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Primeiro Emprego (1) (Pinduca; F68)

30/11/2015 - Por marcio joão scaléa
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PRIMEIRO EMPRÊGO - I

 

 

Janeiro de 1969, formatura, colação de grau, baile, tudo nos conformes. Agora era a vida, agora era o mundo.

 

Muitos, como o Amigo 1, já estavam empregados : multinacionais de adubos, de inseticidas, a própria Escola Luiz de Queiroz, a Secretaria da Agricultura de São Paulo, o BANESPA (que naquele ano contratou mais de cem formandos). Podia se dizer que emprego não faltava. Mas para o Agrônomo, que optara pela especialização em florestas, nada apareceu. Dos oito que formavam o seu grupo de Silvicultura, um foi para a Champion Celulose; outro, o Amigo 2, ficou na ESALQ; uma foi para a Prefeitura de São Paulo, setor de Parques e Jardins; outro, já dono do Cursinho preparatório para o vestibular, nele ficou; um outro encaixou-se numa prestadora de serviços para reflorestadoras, preparo de solo e plantio de mudas; o sexto, foi para o IAC, secção de Fibras; o sétimo já trabalhava com seu pai, em industria de celulose, desde muito tempo; para o oitavo, que era o Agrônomo, sobraram as reflorestadoras "virtuais", que captavam recursos de incentivos fiscais do imposto de renda e consumiam o dinheiro, fingindo plantar florestas. Ele não quis participar daquilo.

 

Depois do baile de formatura foram quatro ou cinco dias de tensão : visitas aos possíveis empregadores de manhã até de tarde, preenchimento de fichas, entrega de curriculum. De noite, deitado em sua cama no porão da casa de sua mãe, o Agrônomo custava a dormir. Sintomaticamente, a música que não lhe saia da cabeça era um dos sucessos da época :

            Those were the days, my friend

            We thought would never end...

 

But they ended!

 

Na sexta feira ligou um colega dizendo :

 

- Pinduca, tem um pessoal aqui no meu prédio, que precisa de um agrônomo para uma empresa de aviação agrícola. Eu não sei nada disso, não é o que eu quero, mas acho que para você é perfeito. Marquei uma conversa com eles amanhã, aqui em casa.

 

Aviação agrícola, pensou o Agrônomo. É coisa de futuro, havia assistido a uma demonstração ainda na escola, pelo Dr.Marcos Vilella, ex-professor.

 

No sábado, ansiedade. D.Anita (mãe do colega) lhe dava uma atenção toda especial, e dizia junto com seu marido Dr.Raul :

 

- Não fique nervoso, Dr.Pinduca, tudo vai dar certo.

 

E deu. O Agrônomo saiu da reunião empregado. Foi-lhe perguntado :

 

- Você tem CREA ? (tem registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia).

 

- Tenho o provisório. Depois vem o definitivo.

- Você tem carteira de motorista?

- Tenho. E era verdade, mas ele não sabia dirigir, sua carteira havia sido presente de seu cunhado Ivo, havia alguns anos, graças à amizade com certos policiais de Maringá.

 

- Você quer trabalhar com a gente? A empresa Aviação Industrial e Agrícola AIA é pequena, o ganho no começo vai ser pouco, mas a expectativa é crescer depressa, e você cresce junto.

- Sim, quero trabalhar. Só preciso de uns dias para acertar os documentos e me inteirar dos aspectos técnicos do trabalho.

- Então você está contratado. Começa como estagiário por três meses, salário de Cr$500,00 por mês num contrato de experiência. Depois disso pagamos Cr$1.500,00. Quando vai estar disponível?

- Quinta feira. Até lá me atualizo sobre inseticidas, aviões, algodão, etc.

 

Na saída, o colega pressionou :

 

- Mas Pinduca, eles estão pagando muito pouco, pede mais, eles dão, com certeza.

- Deixa, Carcaça, deixa eu mostrar meu trabalho, aí a gente conversa melhor...

 

Doce ilusão.

Marcio Joao Scaléa (Pinduca F68) é Engenheiro Agrônomo ex morador da Republica Mosteiro

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