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Carta Boi - A economia, o confinamento (do gado) e as eleições

17/07/2018 - Por alcides de moura torres junior
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Passado o carnaval, festas juninas e a Copa do Mundo, iniciamos o segundo semestre no calendário, e o ano para alguns.


Daqui em diante teremos as eleições, que tendem a ser tímidas, com regras eleitorais e Lava Jato limitando gastos com campanhas. De toda forma, espera-se um efeito positivo no consumo, que se mistura ao incremento de demanda típico do segundo semestre.


Por outro lado, temos expectativas piores para a economia, frente ao que se esperava no começo do ano. O relatório Focus, do Banco Central, aponta para um crescimento de 1,5% em 2018, enquanto no início do ano esta projeção estava em 2,7%.


Para o confinamento de bovinos, a pressão sobre os custos, com a alta do milho, limitou a lucratividade do primeiro giro. Considerando, no entanto, preços para o último trimestre a viabilidade tem aparecido, mas sem folga.


No cenário externo, a sinalização de taxas de juros maiores nos Estados Unidos contribui para a migração de investimentos para o país, o que tira dólares do Brasil e valoriza a moeda norte-americana. As incertezas relacionadas às eleições também afetam o câmbio, podendo influenciar nos embarques de milho neste ano.


Mercado futuro.


Fizemos uma análise dos movimentos da cotação da arroba do boi gordo a partir de julho, no período de 2000 a 2017. A tabela 1 mostra as variações médias dos preços do boi gordo frente ao observado em julho de cada ano.


Tabela 1.
Variações dos preços do boi gordo nos meses seguintes, frente à média de julho de cada ano.
Fonte: B3 / Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br


Por exemplo, em 2017 a cotação média em outubro foi 11,2% maior que em julho. As últimas quatro linhas apresentam um resumo do histórico do mês (variações frente a julho) e o que o mercado futuro (13/7) apontava de variações, também na comparação com o preço deste mês.


Para novembro, por exemplo, a variação média frente a julho, foi de 9%, enquanto as cotações no mercado futuro apontam para alta de 4,8%, na comparação com os preços médios no mercado físico.


A figura 1 mostra as projeções de preços do mercado futuro (linha) e o que teríamos conforme variações entre julho e cada mês, apresentadas na tabela 1.


Figura 1.
Projeções de preços do boi gordo em São Paulo, segundo variações históricas em relação a julho, e mercado futuro (linha) em 13/7.

Observação: julho/18 refere-se ao mercado físico
Fonte: B3 / Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br


Observe que, dos 19 pontos de dados analisados (18 de histórico e um projetado no mercado futuro), as cotações futuras estão em patamares intermediários, nem otimistas, nem pessimistas frente ao histórico.


Em outubro, por exemplo, a alta projetada seria a nona maior (dentre as 19 da comparação).


Considerações finais.


O cenário de restrição da oferta de boiadas no primeiro giro de confinamento pode dar força para o mercado nos próximos meses.


A chegada de um volume maior de gado de cocho, esperada para o final do ano, pode ter seu efeito amenizado por um consumo melhor no último trimestre.


Os indicadores econômicos têm perdido força, mas ainda há notícias positivas, como o indicador de atividade do comércio da Serasa Experian, que subiu 6,3% nos primeiros seis meses do ano, melhor resultado em cinco anos para o semestre.


A Intenção de Consumo das Famílias, pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), caiu 0,5% no índice em junho, na comparação mensal. Frente ao mesmo período do ano passado, o cenário é de melhoria de 12,4%.


No que diz respeito ao emprego, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) mostra piora nos últimos dados disponíveis (trimestre terminado em maio), frente ao trimestre anterior, mas melhoria na comparação anual, tanto para ocupação (+0,6 ponto percentual), quando para rendimentos (+3,7%).


Para quem vai fechar o gado nos próximos meses e vendê-lo no final do ano, perto da definição do próximo presidente, a sugestão é avaliar a viabilidade e travar cotações, ao menos os mínimos.


Mesmo com a possibilidades de que o mercado tenha valorizações, esperar mais de noventa dias com o gado confinado e torcendo pelo mercado não é a melhor estratégia, ainda mais em ano de eleições incertas como observamos atualmente.

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