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Do Mito da Caverna - Uma provocação à reflexão (Reistarte F12)

01/04/2016 - Por raphael lovadine tristão
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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"Imagine homens em uma morada subterrânea em forma de caverna, provida de uma única entrada com vista para a luz em toda sua largura. Encontram-se nesse lugar, desde pequenos, pernas e pescoço amarrados com cadeias, de forma que são forçados a ali permanecer e a olhar apenas para a frente, impossibilitados, como se acham, pelas cadeias de virar a cabeça. A luz lhes vem de um fogo que queima por trás deles, ao longe, no alto. Entre os prisioneiros e o fogo, há um caminho que sobe. Imagine que esse caminho é cortado por um pequeno muro, semelhante ao tapume que os exibidores de marionetes dispõem entre eles e o público, acima do qual manobram as marionetes e apresentam o espetáculo. Então, ao longo desse pequeno muro, imagine homens que carregam todo o tipo de objetos fabricados, ultrapassando a altura do muro; estátuas de homens, figuras de animais, de pedra, madeira ou qualquer outro material. Provavelmente, entre os carregadores que desfilam ao longo do muro, alguns falam, outros se calam. Então, se eles (os prisioneiros) pudessem conversar, não acha que, nomeando as sombras que vêem, pensariam nomear seres reais? E se, além disso, houvesse um eco vindo da parede diante deles, quando um dos que passam ao longo do pequeno muro falasse, não acha que eles tomariam essa voz pela da sombra que desfila à sua frente? Assim sendo, os homens que estão nessas condições não poderiam considerar nada como verdadeiro, a não ser as sombras dos objetos fabricados. " (Platão. A República. Livro VII)

O mito ou a alegoria da caverna tem sido utilizada há séculos como metáfora para a condição humana de se hesitar em observar e explorar além do que lhe é transmitido, da dificuldade de superação de dogmas, crenças e tradições através do conhecimento e o abraçamento do novo.

Desde que nascemos, desde pequenos estamos automaticamente inseridos, sem escolhas ou opções, em uma estrutura societária com conceitos estabelecidos que nada mais são do que sombras e ecos refletidos nas paredes da caverna. Desde pequenos somos obrigados a aceitar um estado, e suas fronteiras e democracia (com sorte, ainda assim não desejável), nos acorrentando no fundo de uma caverna e impedindo-nos de olhar em outra direção. Nascemos inseridos e obrigados a trabalhar para financiar estruturas corruptas e ineficientes, fonte de todas as opressões e distorções econômicas e sociais, cerceados de inúmeras liberdades. O estado está lá, em suas diversas formas, restringindo a plenitude de sua liberdade individual quando você vai vender um espetinho na saída de um grande evento ou quando decide abrir uma pequena empresa, quando você decide consumir uma coca-cola ou alguma substância ilícita, quando você decide vender algum produto numa banquinha na 25 de março ou em alguma loja na Oscar Freire, quando você decide se casar com uma mulher ou com um homem, ou com duas ou dois ou vários e várias, afinal de contas um grupo de pessoas sabe o que é melhor para você muito melhor do que você próprio. Meu corpo, regras do estado.

O estado e seus conceitos derivados estão lá, fontes de racismos e discriminações através de sua natureza coletivista; impedindo o livre ir e vir, segregando e rotulando aqueles que nascem em fronteiras diferentes, afinal de contas não estamos todos vivendo na mesma rocha flutuante pelo espaço sideral. O estado está lá, excludente, seja em ditaduras ou em democracias, não se engane, vivemos sob um regime criado a mais de 3 mil anos, a sociedade quase não mudou nesse tempinho não é?! Democracia tão festejada, esta que exclui 49% da população, irmã mais nova da tirania e ditaduras, nada mais do que é uma ditadura da maioria. E em se falando de minorias, também não se engane pelos "coletivos", a menor minoria que existe é o próprio individuo, este é único e completamente diferente mutuamente de todos os outros.

É preciso conhecimento, um novo mergulho na ética da liberdade e romper os grilhões do estado. Mas também é preciso vontade, coragem e perseverança. Nascemos embutidos neste sistema, nos libertamos dele não é um processo fácil. Existem o medo e a insegurança. Sem o estado como ficam a educação, a saúde, a segurança, a justiça? Existem fortes instrumentos de controle social e cultural, bolsas, cotas, o conluio entre estado e empresas privadas (não isso o que vivemos não é um sistema capitalista, que seria o ideal livre, vivemos em um corporativismo covarde). Entretanto, esses medos e inseguranças são os mesmos daquele prisioneiro liberto da caverna. A luz da liberdade ofuscava seus olhos, desejava voltar para a suposta segurança da caverna, a qual ele acreditava serem reais apenas as sombras que enxergava. Mas depois que se habituou às luzes, ele pode contemplar o sol e lembrar de seus companheiros ainda presos ao suposto mundo real das sombras da parede.

Precisamos nos habituar às luzes da liberdade, mergulharmos na ética e romper com o estado ceifador e opressor. Dentro da ética da liberdade, não há o caos sem o estado, a forma pejorativa dada ao anarquismo. As pessoas sempre serão mais eficientes do que o estado!!!

Raphael Lovadine Tristão (Reistarte F12) é graduado em Ciências Econômicas, Nativo e pesquisador do Agroicone.


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