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P.C.do B. (Pinduca F68)

02/06/2016 - Por marcio joão scaléa
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Meados de 1986, o Pesquisador havia sido transferido de Dourados, onde vivia há quase seis anos, para Cuiabá. A mudança, como toda mudança, foi traumatizante, principalmente para sua família. Acostumados a um razoável padrão de vida, cidade pequena, tudo perto, vasto quintal com piscina, viram-se de repente voltando a morar num conjunto de BNH, único padrão ao alcance da renda familiar, graças à loucura provocada pelo Plano Cruzado. Mas também como toda mudança, tinha seu lado positivo : novos horizontes profissionais, mas era só.

 

Por obra do destino foram morar próximo à Universidade Federal de MT, onde logo um outdoor chamou a atenção do Pesquisador :


"ENCONTRO BRASILEIRO DE AGRICULTURA ALTERNATIVA"

 

O problema ambiental começava a tomar corpo naqueles dias e muitas eram as discussões sobre processos alternativos de praticar a agricultura. Havia os que defendiam a agricultura orgânica, havia a biodinâmica, havia a natural, eram várias correntes. Analisando o programa do Encontro, o Pesquisador viu que um dos cursos oferecidos seria ministrado pela Dra. Ana Primavesi, com quem ele tivera a felicidade de viajar por uns dias ainda no Mato Grosso do Sul, e a quem ele considerava um grande expoente no panorama da agricultura brasileira. Ela reunia forte formação científica com grande prática de campo, tudo coroado por uma capacidade de observação única, ao interpretar o que a natureza queria mostrar através dos sintomas do solo, das plantas e dos animais. A leitura do clássico "Manejo Ecológico do Solo" da Dra. Primavesi, alguns anos antes, havia sido responsável por dar ao Pesquisador uma larga base de conhecimentos que fundamentaram a principal vertente de seu trabalho naqueles dias, o desenvolvimento e a adaptação do sistema de Plantio Direto na Palha para os Cerrados.

 

Na véspera do Encontro, lá foi o Pesquisador fazer sua inscrição, com a opção pelo curso da Primavesi. Taxas pagas, formulários preenchidos, intenso movimento, as delegações de outras localidades e mesmo do estrangeiro não paravam de chegar. Naquele burburinho, algo lhe pareceu familiar, era a semelhança com o último Congresso da UNE, do qual ele participara, no Grêmio Politécnico em São Paulo, ainda no início da ditadura militar.

 

No meio da tarde, o fato de sua inscrição ainda não estar liberada causou-lhe estranheza. Tardezinha, o Pesquisador voltou a procurar suas credenciais que tardavam e ainda não estavam disponíveis, quando deu de cara com um colega de turma da ESALQ, agora dedicado ativista político e ambiental, que trabalhava na organização do evento. Efusivos cumprimentos, perguntas de parte a parte, família, trabalho, carreira, o Pesquisador aproveitou para pedir ao colega uma ajuda na liberação da sua inscrição, o que ele se prontificou a fazer na hora. Passados uns quinze minutos o colega voltou sem graça, dizendo :

- Companheiro, tá complicado. Não posso fazer nada. O curso da Dra. Primavesi é fechado para o membros do PCdoB, só liberam a inscrição se você assinar uma ficha de afiliação ao partido.

 

Pode??


Marcio João Scaléa (Pinduca F68) é Engenheiro Agrônomo ex morador da Republica Mosteiro

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