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Ao nosso bando de irmãos F97 Jubileu de Prata (Alma; F97)

10/10/2022 - Por fernando de mesquita sampaio
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Discurso Sessão Solene 08/10/2022

Semana Luiz de Queiroz       

Jubileu de Prata F97

Fernando Sampaio - Alma

 

25 anos!

Einstein nos falou sobre a relatividade do tempo.

Para mim, a vida A.E. Antes da ESALQ durou séculos.  A vida D.E. Depois da ESALQ, essa se passou em um piscar de olhos.

E cá estamos, alguns de nós com filhos já adolescentes, com seus smartphones circulando pelo campus onde nós, há pouco, carregávamos nossos livros e cadernos.

Pois quando esses adolescentes vierem até você falando algum dialeto estranho aprendido no youtube, diga a eles: me respeite menino, que eu estava aqui quando a internet nasceu.

Da mesma forma, cruzamos hoje no campus com jovens na graduação ou recém formados, que logo estarão programando tratores autônomos e pilotando drones e projetando a agricultura do futuro.  Pois diga a eles: me respeite menino, eu carpi o canteiro do professor Zilmar.

O mundo está em constante movimento. Mas algumas coisas, as mais importantes, não mudam.

Nossa amizade é uma delas.

Compartilhamos os bancos desta escola. O convívio diário. Compartilhamos a vida em república e o ordálio do trote. Compartilhamos refeições, algumas delas embaixo da mesa.

No mínimo, compartilhamos um pedaço maior ou menor, da história de sucesso que é a produção agropecuária e florestal deste país. Cumprimos missão vitoriosa, plantando, criando, conservando, de norte a sul do Brasil.

E neste compartilhar, forjamos essa força que nos une. Agora compartilhamos a prata, na medalha e nos cabelos.

Eu já vi gente insegura antes com reuniões de turma. Quem vai ter o carro melhor? Quem vai estar com o melhor cargo? O melhor salário? Quem vai ter mais cabelos? Ou menos quilos?

Passamos dessa fase. Um dos pontos altos de atingir a maturidade é que deixamos de dar importância ao que não importa, ao olhar do outro. Podemos ser mais, nós mesmos, e menos, o que esperam que sejamos.

Embora estes 25 anos aparentem ter passado rápido demais, nós todos passamos por muitas coisas ao longo desse caminho. Perdas familiares, decepções, mas também conquistas e alegrias. A verdade é que ninguém prevê, quando se forma, tudo o que vai acontecer. Aprendemos que em realidade temos bem pouco controle sobre isso.

Antigos filósofos estoicos nos trazem uma lição que quero aqui deixar: amor fati. Ame seu destino. Aceite e agradeça o que quer que a providência lhe traga.

Não podemos controlar o que nos vai acontecer, mas podemos controlar nossas atitudes diante dos acontecimentos.  E nossa melhor atitude é fazer o nosso melhor.

Exatamente como naquele canteiro, de 30 anos atrás, decidimos: vou fazer o melhor com o lote que me coube. Reconheço com orgulho que nessa turma, muitos dos meus colegas fazem seu melhor todos os dias.

Pensem um instante nas salas e corredores desta gloriosa e centenária Escola. Muitos outros antes de nós passaram por aqui. Pensem um instante no que eles viveram. Revoluções, guerras, pandemias, golpes, ditaduras, crises econômicas, governos corruptos e incompetentes.

Ainda assim estamos aqui. E ainda que a passos de caranguejo, entre idas e vindas evoluímos.

E evoluímos porque sempre há quem, em face dos acontecimentos, faz o seu melhor. Não precisamos impressionar outros. Precisamos, sendo quem somos, impressionar a nós mesmos, melhorando todos os dias.

De meu pai, que aqui nesta Escola também passou, aprendi a nunca deixar de acreditar nas possibilidades e nas oportunidades que nosso jovem país oferece. Se aqui, no meio dos trópicos, fizemos da agricultura brasileira um exemplo, podemos fazer todo o resto dar certo.

De minha mãe, uma sábia mulher, aprendi que estamos aqui de passagem, nesta grande árvore da vida. E que nossa missão é participar dessa aventura coletiva da melhor forma, tomando o que nos deixaram, e trabalhando para entregar algo melhor aos que virão, cumprindo o papel que nos cabe, seja ele pequeno ou grande, da melhor forma.

Fazendo o nosso melhor. Tentando ser melhor todos os dias.

Há uma história que me foi contada, de uma formiga que caminha sobre uma toalha de renda. Ela caminha xingando e maldizendo os nós e buracos onde tropeça e cai, pois não consegue ver de cima, o bonito desenho que vai se formando.

Hoje é um desses dias em que pausamos e esticamos o olhar por sobre o cotidiano, para ver de cima a beleza de tudo que nos trouxe até aqui.

Por isso agradecemos hoje, à nossa Escola, aos que vieram antes, aos que virão depois, aos nossos mestres, nossas famílias, nossos colegas e amigos, aos que aqui estão e aos que partiram, e aos fatos da vida.

E porque aprendemos também que o tempo passa rápido demais, vamos celebrar hoje. E celebraremos muitas vezes mais. E contaremos histórias, e daremos risadas, e beberemos juntos, com tapas e beijos e abraços.

E toda vez que nos encontrarmos, nós, bando de irmãos, alguém nos olhará com uma inveja boa para nossa mesa, melancolicamente pensando: "eu queria ter sido da F97...".

Não vivemos tempos fáceis. Mas contra a influência do comunismo, do fascismo ou de outros fanatismos, deixo um conselho vindo do mestre Millôr Fernandes: mantenham-se sexualmente ativos, e vocês sempre terão algo melhor para fazer.

Humor à parte, quaisquer que sejam nossas escolhas, façamos nosso melhor. Sem jamais perder nossa humanidade.

Obrigado!

 

Dedicado ao bando de irmãos, da turma mais fantástica da Gloriosa, o Ano Fodão.

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