na ESALQ". Vale a pena. Ademais, levando-os à janela, explicava o sentido do parque (gramadão e árvores que o circundam), estilo inglês. Cenário para ser fotografado por qualquer visitante à Diretoria. Um parêntese: é comum nos fins de semana noivas serem fotografadas e, ultimamente, tenho reparado também, modelos femininos.
Outra pesquisa, entre outras, que evidencia a importância, conservação e cuidados de nosso parque e sua arquitetura paisagística e arbórea é o Cadastro, Diagnóstico e Valoração das Árvores da Escola Superior de Agricultura 'Luiz de Queiroz', elaborada pelos Prof. Demóstenes Ferreira da Silva Filho/Departamento de Ciências Florestai e Jefferson Lordelo Polizel/Técnico do Laboratório de Métodos Quantitativos da ESALQ. "Conhecer atuais condições da vegetação arbórea de determinado local é base do planejamento. A partir de um cadastro é possível traçar metas e estratégias para facilitar as ações de manejo".
Segundo Alicia Nascimento Aguiar/Assessoria de Comunicação (A flora da ESALQ, 2015): "O foco do trabalho incide sobre o Parque da Esalq, porém, a implantação de um modelo que auxilia com manejo de dados de arvoredos favorece o intercâmbio de dados e promove o fortalecimento da ciência como um todo. Assim, os autores formularam um banco de dados em sistema relacional de informação geográfica, justamente a fim de obter subsídios importantes para a conservação das árvores e segurança para a população. Na instituição, foram reconhecidas, avaliadas e geoprocessadas 4.867 árvores de 213 espécies e 56 famílias botânicas".
Pasme! Ficará tão surpreso como eu, com esta quantidade de árvores, espécies e famílias botânicas existentes no Campus, algumas quase centenárias, praticamente dentro do perímetro urbano. Para o transeunte que se detém à leitura de placas junto às arvores, principalmente de formandos, verificará a idade da mesma. Exemplificando: o Ipê- branco defronte ao Pavilhão de Engenharia e no entorno do lago foi plantado em janeiro de 1966 (56 anos passados, Turma F-65 do Roberto Rodrigues) e a Amburana cearensis no contorno do lago da Engenharia, próxima à guarita, foi plantada em janeiro de 1967, minha turma F-66 (55 anos passados). Para as turmas antigas, a árvore plantada por acasião de sua formatura traz como recordação uma simbologia nostálgica, lembrança inesquecível do tempo de estudante, digna de registro de foto, cada vez que visitam a escola. Tem muito significado para o ex-aluno, marca indelével de uma fase saudosa da vida, fortalecendo o sentimento eterno de pertencimento.
Outro estudo de suma importância visando à instalação em nosso Campus de uma política socioambiental foi o Plano Diretor Socioambiental Participativo do Campus LQ, lançado em 19/08/2009, contendo 409 páginas e contando com a participação de mais de 320 pessoas, professores/pesquisadores, funcionários, alunos de graduação e pós-graduação "que aportaram suas experiências, conhecimentos e energia para o sucesso desta empreitada".
Uma motivação para a elaboração deste Plano Diretor está associada ao fato de que neste século a ESALQ passou a contar com uma população muito maior, estimada em cerca de cinco mil em dias letivos, principalmente em relação ao número de estudantes, com a criação de novos cursos de graduação: Ciências dos Alimentos, Ciências Biológicas, Gestão Ambiental e Administração (criado em 2013), incluindo o de Ciências Econômicas (criado em 1998), além da Pós-Graduação e pós-doutorado, convênios internacionais (dupla-diplomação) e estagiários, exigindo a contratação de docentes/pesquisadores de diferentes áreas de formação para atendimento à agenda curricular e missão de cada curso, e também de funcionários. Conhecer, auxiliar na manutenção e respeitar nosso ambiente é fundamental em nosso cotidiano.
Em seu capítulo introdutório, é relatado que "O Plano Diretor Socioambiental nasceu da inciativa de um grupo de professores, funcionários e estudantes no ano de 2004, que formaram a União dos Grupos Ambientais do Campus 'Luiz de Queiroz'. A motivação deste grupo era unir os diferentes grupos de pesquisa e extensão, comissões, laboratórios e projetos que trabalhavam com questões socioambientais para discutir a problemática socioambiental do Campus. A assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta/TAC referente ao Inquérito Civil n. 021/03 pelo então reitor da USP Prof. Dr. Adolpho José Melfi motivou ainda mais este grupo na busca de soluções socioambientais às irregularidades apontadas nesse documento. Foi a partir de agosto de 2005 que, após aprovação do Conselho Técnico Administrativo da ESALQ, começaram os trabalhos para a construção do Plano Diretor Socioambiental. Foram quatro anos de trabalhos exaustivos, divididos em três etapas, a saber: diagnóstico da situação socioambiental do Campus, definição das diretrizes e elaboração do plano de gestão. Trabalho este que foi subdividido em seis linhas temáticas, cada uma delas coordenada por um Grupo de Trabalho (GT). A coordenação geral do Plano Diretor Socioambiental foi realizada por um Núcleo Gestor que era formado por representantes de cada um dos GT's. Desde o início a filosofia do trabalho era o de envolver o maior número possível de pessoas da comunidade no processo de construção, garantindo assim o caráter participativo e democrático do Plano Diretor. O processo educativo também permeou as atividades de construção do Plano Diretor. Os estudantes de graduação como de pós-graduação foram os principais atores neste processo. Grande número de professores e de funcionários também participou ativamente desta construção".
Assim tornado público o Plano Diretor Socioambiental Participativo do Campus Luiz de Queiroz, sob a coordenação geral do Prof. Dr. Miguel Cooper (Departamento de Ciência do Solo) e contando com os Grupos de Trabalho (GT Uso do Solo; GT Resíduos; GT Fauna; GT Água; GT Percepção e Educação Ambiental, e, GT Emissão de Carbono) e sua implementação, com o envolvimento de professores, alunos de graduação e pós-graduação e funcionários e em disciplinas acadêmicas vem consolidando o Campus como um exemplo de aplicação de uma sustentável politica socioambiental, contando para tal de uma brigada de vigilantes, protetores de nosso meio ambiente. Nesta direção, corrobora a afirmação do Dr. Paulo Saldiva/Faculdade de Medicina da USP na reportagem do Jornal da USP: Contato com o meio ambiente é vital para a saúde física e mental, e seu argumento de que: "A sensação de bem-estar propiciada com a natureza contribui para melhor funcionamento de nosso organismo".
Há outros estudos e ações que referenciam o cuidado com nosso cotidiano socioambiental e no particular grupos de pesquisa e de extensão, entre eles, alguns associados ao Programa USP Recicla (sob a coordenação da Engenheira Florestal e Doutora em Ciências Ana M. Meira, Chefe do Serviço de Gestão Ambiental do Campus), que vem atuando na consolidação e efetivação do Plano Diretor Socioambiental Participativo do Campus. É lembrado ainda, com relação à saúde física, a criação, em tempos recentes e a céu aberto, dos espaços de bem-estar com placas fotovoltaicas para carregar celulares e computadores, aspersores para refrescar e futuras instalações de bancos com resíduos de poda, para que possam contemplar e usufruir mais ainda do parque. Em andamento, árvores estão recebendo pequenas placas com QR Code para sua identificação. O caminhante que queira recebe mais dados sobre uma espécie, basta apontar a câmera do celular para o QR Code e tomar ciência de uma série de informações sobre a referida espécie (ver em www.adealq.org.br/blog: Cuidando da Gloriosa, Roberto A. de Souza Lima, Prefeito do Campus, inserido em 09/05/2022).
O importante dessas informações é que cada habitante do cotidiano do Campus se conscientize e se sinta coproprietário, se envolvendo e se comprometendo com os gestores do Campus na consolidação deste Plano Diretor Socioambiental Participativo do Campus 'Luiz de Queiroz'. Um parêntese: Adicionalmente, há na Prefeitura do Campus, nas áreas de Serviços (entre eles, o de Áreas Verdes e Meio Ambiente), de Seções (entre elas, a de Parques e Jardins, Centro de Convivência Infantil e a de Vigilância) e de Seções Técnicas (entre elas a de Práticas Esportivas/SCPRAES e de Promoção Social e Moradia Estudantil/DVATCOM), atividades e funções cotidianas que reforçam e contribuem com o fortalecimento dos sentimentos de pertencimento, de responsabilidade socioambiental e de gestão e educação ambiental.
Quem teve uma experiência profissional antes de vir para o Campus, se sente agraciado e valoriza a sua vinda para Piracicaba. Dois de nossos funcionários, que se transferiram recentemente da Cidade Universitária (Campus USP, São Paulo), manifestaram seu contentamento e felicidade em se transferir para Piracicaba. Argumentam, entre outras, que são inúmeras as vantagens, como a facilidade de mobilidade, poucos minutos para chegar ao Campus, comparativamente ao estressante tempo gasto e trânsito infernal enfrentado em São Paulo, o "modus vivendi" com a poluição sonora e do ar na capital, deixando claro que em nosso Campus "trabalhar aqui é viver em um mundo paradisíaco".
Uma confissão: a mesma sensação senti em minha caminhada profissional. Depois da graduação, em 1966, fui trabalhar em São Paulo, inicialmente no Instituto de Planejamento Agrícola Regional/INPAR - Fundação Thomas Alberto Whately, janeiro/1967 a abril/1968, localizado na Rua Traipu/Bairro Pacaembu; posteriormente, como assistente técnico e pesquisador, via concurso público, no Instituto de Economia Agrícola, órgão de pesquisa da Secretaria da Agricultura, abril/1968 a agosto/1974. Inicialmente nas Seções de Administração de Empresas Agrícolas e Seção de Economia das Explorações Agrícolas da Divisão de Economia da Produção, localizadas na Rua Direita e, posteriormente, na chefia da Assessoria de Programação do IEA, localizado no antigo prédio da Secretaria da Agricultura, no Pátio do Colégio, próximo à Praça da Sé (centro geográfico e histórico de São Paulo).
Residia na Rua Caiowaá/Sumarezinho, caminhava 3,5 quadras até a Alfonso Bovero (altura da Antiga Rede Tupi de Televisão), daí via ônibus (Dr. Arnaldo, Consolação...até o centro...quarenta minutos ou pouco mais até a Praça da Patriarca e Rua Direita). Almoçava ou lanchava por perto e no fim da tarde regresso à Rua Caiowaá. Pouca atenção à família.
O sonho de vir para a Escola, que começara em setembro de 1958, quando participante da equipe de basquete de Lins nos Jogos Abertos do Interior em Piracicaba, tem início com a visita para conhecer a ESALQ, a convite de um amigo que morava na cidade. Fiquei encantado e deslumbrado com sua beleza arquitetônica e sua riqueza vegetal e firmei que aqui viria estudar e, se possível, um dia fazer parte de seu corpo docente (www.adealq.org.br/blog - Amor à primeira vista, inserção em 18/09/2016).
O sonho começa a se tornar realidade quando em 1972, ainda no Instituto de Economia Agrícola e com sua permissão, fui convidado a ministrar a disciplina LES-740: Economia da Produção II (75 horas/aula no 2º semestre), no curso de Pós-Graduação em Economia Rural do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (hoje Departamento de Economia, Administração e Sociologia). Um parêntese: Sou eternamente grato ao Instituto de Economia Agrícola por me ter propiciado desenvolver meu mestrado e ter facilitado o desenvolvimento de pesquisas e artigos técnicos nas áreas de economia da produção e de indicadores de preços/inteligência de mercado, que pude transferir, temporalmente, aos meus alunos de graduação e pós-graduação.
Este convite reforçou meu sonho de voltar à ESALQ como docente, o que foi concretizado definitivamente via concurso, em 1974. Hoje, 50 anos depois, Professor Senior aos 80 anos (aposentado aos 70 anos, em 05/08/2011), vivo o que sempre sonhei em fins dos anos 50. Se indagado sobre o que faria em uma volta no tempo, diria que seguiria a mesma rota traçada desde 1958.
Esses são exemplos de quem, antes de ingressar na ESALQ, vivenciou uma experiência profissional externa ao Campus. Conhece algum exemplo invertido?
Posso citar um, que ocorreu com um colega formado no início da década de 70 e já falecido. Natural de Piracicaba, nativo, como são definidos e conhecidos no ambiente esalqueano os nascidos neste município, ingressou na ESALQ. Ao se formar foi trabalhar numa organização cuja sede era no centro de São Paulo. Anos atrás, nos fins de semana, caminhar na ESALQ era uma atividade que eu praticava e este colega, nos fins de semana, vinha a Piracicaba visitar a família. Um sábado, eu o encontrei correndo na ESALQ. Parou para conversar comigo e disse algo assim: "Vavá, não está fácil trabalhar em São Paulo, naquela "loucura" do centro, com pessoas com nervos à flor da pele, um mundo de estressados. Agora, depois de ter nascido e vivido aqui até me formar, dei pouca importância à minha vida piracicabana. Pouco aproveitei deste parque e de seu mundo vegetal. Quanto tempo de minha vida eu perdi. Eu era feliz e não sabia".
Finalizando: Feliz daquele que exerce sua atividade diária em nosso Campus e que tem consciência do quão importante é, para sua saúde física e mental, o "curtir" e sentir sua beleza arquitetônica e sua paisagem arbórea. Aos demais, que não tiveram esta ventura, como faço com minha turma F-66, ao encaminhar fotos de nosso Campus e de nossas árvores comemorativas (Amburana cearensis, plantada em janeiro de 1967, e mudas plantadas em 2016, comemorativas de nosso Jubileu de Ouro, ambas no entorno do lago defronte o Pavilhão de Engenharia), repito o simbolismo de "Me inveje que eu gosto". Paciência. Ponto final.