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Herói de Aeroporto (Estampilha F68)
05/11/2015 - Por paulo antonio petraquini grecoAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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mixing xanax and weed ski-club-auringen.deHERÓI DE AEROPORTO
No chão a decisão.
No ar a habilidade.
Já aconteceu várias vezes.
Mas vamos falar apenas sobre a última.
Um piloto voltava de um voo solitário. Em um monomotor, não muito bonito.
Segundo o jovem comandante do Aeroclube de Ribeirão Preto (sessenta anos, só de avião):
"Para voar bem, o avião tem que ser bonito" (as leis da aerodinâmica explicam).
E, ainda, tem que ter as asas nas costas (asa alta).
Como os passarinhos e as abelhas (ambos com asas altas).
Pois que, o avião com asa na barriga (asa baixa) voa com dificuldade.
E dizem também, que geralmente, é menos bonito (é preciso lembrar que qualquer avião - é, pelo menos, um pouco bonito)!
O avião desta história (aconteceu mesmo) tinha asa baixa.
Não era bonito - e o pior - seu piloto foi posto à prova.
O piloto vinha fazendo tudo certinho.
O avião - feio e de "queixo duro" - é que desacertou as coisas.
Quando se aproximava do aeroporto (fazia os procedimentos para pousar), o piloto notou que um dos trens (a roda direita debaixo da asa) não baixou para a posição de sustentar o avião quando tocasse a pista.
O piloto, que já tinha cabelos brancos, não entrou em pânico.
Tentou baixar novamente a roda.
Nada.
Virou o avião em todos os eixos e direções e submeteu-o a forças centrífugas e outras, todas extremas, tentando "derrubar" a "perna" preguiçosa.
Nada.
E avisou a torre:
─ Vou pousar com duas pernas!
─ A terceira não quer baixar!
─ Seja o que Deus quiser!
Antes de arriscar a manobra, ele ouviu, pelo radiocomunicador, a sugestão de um mecânico decidido:
─ Passa baixinho, devagar, caranguejando. Eu subo numa camionete e aciono a trava manual, por baixo. Cutuco a sua barriga com o dedo!
Prometido e feito!
Última roda baixada.
Piloto e avião íntegros.
Pouso tranquilo!
Nos hangares, a festa.
─ Eta mecânico bom!
─ HERÓI !
Todos o abraçaram. E até o carregaram.
O mecânico do dedo de ouro.
Pudera! Que coragem.
E o piloto? Chegou ao hangar, após taxiar o avião e recriminá-lo pela literal mancada.
Abraçou e beijou o mecânico.
Ainda disse brincando:
─ Você acaba de salvar o pai dos meus filhos!
Um engenheiro aeronáutico, que a tudo assistiu, chamou o piloto de lado e perguntou-lhe:
- Como é que você fez para controlar o arrasto irregular, desde a descida de somente dois trens (rodas) - aerodinâmica desalinhada? Voar a menos de três metros do solo, portanto com o ar quente (menos suportador) e asa baixa (sustentação mais difícil)? Evitar a camionete bagunçar a aerodinâmica em todos os sentidos? E ainda não bater no braço ou na cabeça do mecânico voluntário?
─ Sei lá. Tinha muita coisa para fazer ao mesmo tempo. Não deu para planejar, nem gravar na memória. Só deu pra fazer.
Terminou de chorar de alegria.
Preencheu o plano do próximo voo.
E foi para casa beijar mulher e filhos.
À noite, piloto e mecânico, tomando cerveja, desafiaram-se:
─ Se não fosse o meu dedo, hein? - disse o mecânico.
─ Se não fossem os meus pés, hein? - contestou o piloto.
No dia seguinte, manchete nos jornais, do país todo:
"No aeroporto, mecânico vira herói nacional"
Na saída do hangar, o velho piloto disse para o avião, antes de decolar:
─ Companheiro, vê se não esquece de esticar todas as pernas para pousar. Pois não é sempre que se encontra um "HERÓI DE AEROPORTO".
O piloto não ouviu, mas no fundo do hangar um rádio tocava uma bela e antiga melodia.
John Wayne assobiava "The high and the might"...
Paulo Greco (Estampilha F68) Engenheiro Agrônomo ex Morador da Republica Mosteiro