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A importância do manejo e conservação dos solos (Condenado; F02)

16/04/2019 - Por andre figueiredo dobashi
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Para a agropecuária, conservar os solos é simplesmente uma das maiores garantias de produção. Solos bem conservados reciclam mais nutrientes e acabam sendo mais férteis, dada aceleração no ciclo de decomposição da matéria orgânica. E, em se falando de conservação do solo na agropecuária, o seu manejo racional é a chave para uma convivência harmônica entre produção agropecuária e a conservação de solos.No dia 15 de abril é comemorado o dia nacional da conservação de solos e sua importância não está ligada apenas ao produtor rural ou a produção agropecuária, mas também à preservação de ecossistemas, ambientes produtivos e, principalmente: Preservar o solo é uma responsabilidade de toda sociedade para garantir a manutenção da vida na terra.


O primeiro passo para um bom manejo é a amostragem do solo. Quando bem-feita, a amostragem evidencia o nível de qualidade química, física e biológica do solo, permitindo ao produtor quantificar a necessidade de correção, adubação e que tipo de mecanização deverá ser realizada em sua área. Estabelecidas as doses de corretivos e fertilizantes necessários para a cultura de interesse, deve-se discutir com veemência qual a necessidade de intervenção mecânica. Nem todo solo precisa ser mecanizado, da mesma forma que alguns precisam ser profundamente preparados para reverter um quadro sério de degradação outrora conferido por manejo inadequado. Quando se optar pela intervenção mecanizada de uma área, um estudo preliminar de impactos ambientais deve ser realizado, no sentido de determinar a sequência das operações mecanizadas, a fim de garantir a segurança da operação, minimizando os impactos ambientais.


Com as técnicas de prevenção a erosão e manejo racional de solos devidamente implantadas e consolidadas, pode-se proceder com a mecanização. Uma vez preparado e aplicado os corretivos na profundidade desejada para a cultura, deve-se promover a mais rápida cobertura vegetal dos solos para minimizar as perdas pela erosão. Quanto mais rápida e eficiente for a cobertura dos solos, menor será o impacto da erosão na área e, neste sentido, manter o solo sempre coberto e garantir a qualidade da cobertura com a manutenção dos nutrientes e/ou pastejo controlado de animais é um dos principais itens do manejo racional.


Amplamente utilizada nas culturas de soja e milho, a implantação do plantio direto na palha irá minimizar drasticamente a erosão causada pelas águas ou vento, porque a cobertura vegetal impede o impacto direto no solo. As raízes da cobertura vegetal garantem a descompactação da terra, assim como a reciclagem de nutrientes. Outrossim, a dinâmica de crescimento, senescência e decomposição de plantas de cobertura promove o incremento da fertilidade do solo, através da decomposição de raízes em subsuperfície, gerando ilhas de fertilidade embaixo da terra e uma espessa camada de palha em sua superfície que diminui a temperatura do solo, promove o crescimento microbiológico e ainda impede o crescimento de plantas daninhas por sombrear a terra.


Outro item importante a se observar é a rotação de culturas. O solo deve ser permanentemente vegetado e sempre que se finalizar o ciclo de uma cultura, é importante tomar o cuidado de se implantar uma nova cultura na mesma área. Uma boa ideia de rotação é o cultivo de soja no verão, sucedida por milho em segunda safra consorciado com braquiária e, após a colheita do milho, utilizar a área com gado em pastejo da braquiária por um período.


A conservação do solo depende também de seu uso e manejo racional. Não é possível falar em manejo e uso do solo sem ao menos conhecer seu potencial e suas limitações, tendo muito cuidado ao querer adotar práticas de outras regiões sem o auxílio de profissionais especializados no assunto. Deve-se respeitar as características de cada solo e implantar a técnica mais eficiente de conservação para cada caso específico – se a topografia da área impede o cultivo de plantas anuais, que se instale uma semi-perene; se combinada com o tipo de solo, essa cultura ainda não será suficiente para evitar sua degradação, então que se lance mão de uma cultura perene. O importante é realizar cada operação com o foco na produção, sem esquecer que o caminho da lucratividade passa necessariamente pela conservação dos recursos produtivos.


Por fim, a conservação do solo vai de encontro com a conservação da água. Solos bem manejados e em equilíbrio possuem grande capacidade de retenção de água pluvial que, ao ser absorvida é aproveitada pelas raízes das plantas e, com o fenômeno da evapotranspiração, fecha o ciclo de aproveitamento da água e ainda gera a riqueza da produção agropecuária. Mas não é só isso. Solos produtivos e conservados filtram e absorvem as águas, ideal para a manutenção dos rios e suas respectivas fauna e flora. Isso posto, fica fácil concluir que solos preservados também preservam peixes, plantas, arvores, rios e toda espécie de vida ao redor.


Por isso, comemorar o dia 15 de abril como o dia nacional de conservação do solo é relembrar a sociedade a importância do produtor rural como um vetor de conservação ambiental, papel este exercido com responsabilidade e atendendo a todas as técnicas que foram acima descritas.

 

* Andre Figueiredo Dobashi (Condenado; F02) é engenheiro agrônomo pela ESALQ/USP, Ex Morador da Republica Jacarepaguá, produtor rural no Matogrosso do Sul, consultor em agropecuária e manejo de solos tropicais para sistemas produtivos. Faz parte da diretoria executiva da Aprosoja/MS como Vice-presidente, neste atual mandato. 

Contato: (067) 99921-2367 – andre@aprosojams.org.br

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