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A era dos Drones (Hulq, F99)

15/10/2018 - Por marco lorenzzo cunali ripoli
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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(Artigo publicado na Revista Plant Project)

Estimulado pelo crescimento populacional de 7 para 9 bilhões de pessoas, a produção agrícola vem aumentando significativamente nos últimos anos e o consumo agregado de produtos oriundos do setor também.  É previsto um incremento de 65% a 70% até 2050 na necessidade de alimentos!

Cada vez mais a Agricultura precisa se revolucionar em relação a forma como produz alimentos, mais competitiva, produtiva e sustentável.  As alterações climáticas do planeta, entre outros fatores, têm dificultado o cultivo de culturas devido a eventos inesperado gerando a constante necessidade de colaboração entre governos, compartilhamento de tecnologias e da indústria.  

O maior obstáculo é as grandes extensões de terras cultivadas e a baixa eficiência em seu monitoramento, agravado por condições meteorológicas cada vez mais imprevisíveis, que aumentam os custos de produção.  Até pouco tempo, as imagens via satélite eram a forma mais avançada de se obter imagens, porém tinham que ser adquiridas de forma antecipada, tinham hora certa para serem tomadas, faltava qualidade, eram muito caras e muitas vezes o dia poderia estar nublado, prejudicando a qualidade da foto.

Graças ao drones, o mercado dispõe de uma grande variedade opções a um custo muito mais acessível, podendo ser utilizados em todas as etapas do sistema produtivo, desde a análise e preparo do solo, plantio, pulverização e colheita, qualquer hora do dia.

Como o início de toda atividade agrícola se dá com a análise do solo, os drones facilmente nos auxiliam a gerar mapas em 3D de forma precisa para o planejamento adequado dos locais de coleta de amostras.  A gestão da irrigação e níveis de nitrogênio, por exemplo, podem ser realizadas com o uso de sensores espectrais (hiper / multi) ou térmicos que pontuam quais locais do campo estão com déficit de água ou que necessitam de intervenção, visando maximizar a produtividade, reduzir custos de produção.  O índice de vegetação é outro fator que pode ser manejado com esta tecnologia.

Depois do plantio, o principal objetivo do agricultor é garantir a “saúde” da plantação e pata isso o monitoramento é imprescindível.  Um dos desenvolvimentos mais recentes ajuda a avaliar a “saúde” da planta, pois é capaz de localizar focos de pragas e doenças na plantação por meio do uso sensores de “luz visível” (Visible Light - VIS) e infravermelho (Near Infra-Red - NIR) que possibilitam identificar a diferente refletância das plantas com relação a “luz verde” e NIR de forma comparada com as demais.  Estas informações geram imagens multiespectrais que indicam mudanças nas plantas.  Á partir disso, permite uma rápida reação para poder contornar, em tempo, o problema.  Nesta mesma atividade, produtos são aplicados de forma localizada e, ainda, em caso de perda generalizada da produção, o agricultor tem a opção de documentar suas perdas para sua seguradora.

A pulverização é outra importante área de uso dos drones, pois “escaneam” o solo, voando a uma altura adequada das plantas e pulverizando a quantidade de produto correta, aumentando assim a eficiência da operação, reduzindo o volume de produtos aplicados.  Alguns especialistas comentam que a pulverização via drones pode ser quatro a cinco vezes mais rápida do que com as máquinas tradicionais (pulverizadores auto propelidos).

Os drones estão tornando a Agricultura um setor altamente orientado por dados levando o setor a um novo patamar de produtividade agrícola.  São equipamento de custos variados, porém de fácil aceso e uso que permitem o acompanhamento da cultura ao longo de todo o processo produtivo.  

Com todas estas aplicações (e muitas outras) é possível afirmar que esta tecnologia já está levando a Agricultura para um novo patamar de alta tecnologia, permitindo que decisões sejam tomadas em tempo real.  Isto posto, uma das principais preocupações não é a velocidade de voo do drone ou sua ?exibilidade, mas o tipo e a qualidade dos dados que pode fornecer.

Como um todo, o setor irá demandar novos sensores, câmeras mais sofisticadas e um nível de treinamento do operador para que realize o serviço adequadamente.  Capacitação adequada é indispensável!

Por fim, segundo o último estudo realizado pela PwC, sobre as aplicações comerciais desta tecnologia, o mercado global de serviços e negócios usando drones é avaliado em mais de US$127 bilhões (inclui negócios atuais e as atividades que podem ser substituídas em um futuro muito próximo), sendo eles:

·       US$ 45.2 bi em Infraestrutura – investimento em monitoramento, manutenção e gerenciamento de ativos

·       US$ 32.4 bi em Agricultura - análise de solo e drenagem, monitoramento das culturas

·       US$ 13.0 bi em Transportes – entrega de mercadorias e logística médica

·       US$ 10.5 em Segurança – monitoramento de linhas e locais, reação proativa

·       US$ 8.8 bi em Entretenimento – propaganda, entretenimento, fotografias aéreas, shows e efeitos especiais

·       US$ 6.8 bi em Seguros – apoio em processos de seguro e detecção de fraudes

·       US$ 6.3 bi em Telecomunicações – manutenção de torres e emissão de sinais

·       US$ 4.3 bi em Mineração – planejamento, exploração e avaliação de impacto ambiental

O Agro não para!

 

* Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, Ph.D. é Engenheiro Agrônomo e Mestre em Máquinas Agrícolas pela ESALQ-USP e Doutor em Energia na Agricultura pela UNESP, executivo, disruptor, empreendedor, inovador e mentor. Proprietário da BIOENERGY Consultoria, da ENERGIA DA TERRA empresa de alimentos saudáveis e investidor em empresas.

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