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Carta Conjuntura - Brasil, produção rural e o medo do futuro
18/05/2018 - Por alcides de moura torres juniorAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
por Alcides Torres
O Brasil está passando por um processo de depuração, por um período de transição, talvez de amadurecimento, talvez rumo à obscuridade.
Teremos que decidir por medidas dolorosas, para o país não desandar, e assistimos a uma tremenda omissão de nossos representantes no Congresso que, evidentemente, deixaram de representar quem os elegeu. São representantes de si mesmos. A casa do povo virou a casa da sogra.
Crise. Essa palavra está proibida, as companhias de publicidade a baniram, os jornalistas a baniram, dizem que estamos bem, que as instituições estão ou são fortes, mas a miséria campeia, os desabrigados se multiplicam e o pleno emprego é uma ficção.
A ordem é ter fé.
Apesar dessa ordem, é preferível acreditar nas oportunidades, ocupar o espaço deixado pelos pessimistas, desmontar as soluções simples e populistas e trabalhar duramente para reconstruir o país devastado pelos gerentes públicos e privados ineptos, burocratas inúteis e representantes medíocres.
O negócio é construir o caminho, e no caso, o agro é o caminho. Não que ele não esteja pujante, mas terá que ser maior e melhor do que já é. Com competência e sorte (pois dependemos do clima do planeta) é a oportunidade para a crise vigente.
O agronegócio brasileiro ainda está pouco explorado no que diz respeito a investimentos quando comparado a outras regiões do planeta ou classes de ativos.
Vejam só. Fazendo uma comparação o agro ainda é um segmento pequeno no mundo, estimado em US$80 bi de investimentos, incluindo fundos de terras, private equity*, venture capital** e etc... Estima-se que os maiores fundos do mundo tenham, sozinhos USS4 trilhões em ativos. Nessa estimativa não consideramos os fundos de commodities.
Talvez seja assim, tão pouco conhecido dos fundos, em função dos subsídios. Na maioria dos países o agro é um negócio que depende dos subsídios governamentais. Mas, não é assim no Brasil, aqui o agro é predominantemente orientado para negócios, com pouca intervenção do estado, portando apto a receber investimentos e, dar retorno aos investidores.
O agronegócio brasileiro é o mercado de terras, de fabricantes de insumos, de processamento de produtos agrícolas, de máquinas, de implementos, de serviços, de desenvolvimento de tecnologias, de comercialização de produtos e de insumos, de transporte, de armazenagem, de frigoríficos, etc.
Uma gama de negócios que tem tudo para oferecer retornos atraentes para fundos de investimento, basta não ter medo do futuro, mesmo por que ele não existe, nós é que o construímos.
* Private equity
Atividade financeira realizada por instituições que investem essencialmente em empresas que ainda não são listadas em bolsa de valores, ou seja, ainda estão fechadas ao mercado de capitais, com o objetivo de captar recursos para alcançar desenvolvimento da empresa. Esses investimentos são realizados por empresas de participações privadas, que gerem fundos.
** Venture capital
É uma modalidade de investimento utilizada para apoiar negócios por meio da compra de uma participação acionária, geralmente minoritária, com objetivo de ter as ações valorizadas para posterior saída da operação.
Chama-se capital de risco não pelo risco do capital, porque qualquer investimento, mesmo a aplicação tradicional, em qualquer banco tem um risco, mas pela aposta em empresas cujo potencial de valorização é elevado e o retorno esperado é idêntico ao risco que os investidores querem correr.
Este modelo de investimento é feito através de sociedades especializadas neste tipo de negócio denominadas Sociedades de Capital de Risco (SCR). Estas sociedades além do contributo em capital, ajudam na gestão e aconselhamento.
Este financiamento está associado a negócios que estão começando, em fase de expansão ou em mudança de gestão.