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Jecas tatus ou Vira-latas? Quando a realidade se impõe a um país.

24/10/2016 - Por antonio bliska júnior
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Um país com as dimensões continentais do Brasil possui características ímpares: biodiversidade ainda não totalmente quantificada, mas inequivocamente aceita como a maior do planeta; florestas potencialmente inexploradas, mesmo que derrubadas aleatoriamente;  diversidade climática, abundância de água e extensão de terras agricultáveis que o credenciam a celeiro do mundo. Ou seja, produção agrícola é nossa vocação natural. Fato que está sendo imposto ao Brasil e ao mundo por agricultores, empresariais ou familiares, que no último mês de abril responderam por mais de50% das exportações brasileiras  em 2016. São dados do até então Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Soja, farelo de soja, carne de frango, celulose, açucar, suco de laranja e outros produtos agrícolas compuseram, nestes 4 primeiros meses de 2016 esses números compilados pela Confederação Nacional da Agricultura-CNA. Agora imaginem se o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento- MAPA e as instituições estaduais de pesquisa e extensão levassem a cabo um trabalho minimamente organizado de pesquisa, planejamento e investimento em cadeias produtivas como hortaliças, frutas, flores e outros produtos agrícolas demandados em quantidade e qualidade pelo mundo todo. Todas as projeções, da Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas-FAO, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos-USDA e outros, mostram um crescimento populacional extraordinário até 2050, que exigirá um esforço de produção agrícola para alimentar esse contingente populacional. Mas não se vê, por parte de nenhuma autoridade brasileira, qualquer movimento no sentido de alavancar a atividade agrícola no país, de uma maneira estratégica. Parece que o Brasil tem um preconceito eterno com o meio rural e consigo mesmo.  O "Jeca Tatu" criado por Monteiro Lobato que ganhou vida com Mazzaropi, retratava o atraso  do interior. Depois,  Nélson Rodrigues diagnosticou a baixa estima do brasileiro, mas agora incluindo o cidadão urbano. Nas palavras do próprio dramaturgo... "complexo de vira-lata, entendo eu, a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima". Pois bem, nossos pseudo jecas tatu, hoje bem sucedidos empresários rurais, estão dando um show de produção e produtividade ano a ano. Se tiverem um pouco de ajuda dos governos e da sociedade, talvez os "jecas"nos ajudem a gerar renda e riquezas para pagar, e enterrar, o buraco em que estamos no momento. E depois, com certeza, ajudar o país a ocupar espaços e aproveitar as oportunidades que estão postas no cenário mundial. Produzir alimentos para a humanidade. Não somente soja, milho e carnes. Com o perdão do trocadilho, é preciso ter "apetite", mas principalmente organização, para ser um player econômico global.

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