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Nem Vermelho, Nem Amarelo! (Big-Ben; F97)

14/03/2015 - Por mauricio palma nogueira
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Florianópolis, 13 de março de 2015, sexta-feira
MAURÍCIO PALMA NOGUEIRA

Na véspera da manifestação programada para o dia 15 de março, que levará milhares às ruas contra as diversas trapalhadas propositais e acidentais do governo Dilma Roussef, alguns representantes dos minguados 7% que ainda aprovam o Governo começaram a "denunciar" a falta de espontaneidade da manifestação. Reforçam seu raciocínio listando líderes políticos, religiosos ou empresários que aderiram ao movimento. Essa adesão, segundo eles, é a prova de que a população esteja sendo manipulada. Claro que, convenientemente, esqueceram-se de mencionar "intelectuais", artistas e atletas aderindo ao movimento. 

Gostem ou não, a iniciativa partiu de grupos independentes, organizações virtuais e informais, que surgiram com o único propósito de reunir, denunciar e difundir os fatos que motivam a indignação de muita gente.   

A adesão de políticos não tira a legitimidade e nem a espontaneidade do movimento.  

Se houvesse manipulação orquestrada por empresas ou grupos de interesse, a manifestação ocorreria no meio da semana. Seria fácil liberar os funcionários para irem às ruas. E seria até mais barato do que contratar manifestações profissionais, assim como a de ontem, dia 13. 

No entanto, a manifestação vai ser no domingo.  Pergunte para qualquer organizador profissional de manifestações engrossadas por pelegos se é fácil reunir o povaréu alienado em um final de semana. 

O panelaço durante o discurso da Dilma foi espontâneo. Mas aí disseram que era coisa da elite; pessoas que só descobriram que havia panelas em suas casas no momento que foram procurar algo para bater a favor de um golpe. 

Também disseram que nos bairros mais pobres não houve nenhuma manifestação.  Mas aí alguém lembrou que todos, que relataram não ter ocorrido manifestação em bairros mais pobres, moram em bairros de classe média alta pra cima - aquele negócio da esquerda caviar.  Portanto, não estavam lá para conferir.  

Quando caminhoneiros, trabalhadores, negros e pobres vaiaram, organizaram ou participaram de manifestações contra o PT, de imediato já foram considerados meros fantoches pressionados a se expressar em nome de seus patrões.  
Essa turma realmente despreza e subestima a capacidade dos mais pobres, daqueles cujos interesses eles dizem defender. 

Mesmo assim, foi o ex-presidente Lula, com um microfone em mãos num congresso do PT, que acabou afirmando que os manifestantes de hoje não participam de nada se não forem pagos para tanto. Na sexta-feira, dia 13/03/2015, cada um custou R$35,00.

Outra coisa, que estupidez é essa de querer pautar o que milhares de cidadãos insatisfeitos devem pedir numa manifestação?  Por que se julgam tão iluminados e competentes para decidir que o povo deveria pedir por reforma política e não pelo fim da corrupção, pela punição dos culpados e pela abertura de um processo de impeachment contra a presidente? 

O povo que irá às ruas no domingo está descontente com a mentirada que foi usada para ludibriá-lo em outubro. Se os eleitores soubessem o que sabem hoje, a Dilma não iria nem para o segundo turno. Tem dúvida? Contrate uma pesquisa.      

As pessoas querem corrigir o rumo descontrolado por onde está indo a política nacional; querem mudar o que está aí. Não se trata de PSDB versus PT; mas sim da cobrança por dignidade. Trata-se do fim do conformismo com as afirmações de que todos os brasileiros são igualmente corruptos, adeptos do jeitinho e dos pequenos golpes. 

Dizer que todos são ruins é um pensamento mesquinho, de gente que quer se igualar aos demais nivelando por baixo, padronizando pelos seus valores deturpados.  Essa lógica ilógica é o maior mal que ganhou força na sociedade com a chegada do PT ao poder: a relativização da corrupção. 

No meu caso, esse é o principal motivo que me levará à manifestação do domingo. Eu não aceito ser medido por essa régua viciada em baixos padrões de caráter. 

Com relação ao impeachment, existem duas maneiras de tirar um presidente do poder; pela via democrática e pela não democrática.     

Dou graças a Deus que a maioria das pessoas, que desejam dar fim ao mandato da Dilma, estejam indo para as ruas solicitar pelo impeachment, e não pela sua deposição. 

Mesmo que uma minoria defenda a intervenção militar, a manifestação é baseada em um dispositivo previsto constitucionalmente para depor um presidente. Portanto, é um movimento muito mais moderado do que o Fora Collor Já! Fora FHC! e Fora tudo que eu não concordo! As manifestações típicas do PT, e outros piores ainda, nunca tomaram esse cuidado de dizer como se daria a retirada de um presidente do poder. 

É até irônico que um partido constituído, que devia usar o congresso e não as ruas para atingir seus objetivos, sejam menos cautelosos com relação à democracia do que a população auto organizada para se manifestar. Estes sim, se sentido mal representados no congresso, só tem as ruas para mostrar a sua insatisfação.     

Apenas para não passar em branco, se alguns tem direito de marchar pela maconha, pelos black blocs, pela invasão de fazendas, pela invasão de prédios urbanos, pela destruição de Israel, por que raios de motivo outros não poderiam marchar pela volta dos militares?  Desde que não firam e não ofendam ninguém, faz parte da liberdade de expressão. Ou não?       

Voltando aos manifestantes, essas pessoas se mobilizaram pela indignação com tudo que está aí. Não estão em busca da reparação de nenhuma injustiça particular ou alguma vantagem classista. 

Estão indo às ruas porque querem dar um basta. E isso tem significado literal: trata-se de um basta!!!     

Esse basta é necessário, pois a falta de bom senso e de comprometimento com a verdade parece não conhecer limites.    

A declaração da presidente da república no último dia 8 de março é uma ofensa para qualquer pessoa minimamente informada.  O mesmo pode ser dito sobre a declaração posterior, no meio da semana, quando afirmou que esgotaram-se os recursos destinados ao combate de uma crise que teria começado em 2009. Negar o quão ultrajante são essas falas é depor contra o próprio intelecto. É fingir que não escutou a própria presidente candidata, seu ex-ministro da fazenda e o seu guru discursando as maravilhas do país que vivemos, sem crise, cada vez mais rico. 

Em 2014, aqueles que apontavam o risco da economia piorar a ponto de atingir indicadores até melhores do que os que se confirmam agora, eram apontados como pessimistas, predecessores de um golpe. Até pediram a cabeça de um profissional, simplesmente por alertar acertadamente os seus clientes rem relação aos diversos riscos de curto prazo. Pediram desculpas ao profissional em questão?

Para governos incompetentes, incapazes de assumirem os próprios erros, a culpa sempre é de alguém tentando dar um golpe. Chega a ser ridiculamente caricato. 

Esse pessoal pode desistir de tentar intimidar os manifestantes do dia 15/03. 

Não adianta dizer que pedir por impeachment seja golpe; as pessoas sabem que não é! 

Não adianta empurrar para essas pessoas a culpa pelo ódio; eles são conscientes que foi Marilena Chauí, aplaudida pelos papagaios seguidores, que falou em ódio. 

Não adianta acusá-los de semearem a segregação entre classes sociais no Brasil; estamos todos conscientes que essa foi a base da campanha petista para, mentirosamente, papar outra eleição desmerecida, uma que nunca seria ganha com um debate honesto, em torno da verdade. 

Não adianta falar em terceiro turno; apenas idiotas e interessados acreditam nessa falácia orquestrada para desviar o foco da corrupção e da incompetência, que impactam estatais e a economia em geral. 

Não adianta falar em violência e em guerra; foram Lula, Stédile e Maduro que falaram em exércitos na rua, américa latina unida contra a elite de merda e invasão para proteger o governo da Dilma Roussef, sob suspeita de diversos desvios. 

Não adianta tentá-los convencer de que estão destruindo a Petrobrás; eles sabem que a estão tentando salvá-la da quadrilha que tomou conta da empresa. 

Não adianta usar o método manjado de se capitalizar com uma crítica, fazendo-a parecer apoio. Todos sabem que a tentativa de pautar a manifestação em prol de reforma política é só outra vigarice do PT e do Governo, tentando desviar o foco e usando o movimento para imprimir uma agenda ainda mais nefasta para o país. 

Não esperem que o insatisfeito, vítima do estelionato eleitoral, saia pedindo por reforma política. Não esperem que o eleitor de oposição, vítima de um repertório de ofensas generalizadas em todas as redes sociais, saia às ruas pedindo por reforma política.       

Não adianta s buscar razões para se enganar! Quem vai às ruas no dia 15 são os verdadeiros defensores da democracia, que desejam e que estão dispostos a lutar pela qualidade de vida de todos os brasileiros. 

A reforma política no Brasil é sim necessária, mas não a da agenda do PT. É através de uma agenda que previna o risco de que as gerações futuras repitam os erros que já foram cometidos repetidas vezes no Brasil. Há necessidade que se reduza o poder político, o tamanho do estado -  pesado e ineficiente -  e que inverta a atual relação entre político e sociedade. É o político que tem que trabalhar pela sociedade, não o contrário. 

A reforma política acontecerá em consequência de tudo contra o qual a população se levanta. Será a partir do bom senso e da vigilância dos formadores de opinião, da imprensa e lideranças que precisarão cobrar para que as reformas aconteçam através dos caminhos estabelecidos pela democracia. Não serão milhares de manifestantes indignados que definirão a reforma política. 

Não devemos cair na conversa de corruptos incompetentes acuados. Pedir pelo impeachment não é exigir a saída de um presidente; isso seria pedir a sua deposição. 

Pelo simples significado da palavra, quem pede por impeachment está pedindo para que se abra um processo questionando a presidente através do Congresso. Nesse processo, o envolvido será investigado e julgado, de acordo com as leis.  Caso seja condenado, será retirado da presidência. 

Ou os petistas do alto escalão, posando de senhores da razão e da democracia, vão assumir que aplicaram um golpe em Collor? 

Eu concordo que o impeachment é pior para o país. Por mais que eu leve algumas pedradas por aqui, por diversas razões eu até gostaria que não acontecesse. 

No entanto, o impeachment é o desfecho previsto em nossa constituição para remover um presidente que saiu da linha.  E, ao que tudo indica, a nossa presidente fez o suficiente para, no mínimo, sofrer o processo.  Não há mais como negar a seriedade das acusações e os indícios para que se faça cumprir o que está previsto na constituição. 

Questionar a conveniência de se iniciar o processo nos leva a um dilema filosófico. Falando grosseiramente como leigo, imagino que exista uma constituição, assim como existem as leis, para que as decisões sejam orientadas com base em regras preestabelecidas, que foram acordadas pela sociedade. 

Diante de um evento cujo desfecho esteja previsto em lei, eu não consigo aceitar que seja plausível a sociedade decidir se aplica ou não a lei, de acordo com a conveniência do momento. 

Portanto é totalmente refutável o argumento de que seria pior, com o vice presidente Michel Temer do que com a Dilma, para contestar a abertura de um processo de impeachment.

É também inaceitável a tese de que seja melhor deixá-la enfraquecer no poder do que aplicar a lei. A quem interessa essa situação, senão ao partido de oposição mais forte para chegar à presidência em 2018? Qual a razão para tanto receio em falar sobre o impeachment, como se fosse uma palavra proibida? O PSDB erra em julgar que os quase 50% de votos válidos da última eleição representam um patrimônio imobilizado. Se não atenderem às perspectivas dos eleitores que se opuseram à reeleição do PT, enfraquecerão como partido. É uma questão de tempo. 

Na minha ignorância jurídica, só o estelionato eleitoral já deveria ser motivo para abertura do processo. As provas seriam simplesmente o que foi dito, antes das eleições, comparado às ações e aos acontecimentos logo depois. Sorte para os indignos que não são pessoas como eu que definem as regras. 

Mas, voltando às leis, diante de todas as circunstâncias, e considerando a enorme probabilidade de culpa da presidente, iremos alterar as regras previstas na constituição simplesmente por conveniência? De que vale todo o esforço pela democracia, pela constituição e pelas instituições se engavetaremos as leis quando nos for conveniente?  Alguém se lembra de um general presidente dizendo que, em determinados momentos, ele decidia guardar a constituição na gaveta? Que recado daremos aos políticos e às futuras gerações se nos omitirmos de pressionar pelo cumprimento da lei por temermos o pior? Não seria covardia?

Nos momentos em que decisões duras se fazem necessárias, é fundamental mantermos a capacidade de seguir as nossas convicções com firmeza. Em outras palavras, é melhor não amarelar. 
 
Maurício Palma Nogueira, (Big-Ben)
Engenheiro agrônomo, formado na turma de 1997 da Escola Superior "Luiz de Queiroz", Sócio e Coordenador da Divisão Pecuária da Agroconsult.   

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