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A Lei de Lavoisier e o Dia da Terra (Vavá; F66)

29/04/2022 - Por evaristo marzabal neves
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Pode ter passado despercebido para muitos que o Dia da Terra é comemorado, todos os anos, em 22 de abril, para lembrar que "Essa data é importante para refletirmos a respeito de como nossas ações impactam negativamente a vida no nosso planeta, e é o momento para cobrarmos medidas mais eficientes de preservação da natureza".

Hoje em dia, associado a esta data, vem chamando a atenção o conceito e aplicação da economia circular em todos os segmentos da sociedade e nos diversos setores da economia. Na produção de alimentos nos segmentos do agronegócio, incluindo toda categoria de produtor, vem a algum tempo sendo aplicado e se popularizando como agricultura circular, agricultura urbana e periurbana, principalmente.

Na verdade, todos esses conceitos se voltam ao entendimento e aplicação da popular Lei de Lavoisier. Na literatura encontra-se que em 1785 (237 anos passados) "o químico francês Antoine Laurent Lavoisier descobriu a Lei da Conservação das Massas (também conhecida como Lei da Conservação da Matéria), que recebeu o nome de Lei de Lavoisier". Trocando em miúdos, pode-se traduzir pela famosa frase: Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

Em artigo anterior (Agricultura circular na região, 13/02/2021) chamava a atenção de que agricultura circular "nada mais seria do que a efetivação da conhecida Lei de Lavoisier..." e que "Na produção agrícola três fatores de produção, entre outros, são indispensáveis: terra, trabalho e capital. Trabalho e capital se reproduzem, terra não. O que se tem deste fator é o que existe, além do fato de que sua superfície de utilização agrícola vem diminuindo através da expansão do perímetro urbano em bairros periféricos, condomínios, instalações de indústrias, clubes campestres, cumprimento do código florestal, etc. Daí entender que se tornando um bem escasso é de fácil compreensão a evolução temporal de seu valor monetário, principalmente no entorno do município. Funciona como uma reserva, um 'guarda valor' para seu proprietário, que pode atingir maior compensação se apropriada para a produção agrícola". Uma possível solução para melhor aproveitamento da terra está na agricultura circular e sua aplicação na agricultura urbana e periurbana.

Na passagem do Dia da Terra, é bom lembrar que a agricultura circular no meio urbano almeja criar tecnologias poupadoras e conservacionistas ambientalmente sustentáveis do fator terra, aumentando sua eficiência e produtividade, pois, enquanto sua disponibilidade vai diminuindo, a população vai crescendo, havendo mais bocas para alimentar. E lembrar ainda que sobras e resíduos alimentares, ao invés de irem para o lixo, são aproveitados e transformados em adubação orgânica, via prática da compostagem, e reutilizados em hortas urbanas.

Ainda procurando reverenciar o Dia da Terra, acrescento que há inovações (técnicas e processos) já existentes e outras que estão surgindo com a finalidade de gerar tecnologias poupadoras do fator terra, com novos modelos que abrem espaço para a agricultura urbana. Para grandes centros urbanos, dentro das novas tendências encontram-se as já existentes há algum tempo, como os cultivos em estufa, hortas comunitárias e, mais recentemente, as fazendas-contêiner, fazendas-verticais e fazendas-teto. Nesta última, em São Paulo, entre diversos exemplos, são lembrados o telhado verde do Shopping Eldorado e a horta que ocupa a laje da Faculdade de Medicina da USP, mantida por voluntários, sob responsabilidade da médica e professora Thaís Mauad. Segundo esta, a horta criada há nove anos passou a fornecer alimentos frescos para pacientes em leitos do Hospital das Clínicas e, por sua vez, se manifesta favorável à expansão de hortas comunitárias em terrenos e tetos verdes, enfatizando que "a horta é um jeito de tornar a cidade mais verde, melhorar o solo, trazer biodiversidade, empoderar a comunidade, gerar trabalho e produzir um alimento limpo" (Reportagem Verde que brota do cimento - Hortas urbanas revitalizam áreas ociosas e depredadas - Caderno Terra: O planeta importa/Folha de São Paulo, 22/04/2022, p.8).

Retornaremos à temática. Por ora, viva o Dia da Terra!

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Publicado na Gazeta de Piracicaba, Ano XIX, n. 4.815, 26/04/2022, p.2 (Opinião)

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