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Logística do Etanol - Mudanças de Infraestrutura (Pituxita)
04/09/2015 - Por thiago guilherme péraAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

Artigo originalmente publicado no
Jornal da Cana, edição de setembro/2015.
A gestão da cadeia de suprimentos do etanol é responsável
pelo planejamento integrado da movimentação dos insumos e produtos, integrando
oferta e demanda entre usinas e empresas (fornecedores de insumos agrícolas e
de cana-de-açúcar, bases de distribuição, transportadoras etc.) em diversos
elos, tendo como atividades básicas: fornecimento, aquisição, conversão e
logística.
Particularmente, a logística do etanol envolve o
planejamento e operações dos sistemas físicos, informacionais e gerenciais
necessários para que combustível chegue ao lugar certo, na hora certa, em
condições adequadas e que se gaste o menos possível com isso.
Nesse sentido, a matriz de transporte recebe uma
importância fundamental por ser responsável pela fluidez da movimentação de
etanol no território nacional, afetando uma série de indicadores - dentre eles,
a segurança da via, emissões de gases de efeito estufa, tempo de viagem e
custos. De acordo com a Confederação Nacional de Transportes (CNT, 2014), a
matriz brasileira de transportes de cargas é composta pela participação do
modal rodoviário na ordem de 61,1%; do ferroviário de 20,7%; do aquaviário de 13,6%
e dos demais modais (dutoviário e aéreo) com 4,6%.
Especificamente, na logística de distribuição de etanol das usinas e destilarias do setor sucroenergético para as bases de distribuição e portos, existe uma predominância ainda muito grande do modal rodoviário, acima de 90%. Atualmente, a logística de etanol tem passado por algumas mudanças em sua estrutura, decorrência principalmente da entrada da dutovia, a qual já é uma realidade e tem demonstrado uma competitividade para a minimização dos custos logísticos envolvendo um nível de serviço desejável. A Figura 1 ilustra o mapa do projeto hidro-dutoviário de etanol.
Figura 1. Infraestrutura multimodal hidro-dutoviária de etanol projetada
No ano de 2014, segundo dados da Logum, a movimentação de
etanol na dutovia foi na ordem de 1,4 milhões de metros cúbicos, sendo que a
movimentação em Ribeirão Preto representou 44% do total.
Segundo
as informações do Sistema de Informações de Fretes (SIFRECA-ESALQLOG/USP), o
indicador do preço de frete rodoviário de etanol de Ribeirão Preto para
Paulínia no mês de junho/2015 foi de R$ 50 por metro cúbico, enquanto o frete
dutoviário do mesmo trecho é na ordem de R$ 24 por metro cúbico, uma economia
de 52%.
Em
um estudo recente desenvolvido pelo Grupo ESALQ-LOG, o custo médio de
transporte de etanol no Centro-Sul brasileiro é na ordem de R$ 71,70 e R$ 68,45
por metro cúbico para etanol hidratado e anidro, respectivamente. A
expectativa que se tenha para um cenário de longo prazo (2020) é que esses
custos venham a ter reduções acima de 20%, com a entrada completa do sistema
duto-hidrovia para a logística do etanol, o qual pretende movimentar cerca de 20
milhões de metros cúbicos. O grande fator de competitividade no transporte
multimodal é a paridade dos custos logísticos entre rodovia, hidrovia e
dutovia.
Os
principais desafios da logística do etanol dizem respeito às melhorias nas
distribuições de etanol em regiões mais remotas com um déficit muito grande de
infraestrutura e que tenham uma alta dependência do modal rodoviário em rotas
de longas distâncias, afetando fortemente a competitividade do produto. Mais
ainda, é buscar economias de escalas logísticas compatíveis às observadas com
os derivados do petróleo.
O Grupo ESALQ-LOG da Escola Superior de Agricultura "Luiz
de Queiroz", Universidade de São Paulo, dentre outras atividades, realiza
levantamentos contínuos de informações de fretes rodoviários de produtos do
agronegócio, em todo o território brasileiro, através do Sistema de Informações
de Fretes (SIFRECA- ESALQ-LOG/USP), bem como projetos de pesquisa no ambiente
da logística. Maiores informações em: http://esalqlog.esalq.usp.br/
Autores
Thiago Guilherme Péra (Pituxita) é engenheiro agrônomo formado
pela ESALQ-USP (2012), mestrando em Engenharia de Sistemas Logísticos pela
Escola Politécnica da USP e coordenador do Grupo ESALQ-LOG.
Prof. Dr. José Vicente Caixeta Filho - Graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1984), Mestrado em Economics - University of New England (Austrália, 1989), Doutorado em Engenharia de Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1993) e Pós-Doutoramento na Christian-Albrechts Universität zu Kiel (Alemanha, 1994). Coordenador do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (ESALQ-LOG). Diretor da ESALQ no período compreendido entre 2011 e 2014 quando foi também o Presidente do Conselho Consultivo da ADEALQ