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Lealdade (Lerdo; F94)

04/10/2018 - Por kleber marins de paulo
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Roberto Rodrigues (*)
Kleber De Paulo (**)

Tempos bicudos estes que estamos vivendo.

Há uma insegurança muito grande quanto ao futuro do país, quanto ao resultado das eleições e quanto a que farão os eleitos, seja para o Executivo, seja para o Parlamento em todos os níveis. Não bastasse esse nublado cenário interno, o mundo também vive mais turbulências do que em circunstâncias normais, com a guerra comercial em andamento, com as trágicas migrações da África, Ásia e Oriente Médio para a Europa, e com ameaças à democracia global.

Há uma irritação latente entre os cidadãos brasileiros, cansados de incompetência de autoridades e das recorrentes denúncias de corrupção que nem sempre recebem a punição esperada, da falta de lideranças na sociedade civil ou da ausência de elites reconhecidas; estão cansados com o resultado inflacionário da greve dos caminhoneiros, com os problemas diuturnos do desemprego, da baixa qualidade do ensino, da saúde, da segurança pública e da mobilidade urbana. Tudo ruim, e, com tanta incerteza, ninguém se anima a investir, derrubando a expectativa de crescimento do PIB que havia no começo do ano.

As pessoas estão com os nervos à flor da pele, idiossincrasias reascendem, antipatias pessoais nascem do nada e até a tolice do “nós contra eles” ganha espaço.

Mas é preciso manter o equilíbrio, a todo custo. Só assim conseguiremos sair dessa longa crise que remonta há mais de 5 anos e só assim, com bom senso e boa vontade acharemos os caminhos do desenvolvimento equitativo e sustentável do país.

Para isso, é fundamental cultivar a lealdade. Não é uma qualidade fácil de manter numa realidade cuja característica é a “Lei de Gerson”, pela qual cada um procura tirar vantagens de tudo apenas para si e os seus próximos, sem preocupação com o bem comum. Claro que também precisamos de coragem, de determinação, de verdade, de justiça e de honra, mas a lealdade assume uma dimensão muito significativa nesse tempo real.

Em primeiro lugar, temos que ser leais aos princípios que norteiam nossas atitudes e comportamento. E nem precisamos ter princípios em demasia, mas não podemos transigir com eles. Temos que ser leais à Pátria, pois a Ela devemos servir sempre. Leais à família, aos amigos, aos chefes e aos subordinados porque só assim a cadeia de valor se sustenta. Leais às instituições às quais pertencemos, delas exigindo recíproca lealdade às causas defendidas. Nada vale mais numa batalha que a lealdade entre os combatentes. E temos que ser leais ao Criador.

Lealdade é valor que se conquista. E não pode ser usada para defender quem quer que cometa erros graves, ainda que este alguém seja amigo “do peito”. Lealdade também pressupõe confiança, admiração e respeito. Não se pode ser leal ao inimigo que nos atraiçoa, ou ao conhecido gentil e simpático cujos valores sejam contrários aos nossos.

Lealdade tem que ser cultivada, assim como o amor. Um escorregão e este valor se perde. Mas com firmeza, a lealdade será uma âncora perfeita para a paz interior.

“Aquilo que é raro e verdadeiro sempre tem um grande valor. Essa é a lealdade, a argamassa que os relacionamentos que continuam”.

(*) Roberto Rodrigues é Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV/EESP e ex-Ministro da Agricultura.
(**) Kleber De Paulo é Sócio Diretor da KPMG e ex-Presidente da Enactus Brasil.

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