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Mito e Mentira Científica (Drepo F70)
22/01/2016 - Por eduardo pires castanho filhoAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
A recente COP- 21 em Paris foi saudada como se
fosse a redenção para o futuro da Terra. Até que enfim, quase 200 países do
mundo chegavam a um consenso do que fazer para reverter o clima terráqueo.
Partiu- se da premissa que reduzindo a queima de carbono fóssil a atmosfera do
Planeta, principalmente a temperatura, fique com um aumento de no máximo 2ºC
até 2050.
A "mídia" tratou o assunto como se não
houvesse dúvidas a respeito e que a questão estaria equacionada. Compraram o fetiche
de bom grado e grandes ganhos.
Como conseguiram determinar tamanha precisão
nas previsões? Quem respaldou essa barbaridade foi o establishment científico
atual representado pelo IPCC. Na época de Galileu Galilei era a Igreja com a
sua Inquisição. Com Darwin era a Academia Inglesa, o que, no entanto, não
impediu que haja criacionistas até hoje em dia. A relação parece ser "chute
científico". A "certeza", avalizada pelo IPCC, hoje oscila em torno de 95%, de que
o aquecimento é antropogênico. O processo de confronto da teoria
com as observações poderá, eventualmente, provar a justeza ou a falsidade da
teoria em pauta. Não
existe cientificamente nada que garanta que se houver uma redução do consumo de
combustíveis fósseis, nos níveis propostos, será possível manter a temperatura terrestre
em mais dois graus. É evidente que poderá ser maior ou menor, até porque boa
parcela da comunidade científica, que estuda e pesquisa o clima, não está
convencida da causa antropogênica.
Pelo contrário, entendem que as causas são
"naturais"- sol, oceanos, albedo, e que a relação entre Carbono na atmosfera e
temperatura é inversa ao que o IPCC
propala: o Carbono é consequência e não causa da temperatura. Além
disso, as relações entre temperatura, concentração de CO2 e outros
gases do efeito estufa, acrescidos de vapor d"água na atmosfera e aerosóis, têm
efeitos controversos sobre o aumento ou a redução da umidade, da pluviometria e
dos níveis de absorção de radiação solar pelas diferentes coberturas da
superfície da Terra (agricultura, cidades, florestas, desertos, geleiras e da reflexibilidade
da terra- albedo) e apresentam resultados muito diferentes, dependendo dos
estudos que são feitos e os locais onde são feitos.
Além disso, os modelos em que essas previsões
foram estimadas não conseguem incluir todas as variáveis relacionadas ao clima,
até porque inevitavelmente muitas delas são desconhecidas, o que faz com que
sejam incompletos e instrumentos mais adequados à pesquisa e estudos
acadêmicos. Vários trabalhos científicos mostraram que eles não funcionam:
precisam de "ajustes" para chegar às conclusões pretendidas. E não se comportam
como equação- quando instados a reproduzir os dados do passado, a partir de
suas previsões, não o conseguem.
É óbvio que o incentivo econômico trazido pela
Conferência é muito grande e bem vindo: serão quase um trilhão de dólares
anuais para a substituição dos combustíveis fósseis o que, de certa forma,
esmaece o poder econômico de um "lobby" petroleiro, enfraquecido pela queda de
preços do petróleo.
A redução de consumo pretendida será muito benéfica
para o planeta, mas não por causa de um pretenso aquecimento antropogênico.
Em termos ambientais a Humanidade já conseguiu
destruir habitats; reduzir a disponibilidade de água; criar ilhas de dejetos no
mar; extinguir espécies; desertificar extensas áreas de terra; secar lagos e
mares; esterilizar solos, poluir mananciais, criar aberrações genéticas, porém,
não há nenhuma prova de que seja capaz de alterar o clima em termos
planetários- o modifica em termos locais, como são as ilhas de calor das
grandes áreas urbanizadas, por exemplo.
Mais ainda, se é que de fato exista
aquecimento climático antrópico, ele não é resultante do CO2 das
atividades agropecuárias e silviculturais. E, ainda, se as florestas estiverem
em homeostase significa que elas são neutras para CO2 e para
oxigênio, não tendo nenhum papel num eventual aumento ou redução desses gases
na atmosfera.
Há
aproximadamente 30 anos a tese do aquecimento começou a se fortalecer e foi
baseada em medições que indicavam um aumento da concentração de determinados
gases na atmosfera. No entanto, essa hipótese gerou dúvidas desde o princípio.
É óbvio e salutar que a teoria científica seja sempre conjectural e provisória.
Acrescente-se a isso princípios de ordem ética, como a questão da honestidade
intelectual, quando é imperativo reconhecer os erros, para que o conhecimento
avance.
A
"luta" ambientalista de vários anos foi pela sustentabilidade, apesar
de utilizar-se de outros nomes. Ela visava controle e/ou eliminação da
poluição, formas limpas e renováveis de energia, padrões diferentes de
comportamento e consumo, uso de tecnologias mais adequadas ao ambiente natural,
preservação das variadas formas de vida, restrição ao uso de recursos naturais
finitos, reciclagem, reaproveitamento, etc.
Subitamente
o CO2 surgiu como responsável pelo aquecimento e a questão do clima
se transformou num poderoso catalisador da luta ambiental, arrebatando corações
e mentes. Teorias conspiratórias à parte transformou-se o CO2, gás
responsável pela vida na Terra, em "poluição".
A redução
das emissões é importante pela diminuição da poluição, bem como pela
preservação de recursos naturais finitos, através do emprego das energias
renováveis e tecnologias adaptadas. A queima do petróleo e do carvão não é
nociva apenas por um questionável efeito no aquecimento, mas por poluir, por
exemplo, através do enxofre, provocando chuva ácida, que acaba matando
florestas e esteriliza biologicamente cursos d"água, como pelos elementos
particulados e pelo esgotamento de um recurso finito, que poderia amanhã estar
sendo usado para a produção de alimentos, através de sínteses. A utilização
desenfreada de outros recursos naturais não renováveis insere-se no mesmo
padrão.
A redução
dos desmatamentos e das queimadas, a adoção de técnicas sustentáveis pela
agricultura, o aumento de produtividade das pastagens, o incremento das áreas
florestais, a proteção da biodiversidade e de recursos hídricos, e assim por
diante, são compromissos que devem ser assumidos porque apontam para um mundo
mais equilibrado e mais sustentável, transitando de ecossistemas simples para
os de maior complexidade.
A forma
simplista de atribuir à agricultura e à pecuária grande parcela de
responsabilidade pela emissão de gases efeito-estufa é fruto do desconhecimento
completo de como se processam essas atividades. Colocar os efeitos de
queimadas, no mais das vezes criminosas, como emissão de gases pela
agropecuária é, sem dúvida, anti científico e intelectualmente desonesto.
É primordial que se atente o olhar sobre as atividades agrícolas que são
as únicas ações humanas que captam carbono da atmosfera e o transformam em
fibras, alimentos, energia, etc. Fazem o papel que os antigos fisiocratas
conferiam ao setor: é o único que produz, enquanto os outros apenas
transformam. No cômputo geral, mesmo que um provável aquecimento global se
devesse também às atividades humanas, o papel da agropecuária nesse processo
seria desprezível.
Eduardo Pires Castanho Filho (Drepo F70) Engenheiro Agrônomo, Ex morador da Republica do Pau Doce