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Delinquência (Pinduca F68)
07/09/2015 - Por marcio joão scaléaAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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A notícia correu célere : saíram
as notas de matemática! E foi aquela correria até o pavilhão de engenharia, de
onde uns saiam felizes, comemorando, outros cabisbaixos, algumas colegas
choravam, outras se consolavam. É que os professores da cadeira de matemática
deixavam para divulgar a notas quase no fim do ano, para manter a classe
presente e atenta às aulas. Naquela tarde de sexta feira, então, selava-se a
sorte de muitos alunos : alguns já aprovados, outros já reprovados, muitos
calculando quais notas seriam necessárias nas provas finais. O que era motivo
para beber, uns de alegria, outros de desgosto, mas no fundo todos aliviados da
tensão e da incerteza.
Muitas caipirinhas depois, o
Universitário encontrou o Saroba, o Cabrita e o Morcego saindo da Brasserie, na
praça central de Piracicaba. Já era quase meia noite e eles o convidaram para a
saideira num barzinho da rua Governador, que nunca fechava. De lá, saíram os
quatro abraçados : Cabrita, Morcego e Pinduca, aprovados, consolando o Saroba,
já reprovado. Subiram para a praça, chegaram à esquina do Fórum e ali se
separaram : Cabrita e Morcego para suas casas e Saroba e o Universitário para o
Vai Kem Ké, em busca de uma cama. Dobrando a esquina, ao lado da padaria, viram
uma kombi parada com o motor funcionando e a porta aberta, devia ser de algum
padeiro ou entregador de pão. Cheios de boas intenções, eles decidiram fechar a
porta do carro, afinal poderia passar alguém e roubar algo...
Não andaram nem meia quadra mais
e foram cercados pela polícia :
- Vamos para a delegacia,
tentativa de furto de veículo!
Incrédulos, os dois se olharam e
nem conseguiram falar nada, de tão absurda que era a acusação. Mas não teve
jeito : tiveram que subir no jipe da radio patrulha e lá foram eles para a delegacia.
Tomadas as providências de praxe,
depoimentos, etc, foram encaminhados à cela, onde já estavam uns oito ou dez
marginais, o que os preocupou : para prevenir qualquer violência, assim que a
grade se fechou, sentaram-se costa contra costa, na parte mais clara da cela,
perto da porta. Mas a preocupação era
infundada, a grande maioria dos companheiros de cela era de bêbados como eles,
que apenas curavam a carraspana no xadrez. Alem dos bêbados havia um senhor,
ladrão de galinhas pego em flagrante e um outro coitado, expulso de casa pela
mulher e que por causa disso armara uma confusão, acabando preso. No fim, todos
amigos, compartilharam os poucos cigarros até o dia clarear, cantando
Piracicaba, Chico Mineiro e outras canções menos lembradas. Só faltou uma
cervejinha.
Naquela época até as cadeias eram
românticas, à exceção dos porões da ditadura.
Marcio Joao Scaléa (Pinduca F68) é Engenheiro Agrônomo ex morador da Republica Mosteiro