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Mercados Árabes (Hulq; F99)
10/04/2020 - Por marco lorenzzo cunali ripoliAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
Esta semana, entre reuniões virtuais e webinars, participei dia 08/04/2020 do "Webinar Câmara Árabe" a convite da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, que a mais de 67 anos tem por objetivo debater, facilitar, realizar estudos e propor políticas para o setor do agronegócio entre ambos os países, sendo um polo para discussões de assuntos do interesse das entidades representativas do setor.
O evento conduzido pelo Sr. Rubens Hannun, Presidente da Câmara contou com a participação da Ministra da Agricultura Sra. Teresa Cristina, juntamente com o Secretário-Geral da União de Câmaras Árabes Sr. Khaled Hanafy e com o Secretário-Geral & CEO da Câmara de Comércio Árabe Brasileira Sr. Tamer Mansour, juntamente com outras lideranças do agronegócio, para tratar sobre a cadeia de suprimentos no setor de alimentos, perspectivas e desafios no atual cenário.
Mesmo que o volume das transações comerciais entre o Brasil e os países Árabes venham crescendo ano após ano, ainda é visto como muito baixo mediante ao desejado e o potencial que podemos atingir. Manter o "trade" aquecido para evitar qualquer deterioração do comércio é tarefa primordial, com o intuito de beneficiar ambas as partes. Para isso é necessária mudar a forma de nos relacionar, não apenas pensando na importação e exportação propriamente ditas, mas fazer isso de forma estratégica.
Agregar cada vez mais valor a cadeia alimentar, buscar novas atividades que contribuam a com a cadeia de suprimentos promovendo a infraestrutura em melhoria e construção de novos portos, rodovias etc., ou seja, mais investimentos! O custo da logística muitas vezes torna o negócio impeditivo.
É hora de parar de falar sobre Covid-19, pois daqui alguns meses ou quiçá um ano, isso já será passado. Precisamos sim, falar sobre desenvolver e acessar novos mercados e com isso direcionar estes novos investimentos, no maior número de elos da cadeia produtiva e de consumo. Devemos criar "hubs" de produtos brasileiros nos países árabes e trabalhar de forma coletiva, não se esquecendo dos consumidores no lado árabe.
É preciso um melhor entendimento em como trabalhar na abertura de novos produtos e mercados. O Ministério da Agricultura tem se empenhado em manter os mercados abertos, contudo ainda existem entraves colocados por alguns mercados que vem trazendo barreiras aos nossos produtos e está aberto para tratar de forma conjunta políticas e ações que visam superar qualquer dificuldade e apoia as empresas brasileiras
É preciso ajudar a reduzir os custos de produção, principalmente por meio da melhoria em infraestrutura, transporte marítimo e terrestre... um grande desafio! Medidas para liberação de crédito para pequenos produtores e pequenas cooperativas familiares já estão encaminhadas, sendo que algumas já aprovadas. Por exemplo os R$ 500 milhões para compra de hortifrutigranjeiros e flores.
O cooperativismo é uma forma clara de sucesso de como o pequeno produtor rural, quando bem organizado, pode participar do mercado internacional. As cooperativas promovem o valor a seus cooperados pois buscam garantir os contratos de fornecimento, privilegiando a qualidade de venda de seus contratos e o prazo, não ficando apenas fixada ao preço como única variável.
Os países árabes já são os segundos maiores parceiros comerciais do Brasil em consumo, por isso volto a reforçar que é preciso desenvolver um planejamento estratégico que beneficie ambos os mercados, com oportunidades e tecnologias para desenvolvimento da agropecuária. Temos muito a fazer juntos!
O Agro não para!
Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, Ph.D. é Engenheiro Agrônomo e Mestre em Máquinas Agrícolas pela ESALQ-USP e Doutor em Energia na Agricultura pela UNESP, executivo, disruptor, multiempreendedor, inovador e mentor. Proprietário da BIOENERGY Consultoria e investidor em empresas. Acesse www.marcoripoli.com