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Maratona na Grécia (Capão; F85)
17/11/2018 - Por roberto arruda de souza limaAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
Ευχαριστ
O título não é o nome de nenhum bixo (que eu saiba), mas significa “obrigado” em grego (pronuncia-se “efcaristo”). E representa meu sentimento ao ter completado minha 13ª maratona, desta vez a que deu origem ao nome da prova. Percorri o trajeto feito pelo soldado Fidípedes em 490 a.C. da cidade de Maratona até Atenas para anunciar a vitória sobre o exército persa. Sem dúvida, uma das batalhas mais importantes para civilização ocidental.
Se os gregos tivessem perdido, possivelmente não conheceríamos Platão, Sócrates, Pitágoras e, especialmente, a democracia. E foi uma vitória da estratégia, já que os atenienses eram muito inferiores em quantidade de soldados.
Estratégia é a explicação para eu concluir uma maratona também. Graças às aulas de entomologia é possível entender como os coleópteros voam apesar de seu corpo nem um pouco aerodinâmico. Explicar como eu corro com meu corpo nada parecido com os atletas do pelotão de elite é mais complicado...
Primeiro lugar vem o apoio de várias pessoas, a maratona é resultado de um trabalho coletivo. Entre os responsáveis, está o nosso grupo “ESALQ RUNNERS”. Muito bom participar do grupo no whattsapp e no strava, sempre boas dicas e apoio, aberto a todos esalqueanos que gostam de corrida, independente de distâncias e de tempos. Na Grécia estava com a camiseta do grupo, levando o A Encarnado no peito.
A prova conta com grande apoio da plateia, aplaudindo praticante ao longo de todo percurso de 42 km. A Grécia passou há alguns meses por um grande incêndio que resultou em grande destruição material e, infelizmente, de muitas vidas. Na parte que atravessamos a área onde ocorreu o incêndio havia por centenas de metros, talvez alguns quilômetros, inúmeros pessoas perfiladas à beira da estrada, vestidas de preto com camisetas estampadas mensagens referentes às vítimas. Corredores e público aplaudindo numa manifestação emocionante. Já havia sentido algo parecido na São Silvestre logo após o acidente com o time da Chapecoense, quando todos gritavam “dá-lhe...dá-lhe Chape” no túnel da Paulista com Consolação. Emociona de verdade.
Ao contrário da maioria das maratonas que, costuma-se dizer, iniciam-se no Km 30 (quando o cansaço pega para valer), essa começa no km 20, com uma longa subida (cerca de 10km) do nível do mar até a altitude do centro de Atenas. Os últimos 10-12 km são de descida, hora de correr e recuperar o tempo gasto na subida...só que não. Os músculos das pernas, fatigados com o esforço, não permitem acelerar e terminei com um dos meus piores tempos totais (5:10 horas...), mas com satisfação imensa. Sem contar que a chegada é no espetacular estádio Panatenaico, onde ocorreu a chegada da primeira maratona da era moderna e também onde o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima chegou fazendo aviãozinho na final da maratona onde foi agarrado por um louco padre irlandês, o que lhe tirou o primeiro lugar mas não o brilho esportivo. Tentei repetir o aviãozinho na chegada, mas confesso que ficou meu esquisito meu Airbus A-380 (meu sobrepeso não combina com aviãozinho...).
No final, valeu muito. Resiliência, estratégia, superação, conquista, várias palavras e sentimentos que só uma maratona proporciona. Ευχαριστ? Grécia, Ευχαριστ? ESALQ RUNNERS.