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A Floresta e o Barbeiro (Saúva; F80)

17/07/2021 - Por teofilo marien almeida
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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É na Barbearia, onde há mais de trinta anos, reunidos em uma roda, fregueses e amigos têm as soluções para os maiores problemas nacionais. Sento-me  na cadeira do Barbeiro  e passamos a refletir  como as coisas mudam com tempo, não de modo saudosista, mas como mudaram, pois nem de Barbearia esses salões são chamados. Falamos em Coiffeur, Salão de Beleza Unissex . Lembro-me do quanto as atitudes de um passado, despreocupado com o futuro, refletem agora em nossas vidas.

Na década de 30, no Estado de São Paulo por determinação do Departamento de Saúde  e do Departamento de Controle e Saúde Animal, as florestas e demais formas de vegetação ocorrentes  às margens dos rios, represas e lagoas deveriam ser suprimidas. Este ato teve por objetivo eliminar a proliferação do Barbeiro: mosquito transmissor da Malária. Quase 100 anos depois, esse mesmo produtor ou seus descendentes têm por obrigação recuperar essas áreas degradadas em 1930. Em uma época na qual os produtores rurais eram obrigados a desmatar para tornar a área produtiva, destruir a mata ciliar (por determinação das autoridades de saúde) não foi assim tão difícil. Ressalta-se que na época a consciência quanto à manutenção da mata ciliar já era forte, assim como era forte a ação do inseto Barbeiro. Enfatiza-se aí as características de longo prazo de nossas florestas. Nesse caso, o efeito da tentativa de controle da Malária e seu transmissor têm conseqüências 100 anos depois. Culpar o controle da Malária pelo o corte da mata ciliar nos estados das regiões sul e sudeste, além de um equívoco é insulto à inteligência, é uma forma de mostrar como ações imediatistas incidem sobre culturas de longo prazo e podem ter efeitos inimagináveis. 

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