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ESALQ e as diversidades (Dema; F05)

29/06/2020 - Por rodrigo pazzinatto de almeida leite
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Dia 28 de junho foi dia do orgulho LGBTQI+. Sou graduado em Engenharia Florestal e atualmente estou cursando o último ano do curso de Psicologia. Além de abrir horizontes, essa nova graduação possibilitou aprender muito sobre a condição humana, algo que é pouco discutido em outras graduações, como a de exatas ou agrárias. Aliás, me formei em 2005 na ESALQ. Imagina naquele tempo a quantidade de tabus e falta de informação?


Penso que posso contribuir aqui no blog com informações para que possamos trazer conhecimento e quebrar certos paradigmas insistentes que só levam à disseminação de preconceitos. Muitos dessa comunidade esalqueana têm parentes, filhos ou amigos que se enquadram nessas siglas, então bora entender. O mês de junho celebra as conquistas do movimento LGBTQI+ e penso ser uma boa data para falar sobre sexualidade humana.




Sim, a sigla LGBTQI+ está crescendo e fica difícil saber o que significa cada letra. Não, sexualidade não é sexo, pelo menos no campo da Psicologia da Sexualidade. Ao final do texto, tem um glossário com o significado de cada uma das letras.


Para começar, é importante saber algumas definições. Pense que é uma maneira de não ser um analfabeto nesses tempos modernos. Já aprendemos tanto sobre agrárias, de nada custa de esforçar para compreender que existem várias formas de ser no campo da sexualidade humana.


A foto desse artigo é de um boneco didático chamado "biscoito sexual". Nesse biscoito constam vários termos que merecem definições:


Gênero: "Classificação pessoal e social das pessoas como homens ou mulheres. Orienta papéis e expressões de gênero. Independe do sexo." (JESUS, 2012). Aprender sobre o gênero possibilita a formação da identidade de gênero, o que inclui nosso desenvolvimento psicológico e sexual. A antropóloga Margaret Mead demonstrou em seu livro "Sexo e temperamento"como a personalidade do indivíduo - de ambos os sexos - é socialmente produzida.


Identidade de gênero: é o gênero que a pessoa se identifica. Não tem necessariamente a ver com o sexo biológico e nada a ver com orientação sexual.


Expressão de gênero: Tem mais a ver com o comportamento e a aparência da pessoa e depende muito da cultura em que ela vive.


Sexo biológico: se refere aos órgãos visíveis e toda carga biológica (hormonal e cromossômica). Em suma: macho tem pênis, fêmea tem vagina e interssex tem os dois.


Orientação sexual: tem a ver com o desejo sexual. Se o desejo é por alguém do mesmo gênero diz-se que a pessoa é homossexual. Se o desejo é pelo gênero oposto, diz-se heteressexual. E se deseja os dois? Bissexual. Mas prefiro pensar numa escala de cinza em que as possibilidades são maiores ainda.


Uma dica para entender melhor é "descolar" esses conceitos uns dos outros: sexo biológico, identidade de gênero, expressão de gênero e orientação sexual. Eles não precisam estar colados. Parece que o senso comum só sabe chamar de "gay" ou "sapata" e coloca tudo no liquidificador. Fique à vontade para descolar todos esses parâmetros e fazer a combinação que desejar. Verá que existe um universo muito grande e possível para a sexualidade humana.


Complicado? No início é sim, mas acredito que temos que aprender um pouco para sermos mais abertos em busca da compreensão humana. Quem sabe no futuro aprenderemos a respeitar todos independentemente de rótulos, aceitando a singularidade de cada um? Por enquanto, convido a aprender mais sobre esse biscoito e respeitar as diferenças. Depois disso podemos pensar em um mundo sem tantos rótulos (que cá entre nós, acabam dificultando o entendimento).


Glossário LGBTQI+:


L: Lésbica. São mulheres que se identificam como mulheres e gostam de mulheres.


G: Gay.  São homens que se identificam como homens e gostam de homens.


B: Bissexuais. Pessoas que gostam de mais de um gênero.


T: Transsexuais, travestis e transgêneros. De maneira resumida, são pessoas que não se identificam com o gênero que lhe nomearam quando nasceram.


Q: Queer. Na tradução para português seria algo como estranho ou esquisito, mas não é bem assim. É queer mesmo. Pessoas que não querem saber de rótulos e transitam facilmente na imensidão da sexualidade.


I: Interssexuais. Diz do aparelho genital, ou sexo biológico. A pessoa nasce com características dos dois sexos. O ideal é esperar a pessoa se desenvolver para ver com quais características ela se identifica.


+: significa que a coisa não para por aí. Há mais formar de ser. Panssexual, assexual...e por aí vai. O que importa é a pessoa estar bem consigo mesma.

 


Então é isso. Um abraço e me coloco à disposição para quaisquer dúvidas. Para quem tiver interesse, estou montando um instagram voltado para Psicologia, literatura e compreensão humana, um espaço onde eu também estou divulgando meus livros:

https://www.instagram.com/rodrigopazzinatto/

 

Dema (F05) - Rodrigo Pazzinatto de Almeida Leite; Ex Morador da República Xapadão

Contato: rpaleite@hotmail.com

 

Referências:

CARMURÇA, Sílvia; GOUVEIA, Taciana. O que é Gênero/ Silvia Camurça; Tatiana Gouveia. - 4 ed. - Recife: SOS CORPO - Instituto Feminista para a Democracia, 2004. 40p.

JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos [Online]. Goiânia: Ser-Tão/UFG, 2012a. Disponível em: http://www.sertao.ufg.br/uploads/16/original_ORIENTA%C3%87%C3%95ES_POPULA%C 3%87%C3%83O_TRANS.pdf?1334065989. Acesso em: 29 jun. 2020.

MEAD, Margaret. Sexo e Temperamento. 4 ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.

 

 

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