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AGROdestaque entrevista Douglas Souza Pereira, cientista de alimentos (F-2008)

26/04/2013 - Por lucas jacinto
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Atuação profissional

Após formar-se, em 2008, trabalhou em um projeto do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com a ESALQ. O projeto consistia em capacitar pescadores artesanais e aquicultores familiares em relação a boas práticas de manipulação, aspectos higiênico-sanitários da manipulação, produção e técnicas de beneficiamento do pescado. No primeiro semestre de 2010 foi pesquisador de campo por dois meses, por uma incubadora sediada na ESALQ, que avaliou a implementação in loco da política do Crédito Fundiário do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Em julho de 2010 iniciou trabalho na Coordenação de Extensão Rural do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), e hoje trabalha na Coordenação de Comercialização, também do MPA, em Brasília.

Suas atividades são voltadas a que setor, e qual a importância delas para o mercado? 

Hoje atuo na área de comercialização dos produtos oriundos da pesca e aquicultura no país, com ênfase no mercado doméstico, principalmente o mercado institucional. A área de comercialização é abrangente, demanda de mercado internacional e nacional. Meu foco é o mercado nacional. Trabalho, principalmente, com a inserção da produção dos pescadores artesanais e aquicultores familiares no mercado institucional como, por exemplo, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Nessa área, fomentamos políticas públicas de comercialização para o setor, através de reuniões e parcerias interministeriais e com a sociedade civil. Estabelecemos convênios com órgãos dos estados e com entidades privadas sem fins lucrativos para atividades diretamente ligadas aos pequenos produtores, além das atividades burocráticas inerentes à administração pública.

O mercado doméstico de pescado enfrenta inúmeros obstáculos, pois a cadeia produtiva de pescado foi negligenciada por muitos anos no Brasil, diferentemente de outros produtos cárneos. Logo, a importância da minha atividade se identifica no momento da capacitação de pescadores, em como conservar o pescado no gelo, passando por articulação territorial para escoamento da produção ao mercado institucional e local, até mapeamento dos gargalos da comercialização, como investimento em equipamentos públicos, estudo de mercado e formulação de políticas públicas para o setor.

Quais os principais desafios do trabalho com a aquicultura no Brasil?

Os desafios da pesca e aquicultura no Brasil são enormes devido ao lapso temporal de desenvolvimento que essa cadeia produtiva enfrentou até o começo deste século. Em relação à comercialização, destaco como empecilho a falta de assistência técnica para os pequenos produtores, que representam mais de 60% da produção de pescado do país. O problema de infraestrutura e logística também é notável, pois toda a cadeia produtiva depende de temperatura controlada, entrepostos, agroindústrias entre outros que encarecem o setor produtivo. Existe, ainda, a necessidade de mapeamento de canais de escoamento da produção, e o fomento ao consumo de pescado entre os brasileiros, sensibilizando a população quanto aos aspectos nutricionais e de saúde. É necessário diminuir o preço do produto final, através do empoderamento do próprio produtor, cerceando a atuação de intermediários. Além da limitação de recurso para o aumento das ações pelo Governo Federal e dificuldade de diálogo com as poucas empresas de grande porte do país.

Que tipo de profissional esse mercado espera?

O mercado de pescado necessita de Bacharéis em Ciências dos Alimentos que conheçam as dificuldades de produção e transformação do produto, que sejam sensíveis em relação à inserção do pequeno produtor no mercado e que tenham o mínimo de conhecimento da legislação específica e de economia. Este setor requer do profissional uma visão sistêmica da cadeia produtiva, de forma a conseguir identificar os gargalos de comercialização, propondo soluções. E, por fim, a aquicultura depende de trabalhos que tenham como objetivo a sensibilização do brasileiro para aumentar o consumo de pescado. Para isso, esse profissional deve ser motivado, pró-ativo, ser consciente de sua função e responsabilidade social no papel de servidor público e ser interessado pelo setor de pescado.
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