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Mercado do boi gordo no último trimestre

21/08/2016 - Por alcides de moura torres junior
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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 Segundo dados preliminares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), os abates de bovinos caíram 2,5% no primeiro semestre, na comparação com o mesmo período de 2015. 

Vale ressaltar que em 2015, no mesmo intervalo, já havia ocorrido uma retração de 7,0%, na comparação com os primeiros seis meses de 2014. 


Os embarques de carne bovina sentiram o efeito do câmbio em queda e em julho ocorreu a primeira diminuição no volume exportado na comparação anual, considerando a carne bovina in natura.


Em maio, as cotações do boi gordo para outubro no mercado futuro superaram os R$167,00/@, à vista, em São Paulo, cerca de R$11,00/@ maior que o observado em meados de agosto. Em um bovino de 20@, por exemplo, a perda é de R$220,00 por cabeça. 


Vale ressaltar que aqui estamos comparando as expectativas dos participantes do mercado, e que podem ser convertidas em lucro se o produtor usar as ferramentas disponíveis de gestão de risco.


Deixar de ganhar não é perder, mas fica um belo exemplo de como estas formas de comercialização, como o mercado a termo, contratos futuros e de opções, representam boas oportunidades. 


No ano passado a história foi semelhante.


O que vem por aí?


A expectativa é de uma oferta crescente de boiadas confinadas, mas sem grande volume. A disponibilidade de bois de cocho diminuiu este ano, principalmente devido à situação de custos em alta.


Tanto a alimentação, como a reposição não estão em patamares atrativos, mesmo considerando a melhoria da relação de troca com reposição observada nos últimos meses em boa parte das regiões produtoras. Ou seja, a oferta do gado confinado não deverá, por si só, ter força para pressionar as cotações. 


Na verdade, o confinamento, mesmo que seja intensivamente usado pelos frigoríficos como estratégia para garantia de oferta (gado próprio, termo e parcerias), normalmente não contrapõe um mercado em alta.


Associando a expectativa de oferta de confinamento modesta à disponibilidade geral menor, já observada nos últimos meses, do lado da oferta o cenário é positivo para as cotações. 


Do lado da demanda, porém, a economia não ajuda. No trimestre de abril a junho a taxa de desemprego ficou em 11,3%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), aumento de três pontos percentuais frente ao mesmo período de 2015. 


Isso tem refletido no consumo e nas margens da indústria. A figura 1 mostra a movimentação histórica do Equivalente Scot, que demonstra a receita de um frigorífico no mercado interno e a evolução das cotações do boi gordo. 


Para ilustrar, utilizamos as cotações em janeiro de cada ano como base 100 e apresentamos as movimentações médias desde 2008, primeiro ano com dados completos para o indicador Scot Desossa. 


Aqui cabe a ressalva de que as médias não contemplam detalhes conjunturais de cada ano, mas dão uma visão geral.


Observe que na média do período analisado ocorreram altas de 9,2% para a receita (Scot Desossa) e 7,6% para o boi gordo entre agosto e novembro (pico médio para ambos). 


Ou seja, a margem de comercialização ganhou algum fôlego no intervalo analisado. A média em cada mês, considerando o período de 2008 a 2015, está na figura 2.


Mesmo que ocorra melhoria da margem, o patamar observado neste ano está bem abaixo da média analisada.



Expectativas


Para os últimos meses do ano a expectativa é de que haja alguma melhora da demanda, embora a situação econômica, que não é novidade, limite valorizações. 


Com a oferta do boi gordo curta, situação que deve continuar, a tendência é que melhorias no escoamento gerem aumento da demanda por boiadas e, consequentemente preços. Lembrando que o aumento no escoamento deve ser modesto, assim como possíveis valorizações para o boi gordo. 


Quanto às exportações, há o patamar cambial atrapalhando, mas temos notícias positivas, como a abertura dos Estados Unidos para a carne in natura brasileira. 


Embora só possamos contar parcialmente com as exportações, no que diz respeito à demanda, é um fator positivo, principalmente pelo efeito de outros clientes que possam vir no "pacote". De toda forma, cautela com as expectativas neste ponto. 


Em resumo, nos próximos meses espera-se alguma melhoria na demanda, possivelmente gerando alívio à margem e maior busca por boiadas.

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