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Esalqueanos, uni-vos! (Alma; F97)

27/04/2020 - Por fernando de mesquita sampaio
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Fora Lula, Fora Bolsonaro, Fora Dilma, Fora Temer, Fora FHC, Fora Collor, foi golpe não foi, a terra é plana, não vacine, é tudo um plano comunista que a Globo não mostra, o George Soros e o Pablo Vittar mancomunados, novela de Salvador da Pátria, heróis e traidores, bots e milícia, os paraíba e as porra das árvore, esses livro cheio de coisa escrita, o Enem, a Febem, tem que acabar com tudo isso aí, bandido bom é bandido morto, os quilombola que não reproduz, os índio roubando nióbio, nos Estados Unidos é melhor, o BBB na live, chinês que quer dominar o mundo, a zika a dengue a chicungunha, o Eduardo Cunha, a Covid e o pulso ainda pulsa.?

Estamos afundando em um pântano de crise, ignorância e mediocridade infantilizada.?

Meus caros, uni-vos.

 

É inadmissível que alguém que tenha tido a oportunidade de passar por um curso superior, ainda mais em uma universidade pública, tornar-se refém dessa ignorância e dessa mediocridade. Não se trata de votar em A ou B. Trata-se de gente que nega o valor da ciência, de gente que ataca pessoas e não argumentos, que apela à polarização estúpida e não enxerga outra alternativa que não seja o nós contra eles, que desdenha da dignidade e da vida de outros.

 

Sim, eu considero esse comportamento inadmissível. E se vindo de um esalqueano, para mim é ainda mais vergonhoso. No creo, pero que los hay, los hay. Hay os que compartilham fake News na cara dura, notícias não confirmadas, fontes suspeitas, qualquer coisa que possa destruir a reputação de alguém "do inimigo", pseudociência... Eu prefiro os grupos que não levam nada a sério ao lixo dos militontos.

 

Tomem tenência, como diziam na minha infância.?

Querem alguma inspiração para a quarentena?

 

Leiam o artigo do economista chefe da FAO que fala como a produção de alimentos é essencial para a saída da crise, e como a colaboração entre nações, e a inovação, são essenciais para o futuro e a segurança do planeta.

(https://www.nature.com/articles/d41586-020-01181-3


Ou o artigo de David Rotman na MIT Technology Review que fala que não adianta nada ter grandes empresas e cérebros investindo na inovação, se essa inovação não consegue entregar necessidades básicas.

(https://www.technologyreview.com/2020/04/25/1000563/covid-19-has-killed-the-myth-of-silicon-valley-innovation)


 Leiam nosso Marcos Jank sobre como nosso futuro está amarrado à China.

(https://valor.globo.com/eu-e/noticia/2020/04/24/marcos-sawaya-jank-ao-atacar-chineses-brasil-pode-alvejar-setor-central-para-a-saida-da-recessao.ghtml)


Ou um pensamento interessante de Marcelo Furtado sobre uma nova economia

(https://pagina22.com.br/2020/04/04/como-fomentar-uma-nova-economia-voltada-as-pessoas-e-ao-meio-ambiente/).


Escutei Furtado em uma conferência virtual recente, e o que ele diz é que em todo o mundo, preparam-se grandes pacotes de ajuda econômica para uma reconstrução pós pandemia. Inclusive aqui. A maior parte desses pacotes são de dinheiro público, ou seja, nosso dinheiro?


E se são dinheiro público, temos todo o direito de palpitar no que deve ser incentivado com esse dinheiro ou não. Por que não direcioná-los a soluções baseadas no uso sustentável da terra? Na bioeconomia, quiçá a maior vocação deste país?

 

E finalmente, leiam Mangabeira Unger sobre como renovar a agenda do desenvolvimento no Brasil.

(https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2020/04/brasil-tem-que-renovar-agenda-e-ousar-para-ser-grande-diz-mangabeira.shtml)

 

Como poderemos criar a estratégia de desenvolvimento ousada, rebelde e inovadora que o país demanda e que não virá de nenhuma das forças políticas de ontem e nem de hoje.?

Não gostaram? Sugiram outros textos. Mas de gente que saiba andar com postura ereta e usar polegares opositores pelo menos.

 

Leiam Porque as Nações Fracassam sobre o valor de instituições sólidas. Outra sugestão é o livro The Rational Optimist, que demostra que apesar do que vemos e ouvimos nos jornais do dia, vivemos hoje muito melhor, com menos guerras, pobreza, escravidão, doenças e outros males do que em épocas anteriores, graças ao progresso do conhecimento humano. Matt Ridley, autor do livro, credita esta evolução ao conceito que chama de "ideas having sex". Da mesma forma que na genética, duas ideias de duas pessoas ou grupos de pessoas diferentes podem se encontrar e procriar, gerando não uma mas várias outras ideias que serão testadas e aproveitadas ou descartadas. Mas é essa troca que fez a humanidade evoluir. A mesma troca que a polarização estúpida hoje nega, impedindo a convergência e portanto a evolução.

 

Sabem, em um dado e inesquecível momento de minha vida profissional, tive a oportunidade de estar cara a cara com Madeleine Albright, ex-Secretária de Estado do Governo Clinton. "The world is a mess" ela sentenciou, e isso há cinco anos atrás.

 

Lá fora como no Brasil, falava-se do vácuo de lideranças capazes de agregar e de forma criativa guiarem nações rumo ao progresso econômico, social e ambiental.

 

A bagunça como a falta de lideranças aparentemente piorou de lá pra cá.  O vácuo de lideranças também.

 

Talvez a liderança como a conhecemos no passado, de grandes estadistas ou simples caudilhos não seja a que almejamos no futuro. Talvez a liderança deva ser exercida não por indivíduos voluntariosos, mas por redes de pessoas.

?Redes com o potencial de criar um conhecimento coletivo, amplo e ao mesmo tempo capazes de enxergar o prisma de múltiplas facetas de cada desafio que temos pela frente buscando soluções embasadas e convergentes.

?E nós, meus amigos, somos uma formidável rede. Com esalqueanos em posições de liderança, em empresas, universidades, em governos federal, estaduais e municipais, em organizações da sociedade civil, em entidades representativas, e isso em todo o Brasil e fora dele.

 

Por que não transformar essa rede em um dos motores que a reconstrução deste país precisa? Em fonte de informação e inspiração para esse coletivo de lideranças agir?


E last but not least, quanto mais mulheres nessas redes melhor. São multitarefas por natureza, não tem vergonha de aprender e compartilhar, e nem de dar espaço a opiniões diferentes. Um dos motivos pelos quais países com líderes mulheres aparentemente tem se saído melhor de crises.

 

Basta de estupidez, do culto à mediocridade, à ignorância, à morte. Viva a vida, viva a inteligência, viva a colaboração,  viva o amor ao próximo, vivam as ideas having sex.

 

 

Eia, pois, esalqueanos, sem guerra!

Co´a bandeira da Escola na mão, ensinai que plantar nesta terra

é lutar pela grande Nação!



Fernando Sampaio (Alma F97), é Engenheiro Agrônomo e Ex Morador da República Lesma Lerda



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