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AGROdestaque entrevista Marcos Sawaya Jank, engenheiro agrônomo (F-1984)

18/03/2011 - Por caio albuquerque
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Atuação profissional
Formado na ESALQ em 1984, Marcos Sawaya Jank é presidente da UNICA desde junho de 2007. Foi idealizador e primeiro presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE). Durante 13 anos, foi professor do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ, transferindo-se depois para a Faculdade de Economia e Administração (FEA-USP) e para o Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP em São Paulo. É livre docente e engenheiro agrônomo pela ESALQ, doutor pela FEA-USP e mestre em políticas agrícolas pelo IAMM de Montpellier, França. Fez parte da Divisão de Integração, Comércio e Assuntos Hemisféricos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, e foi professor visitante nas Universidades de Georgetown e Missouri-Columbia, nos EUA. Consultor e coordenador de projetos do Banco Mundial, BID, FAO, PNUD, OCDE, Fundação Hewlett, Agência Suíça para a Cooperação e o Desenvolvimento (SDC) e Departamento para a Cooperação Internacional do Reino Unido (DFID). É conselheiro da Presidência da República no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), membro do conselho consultivo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do conselho consultivo do setor privado (Conex) da Câmara de Comércio Exterior do Governo Federal (Camex). É também membro do Conselho Diretor do Diálogo Inter-Americano e do Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars, ambos em Washington, DC. Na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Jank é diretor do Departamento do Agronegócio e membro dos conselhos superiores de comércio exterior (COSCEX) e do agronegócio (COSAG). Com mais de 200 trabalhos publicados e cerca de 500 palestras realizadas em eventos no País e no exterior, Jank foi indicado, recentemente, como uma das 100 personalidades mais influentes do Brasil pela Revista Época. É fluente em inglês, francês e espanhol.

Como executivo do setor sucroalcooleiro, o senhor considera que é possível que o setor produtivo nacional consiga produzir um etanol de boa qualidade e com preço mais competitivo frente à gasolina?
O que acontece é que o setor passa por uma revolução extraordinária, que começa na criação do programa do etanol nos anos 1970, avança com os automóveis flex que hoje já atingem 50% da frota brasileira e, nos últimos anos, com a internacionalização do etanol por conta dos programas de vários países que tem buscado essa via energética como forma de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Hoje o principal programa no mundo é o norte americano e nós estamos nesse momento em uma imensa ‘briga" para abrir aquele mercado para o produto brasileiro. Existem ainda o programa europeu, o japonês e mais cerca de trinta países trabalhando com esse propósito.

Mas o preço será competitivo para o consumidor?
Durante os últimos trinta anos, o preço do etanol caiu cerca de 70% em termos reais, enquanto o petróleo triplicou de preço. Portanto, o etanol só ganhou competitividade neste período e o petróleo perdeu. A tendência é o petróleo custar cada vez mais e os biocombustíveis cada vez menos.

Quais fatores permitirão a queda do preço do etanol?
Isso ocorrerá porque o etanol é limpo e renovável e ainda podemos incorporar muito mais tecnologia. Basta dizer que há trinta anos nós produzíamos 3 mil litros de etanol por hectare e hoje estamos chegando a 8 mil litros por hectare. Temos tecnologias em laboratório que permitirão atingirmos 14 mil litros por hectare. A ESALQ tem um papel muito importante nessa trajetória, assim como a região de Piracicaba como um todo, já que o CTC, nosso principal centro tecnológico está localizado aqui. Basta dizer que ainda estamos iniciando a utilização do bagaço e da palha da cana, a chamada biomassa da cana, para produzir eletricidade e etanol celulósico de segunda geração. Ou seja, o etanol já teve o seu custo reduzido e, com os ganhos de produtividade que ainda virão de pesquisas de ponta a serem concretizadas, nós reduziremos ainda mais, sem contar o efeito ambiental gerado pela redução de emissão de gases do efeito estufa em escala global. No ano passado, ganhamos o nosso "passaporte" para exportar o etanol para o mundo com o reconhecimento do etanol de cana-de-açúcar como um "biocombustível avançado" pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, a EPA.

Entrevista concedida à Caio Albuquerque
MTb30356
18/03/2011
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