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Na minha época (Arara; F85)

10/05/2018 - Por luís reynaldo ferracciú alleoni
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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"Estudei Engenharia Agronômica na ESALQ de 1982 a 1985. Foram anos de muita efervescência política, com alguns movimentos populares, como as Diretas-Já, que buscavam a possibilidade de eleições diretas para presidente da república. O Presidente da República na época era o General João Batista Figueiredo e o Governador de São Paulo era Paulo Maluf. A ESALQ tinha mais 2 cursos: Engenharia Florestal e Economia Doméstica. O diretor da ESALQ era o Prof. Aristeu Peixoto, do Dep. de Zootecnia. A prefeitura do campus só foi instituída em 1985.

Não havia ainda autonomia universitária, e as Universidades Estaduais paulistas ficavam na dependência direta da administração do governo do estado.

Participei ativamente da vida estudantil durante os 4 anos de escola (o curso de Agronomia passou para 5 anos a partir de 1985, embora já tivesse sido de 5 anos até 1973, passando a 4 anos de 1974 a 1987).

Sempre gostei de esporte, tendo jogado futebol de campo, futsal e basquete. Já no primeiro ano fui a Curitiba, nas Agronomíades Regional, que envolvia as escolas de São Paulo e Paraná. As Agronomíades Regionais eram realizadas nos anos pares e as Nacionais, nos anos ímpares. Elas foram em Mossoró (RN)- 1983 (fomos com 2 ônibus), Maringá (PR) – 1984 (foram mais de 100 participantes da ESALQ) e João Pessoa (PB) - 1985 (fomos com 3 ônibus). Só não fui a Maringá, justamente quando era Presidente da AAALQ, por ter tido contusão séria uma semana antes da viagem, durante um jogo de futebol do time da escola.

Fui Presidente da AAALQ no ano 83/84 - as gestões iam de julho de um ano a agosto de outro ano. Logo que assumi tive de organizar os 80 anos da AAALQ, num evento que contou com a Poli (USP), Engenharia (Mackenzie) e Odonto (Unicamp). O InterAnos era realizado em Agosto, o Interrepúblicas em novembro.

Realizamos em outubro um torneio com os ex-alunos na Semana Luiz de Queiroz e fomos a Ribeirão Preto, no Agro-Med - foram 2 ônibus e mais de 50 colegas de carro. Em 1983 retornamos a nos filiar à FUPE (Federação Universitária Paulista de Esportes). Um fato interessante foi a não necessidade de pagamento de taxa de adesão, pois tínhamos sido umas das Associações Atléticas fundadoras da FUPE no início do século passado. A equipe de pólo-aquático da escola era muito forte e disputou diversos torneios da LUPE em São Paulo.

No primeiro semestre de 1984, depois de muitos anos, reativamos o Inter-Bichos em Piracicaba, num evento organizado juntamente com a Unimep, Odonto Unicamp e Escola de Engenharia de Piracicaba. Na semana-santa fomos a Maringá, onde conseguimos o título de Campeões Gerais. Ainda em 1984 recebemos o pessoal da Fac. de Direito da USP (torneio Baxaréu-Baxaria). Portanto, organizamos e/ou participamos de pelo menos um torneio por mês durante nossa gestão.

Muitos times da escola eram fortes, como futebol, basquete, natação e tênis de mesa. Nesses torneios sempre disputamos os títulos. Um dos principais foi nossa vitória no futsal em 1985, no torneio Inter-USP, quando vencemos a Medicina Pinheiros na decisão. A foto do time está no livro do centenário da ESALQ. Além de mim, alguns dos atuais docentes da ESALQ defenderam a AAALQ naqueles anos, como os Profs Gerd Sparovek e Jussara Regitano (basquete), João Spotti Lopes (atletismo) e Dante Lanna (handebol).

Apesar da resistência de muitos colegas, fomos os primeiros a inserir propaganda nos uniformes da escola e nos troféus dos torneios. Nos anos seguintes, o patrocínio tornou-se mais comum nos uniformes.

Naquela época os uniformes eram lavados por uma funcionária da ESALQ. Lembro-me de um dia ter marcado audiência com o Diretor da ESALQ (Prof. Joaquim Engler) para fazer uma reclamação de que por algum motivo a funcionária havia informado que não mais faria esse serviço gratuito à AAALQ. O Prof. Engler informou que se tratava de um mal-entendido, e a funcionária continuou por mais algum tempo prestando esse serviço à Atlética. Hoje esse tipo de serviço gratuito é impensável.

Após ter terminado a gestão na presidência da AAALQ, fui Vice-Presidente Administrativo do CALQ no ano seguinte. Aí as preocupações eram outras, principalmente relacionadas a manter a estrutura do prédio da CALQ e também a família do Seo Roque, que na época ainda não era funcionário da USP. A renda que obtínhamos era gerada basicamente a partir do pagamento das anuidades pelos alunos, do Departamento Editorial (DECALQ), que fazia as apostilas de todas as disciplinas da ESALQ, e da Cooperativa, que vendia material escolar a um custo mais baixo que o de livrarias da cidade.

As promoções às quintas-feiras eram chamadas de Butecalq. A renda da portaria ficava com o CALQ e o bar era dividido entre Comissões de Formatura, AAALQ, CineCALQ, Comissão de Integração etc. Tanto para o CALQ como para as diversas entidades, as promoções extremamente lucrativas e permitiam que fosse possível sustentar toda estrutura do prédio. Fizemos também alguns eventos como shows com Sá e Guarabyra, Taiguara, Camisa de Vênus e peças de teatro, com Denise Stoklos e outros.

Praticamente todos os meses havia uma semana técnica, realizada à noite, no prédio do CALQ e organizada por alunos com ajuda de professores. Toda renda era revertida ao Centro Acadêmico.

A experiência de ter participado de atividades estudantis me marcou para o restante da vida. Tive a oportunidade durante os quatro anos de conviver com diversas situações que me ajudaram a amadurecer. Fiz tudo isso levando a escola a sério, não tendo sido reprovado em nenhuma disciplina e tendo feito iniciação científica no Dep. de Engenharia Rural e na Fazenda Areão, na época coordenada pelo Dep. de Solos, Geologia e Fertilizantes.

Recomendo fortemente aos alunos que procurem se engajar em alguma atividade extra-classe, principalmente as ligadas ao movimento estudantil. Lembrem-se de que o tempo de faculdade não volta mais, e cada dia deve ser vivido intensamente. Muitas vezes os alunos não têm idéia da força que possuem.

Além dos estágios curriculares, que são fundamentais para formação acadêmica do estudante, é recomendável se envolver em causas coletivas, pois isso ajuda a formar a consciência crítica do cidadão, complementando sua formação como indivíduo. Hoje em dia as empresas e demais instituições procuram bons técnicos, mas que saibam também trabalhar em equipe e conviver com outras pessoas, num ambiente complexo e extremamente competitivo. A fase de faculdade é um ótimo período para começar esse treinamento para a vida profissional."
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